segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

EMPREGO, CAPITALISMO E LUTA NECESSÁRIA



Fred Goldstein*

Nos EUA, quatro anos depois do início oficial da actual crise em Dezembro de 2007, os dados do desemprego são uma amarga recordação de que o capitalismo se encontra num beco sem saída.

Até agora tivemos quatro anos de desemprego massivo; os despejos por execução hipotecária de milhões de atingidos, a pobreza e a fome estão a aumentar para níveis até agora desconhecidos. Para os que têm emprego os baixos salários propagam-se como uma praga. É toda uma geração de jovens que está excluída do mercado laboral ou obrigada a aceitar empregos de miséria. Estudos recentes mostram que os EUA, em vez da «terra das oportunidades» são para a maioria a terra da pobreza.

É por isso que causa tanta indignação que os media ao serviço do grande capital tenha convertido um grão de areia numa montanha, com o seu entusiasmo, os dados do emprego de Dezembro passado. Se é um dos 25 a 30 milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados, os 200.000 empregos que supostamente foram criados em Dezembro e a queda da taxa oficial de desemprego de 8,6% para 8,5%, equivale a um minúsculo grão de areia.

Estes dados referem que, segundo os próprios dados do governo, há 13,1 milhões de desempregados, 8,1 milhões com empregos a tempo parcial que precisavam de trabalhar a tempo completo e outros 2,3 milhões que «perderam» já toda a esperança. Este último número está dramaticamente subestimado no relatório, já que exclui milhões de cidadãos que não procuraram emprego no último ano ou que não fizeram parte da força laboral porque não há trabalho.

Os porta-vozes do capitalismo nos EUA estão atolados no exercício cínico de «dizer bem da economia». No entanto, todos eles sabem que este pequeno incremento dos números do emprego está inflacionado em pelo menos 42.000, que corresponde aos efémeros postos de trabalho de entregas durante as férias de Natal, o que deixa o número líquido de postos de trabalho criados em 160.000.

Se se considerar que durante o mês de Dezembro eram precisos entre 125.000 e 150.000 postos de trabalho adicionais, só para absorver os jovens que chegaram ao mercado de trabalho, o resultado líquido dos dados oficiais de emprego diminui entre 10.000 e 35.000 postos de trabalho. Se a economia capitalista continuasse a criar empregos a este ritmo seriam necessárias muitas décadas para dar trabalho a tempo completo aos 25 a 30 milhões de desempregados.

O grão de areia, se existe, é ainda mais pequeno.

Ocupar Wall Street: «Já, basta!»

Mês após mês, ano após ano, os trabalhadores esperaram uma retoma no emprego que ponha de novo milhões a trabalhar com salários dignos, lucros e segurança social. Mas isso não acontece. A verdade é que no entretanto as coisas pioraram.

O mérito de se ter decidido não esperar mais deve-se ao movimento Ocupar Wall Street que, desde 17 de Setembro, desmascarou os ricos e os poderosos de todo o país.

Face à repressão policial, o movimento encontrou formas de continuar. A sua mensagem de luta está a chegar a amplas camadas da população, incluindo o movimento laboral, as comunidades, os estudantes e os trabalhadores em geral.

Os meios de comunicação capitalistas, depois da cobertura inicial do movimento, trataram de evitar que a mensagem de resistência se estendesse, exercendo uma censura quase total sobre as centenas de actividades que se realizam por todo o país. Ocupar Wall Street conta com o apoio passivo e a simpatia de milhões de pessoas. A classe dominante quer reduzir esse apoio e evitar e sua propagação.

A classe dominante teme a propagação do marxismo revolucionário

A classe dominante também teme que parte do movimento Ocupar Wall Street se decante para a ideologia marxista revolucionária.

Actualmente, Ocupar Wall Street dirige as suas acções contra as instituições capitalistas mais poderosas: os bancos e os políticos que os resgatam.

Também dirigiu as suas acções contra as companhias hipotecárias realojando muitas pessoas nas suas casas, depois de terem sido desalojadas. Manifestou-se contra as grandes corporações industriais, tratando-as como exploradoras, contaminadoras e mercadoras da morte, já que fazem parte do complexo militar-industrial. Acusou o complexo prisional-industrial e a polícia de utilizarem políticas de detenção e rusga racistas. Expressou a sua solidariedade com os trabalhadores imigrantes. Parte deste movimento recusou os dois partidos capitalistas, o Democrata e o Republicano.

O marxismo tem uma visão conjunta de todas as instituições e os males contra que luta Ocupar Wall Street. O seu ponto de vista científico vincula todas estas instituições ao sistema da propriedade privada. O marxismo demonstrou que a classe capitalista criou um sistema global de produção e distribuição baseado num complexo processo de trabalho socializado que implica centenas de milhões de trabalhadores em cada continente.

O marxismo mostra como um pequeno grupo de multimilionários tratam as imensas forças produtivas globais como um seu couto privado. A obscena desigualdade, a extraordinária riqueza desse 1% (note-se que «o 1%» é uma outra forma de descrever a classe dominante) reproduz-se uma e outra vez, através do processo de exploração capitalista.

* Membro do Secretariado do CC do Partido Worker’s World

Este texto foi publicado no jornal norte-americano Workers World (www.workers.org) - Tradução de José Paulo Gascão


1 comentário:

Anónimo disse...

"A classe dominante teme a propagação do marxismo revolucionário"

O comunista estadunidense se esqueceu que muita água já passou por baixo da ponte, DESDE 1917.

A burguesia de NOVA IORQUE ESTÁ TREMENDO!!! Acredite quem quizer.

Mais lidas da semana