sábado, 5 de novembro de 2011

Presidente do Bloco Democrático assume "determinação em ir até ao fim" do "jogo" político



RTP

O presidente do Bloco Democrático, partido na oposição em Angola, assumiu a sua "determinação em ir até ao fim" do "jogo" político, referindo-se à eventual realização de eleições gerais no país em 2012.

Em declarações à agência Lusa, à margem da apresentação de um livro em Lisboa, na sexta-feira, Justino Pinto de Andrade afirmou que "possivelmente" será candidato às eleições gerais angolanas.

Sobre a expectativa de que esse ato eleitoral se realize no próximo ano, como prometido pelo governo de José Eduardo dos Santos, o político e professor universitário afirmou: "Não sei o que vai acontecer. Em relação ao país, não posso falar, porque o país é mais vasto do que eu. Mas em relação à minha determinação em ir até ao fim com este jogo, não tenho dúvidas nenhumas."

Prometendo que o Bloco Democrático -- que está "a crescer e a organizar-se" -- vai "tentar ajudar a que as condições [para a realização das eleições] se criem", o também diretor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica de Angola vincou: "Não vamos ficar à espera apenas do Governo. Pela vontade do Governo e do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no governo] seguramente que nunca haveria condições, porque eles dizem sempre que têm mais alguma coisa a fazer ainda, nem que façam atabalhoadamente."

O registo eleitoral tem revelado "alguma dificuldade", provocando "um certo desencanto em alguns segmentos da população pela forma como o MPLA resolveu esconder o seu presidente numa lista", acrescentou.

Sobre a decisão da UNITA (maior partido da oposição angolana), anunciada na sexta-feira, de arquivar o processo disciplinar contra 12 membros da sua direção, Justino Pinto de Andrade considerou que "foi inteligente, embora tardia".

"Não compreendo como é que se pune alguém por ter ideias contrárias", sublinhou, defendendo que "a UNITA devia estar preparada para resolver os seus problemas internamente através do diálogo e não através de sanções".

Sobre o livro "Economia Política e Desenvolvimento em Angola", que veio apresentar a Lisboa, no Centro de Estudos Sociais, numa iniciativa da associação Chá de Caxinde, o professor angolano -- um dos autores e que coordenou e editou a obra, juntamente com Nuno Vidal -- disse que a obra aborda "o crescimento quantitativo" de Angola, já que "a expressão desenvolvimento talvez não seja a mais correta".

Rejeitando a ideia de "uma felicidade total" em Angola, Pinto de Andrade lembrou a existência de "vastos segmentos" da população que "praticamente não têm tirado qualquer benefício deste crescimento económico".

É "um crescimento desequilibrado, porque é feito muito à custa do setor mineral", que "não cria emprego e permite uma grande concentração da riqueza em determinadas mãos", analisa o professor, acrescentando ainda que, do ponto de vista geográfico, o crescimento económico assente no petróleo "não permite a distribuição correta da riqueza por todo o país".

O petróleo representa "50 por cento" do Produto Interno Bruto de Angola, "o que é bastante perigoso para um país que tem muitas assimetrias", realçou.

O livro "Economia Política e Desenvolvimento em Angola" -- que foi lançado em Luanda, capital angolana, em julho, e que faz parte de um projeto mais alargado de pesquisa, em curso desde 2004 -- inclui seis textos, de seis "respeitados autores" que "não pretenderam ser eticamente neutros na análise que fizeram", resumiu o economista António Luz, na sessão de apresentação.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só faltava esta : levar com um bloco destes na cabeça !

Mais lidas da semana