quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Dia do Médico: Bastonário fala dos ganhos e constrangimentos de ser médico em Cabo Verde



PC - Inforpress

Cidade da Praia, 17 Jan (Inforpress) – A Ordem dos Médicos de Cabo Verde (OMC), que integra 330 membros, perdeu, nos últimos dois anos, cerca de 50 médicos que abandonaram o sistema para exercer no privado ou fora do país.

A revelação foi feita à Inforpress pelo Bastonário da Ordem, o especialista em oftalmologia, Júlio Andrade, no âmbito da comemoração do Dia Nacional do Médico, assinalado , hoje, numa perspectiva de fazer o balanço sobre as conquistas e insatisfações da classe no arquipélago, nos últimos anos.

Conforme Júlio Andrade, uma das grandes conquistas dos médicos foi a iniciativa privada que, “infelizmente, existem vozes, actualmente, que a queiram derrubar”.

“É graças à iniciativa privada que muitos médicos acabaram por ficar no país e não emigraram para outros ponto do mundo, onde as condições de trabalho e financeiro são de longe superior”, referiu.

Por isso, sublinha o bastonário da OMC, qualquer medida no sentido de bloquear o privado, no sector de saúde, é um “erro grave” a nível estratégico e político.

Por isso diz-se a favor do diálogo com a classe ou quem a representa, quanto se elabora determinada legislação no sector.

“Se esta legislação passar limita o direito do doente a escolha de onde e quem deve tratá-lo. Depois, é basta veremos como o país, teve conquistas grandiosas, no sector da saúde, quanto ao cumprimento dos objectivos de milénio. Se vamos impor leis é preciso que se saiba que a atribuição de incapacidade é um acto médico, que só ele o deve fazer”, afiança.

Ainda segundo Júlio Andrade, neste caso particular de legislação, existe uma lei no que proíbe que ao doente observado no sector privado seja passado um certificado pelo sector público.

Logo, questiona, como é possível que se caía em contradições com a lei que existe neste país, questionou.

No entanto, é o mesmo bastonário que responde, pois diz acreditar que o problema irá ser resolvido com o Instituto Nacional da Providência Social para o bem do sistema de saúde no arquipélago.

Relativamenta aos constrangimentos, aquele médico apontou o problema de carreira e de especialidade, como duas reivindicações que precisam ser resolvidas pelo ministério, se este não quer perder a qualidade e os médicos especializado que laboram no país.

Já no fim do seu mandato na OMC, Júlio Andrade é de opinião que para haver maior interligação entre a classe e o ministério, e necessário mais médicos nos órgão de poder de decisão.

“Neste momento temos um ministério onde não existe nenhum médico em órgãos de chefia, a não ser na Direcção Geral de Saúde. Aliás, os ataques a que estamos sujeitos, nos últimos tempos, leva-nos a pensar se a classe não deveria ter uma intervenção política mais firme”, assegurou.

O Dia Nacional do Médico foi instituído há nove anos, através do DL nº 12/VI/2002, tem como objectivo o reconhecimento social da profissão médica, a criação de incentivos para motivação e melhoria do desempenho da classe médica.

Neste âmbito, está prevista para hoje, 17, na Sala de Banquetes da Assembleia Nacional, uma palestra a ser proferida pelo reitor da Universidade Jean Piaget, Jorge Brito, sobre o tema “Formação em Saúde e Perspectivas de Graduação Médica em Cabo Verde”.

Faz parte, ainda, do programa da comemoração do Dia Nacional do Médico, o lançamento do livro “Psicopatologia da Miséria” da autoria do Dr. Ireneu Gomes, Doutorado em Saúde Pública e presidente da mesa da assembleia-geral da OMC.

Este ano, celebra-se o XIVº Aniversário da Criação da Ordem dos Médicos, e do Xº Aniversário do Dia Nacional do Médico.

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