segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Moçambique: Recém-nascida vive com os pais sem-tecto numa ruína, na capital do país



TIM, com foto

Mesmo sem noção de que a vida não lhe é fácil, ela chora a menina Celina. Um bebé, de apenas cerca de uma semana de idade, nasceu de pais sem tecto e que desesperadamente se abrigam numa ruína na baixa da cidade de Maputo, numa das esquinas entre as avenidas 25 de Setembro e Samora Machel.

Quis o destino que dois jovens com o azar de serem pobres, mas com a sorte de terem filhos se conhecessem e decidissem criar uma família, mesmo sem habitação. Desde 1994 nasceram no total seis filhos, três dos quais morreram.

Elina, a mãe da pequena Celina, é natural do Posto Administrativo das Palmeiras na Província de Maputo.

Já não se lembra exactamente em que ano, mas sabe que veio a Maputo com a família a quem acusa de a ter abandonado e de usar da sua pessoa para fins de obscurantismo.

Ela diz que briga constantemente com o marido porque mandaram-lhe maus espíritos para que ela não tenha paz. Eles a usam para enriquecer e ficam felizes com a sua situação.

Eles querem que ela fique na estrada com as crianças. Tudo isto parte dos pais. Suas irmãs estão todas bem nos seus lares. Ela é a única que sofre. A mãe faleceu há muito tempo.

Entretanto, Elina sorri ao revelar que é filha de um músico notável.

E diz que seu pai é o músico Mário Timana. Ela diz ainda que o pai até quer lhe ajudar, mas os familiares dificultam. Lembra-se de um dia que foi para as Palmeiras com o intuito de fazer tratamento. Mas quando lá chegou, começaram a perseguir-lhe dizendo que ela tinha que ficar a sofrer.

Nossa reportagem conversou com Mário Timana que confirma a paternidade. Mas diz que cada um faz a sua escolha.

O músico faz notar que vive num lugar bonito, mas ela preferiu sair para um lugar em que se sentia melhor. Não se trata de a família não poder ajudá-la. Ela gostou de um homem naquelas condições e não há nada que se possa fazer a não ser dividir o pouco que se consegue. Mas se o marido resiste, não há nada que se possa fazer.

O marido da Elina, Nito Ernesto, tem 28 anos de idade e é natural da cidade da Beira. Chegou a Maputo em 1992 como ajudante de um camionista. Mas seu patrão morreu e ele ficou sem emprego. Durante alguns meses trabalhou nos bananais de Boane. Na cidade de Maputo sempre viveu fazendo biscates. E foi no mercado central onde conheceu a sua esposa.

Na ruína em que vivem, tudo é improvisado: a cama, o fogão, o lavatório de loiça. Aliás, na casa, os dias de chuva não são bem-vindos.

Neste momento Nito faz biscates no mercado central onde faz o trabalho de carregamento de cestos das senhoras que ali vendem. Mas gostaria de ter um trabalho razoável para melhor sustentar a sua família.

O menino Costa é outro filho do casal Elina e Nito e que por bem ou por mal ainda consegue sobreviver. Porém, nestas condições, o menino e a sua irmãzinha, Celina, à semelhança dos seus três irmãos que faleceram, também podem ter uma vida curta. Se nada for feito por eles.

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