sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Modelo para o nazismo: EUA ADMITEM MILHARES DE ESTERILIZAÇÕES FORÇADAS



RTP, com foto

O Estado da Carolina do Norte dá o exemplo e admite culpas na esterilização forçada de mais de 60.000 cidadãs e cidadãos norte-americanos ao longo do século passado. Quase todos foram pressionados a submeter-se a uma operação, e quase todos faziam parte de minorias étnicas, de camadas mais pobres da sociedade ou de grupos portadores de deficiências. A esterilização foi prevista na lei norte-americana desde 1907 - e serviu de modelo à Alemanha nazi.

O Estado da Carolina do Norte está a ser pioneiro na assunção de culpas de um passado muito recente: a última esterilização forçada de que há notícia data de 1981. A cobertura legal para este procedimento começou a existir nos Estados Unidos em 1907, no estado do Indiana.

Outros se lhe seguiram, sob a influência de Harry Laughlin: chegou a haver leis para a esterilização forçada em 32 Estados da união. Foi Lauglhin o implacável promotor da esterilização como instrumento para a contenção de imigrantes "moral e intelectualmente inferiores" provenientes da Europa. Ele viria depois a ser admirado na Alemanha nazi, que lhe atribuiu um doutoramento honoris causa na Universidade de Heidelberg.

Mas não só os imigrantes europeus foram vítimas do recurso à esterilização forçada. No Estado da Carolina do Norte, a maioria dos atingidos foram membros de minorias étnicas, principalmente a afro-americana. E 85 por cento eram mulheres ou adolescentes do sexo feminino. A vítima mais jovem de que há registo tinha 14 anos.

"Errado, cruel, monstruoso"

Ao passo que a grande maioria do Estados procura esquecer esta página vergonhosa da sua história, o Estado da Carolina do Norte assumiu já no ano de 2002 as culpas da esterilização de 7.600 pessoas no lapso de tempo entre 1929 e 1974. Agora, avança para a criação de mecanismos para indemnizar as vítimas sobrevivas.

A governadora da Carolina do Norte, Bev perdue, criou para o efeito uma fundação, cuja presidente Charmaine Fuller Cooper, promete procurar "vias para finalmente fazer justiça". E, citada pelo site de Der Spiegel, sublinha que "queremos oferecer mais do que um pedido de desculpas verbal". E acrescenta que "queremos mostrar a outros Estados que isto era errado, cruel, monstruoso".

Calcula-se que actualmente sobrevivam na Carolina do Norte cerca de 3.000 vítimas da esterilização forçada. Como a indemnização-base ponderada anda pelos 20.000 dólares, o deficitário Estado da Carolina do Norte, e a fundação chefiada por Cooper, procuram entretanto soluções para compensar parcialmente as vítimas com prestações sociais e serviços de saúde gratuitos.

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