O anúncio oficial só será feito amanhã, mas a possível recandidatura de José Ramos Horta à presidência de Timor-Leste levantou uma polémica linguística. Isto porque as primeiras informações sobre a recandidatura, algo que seria feito ontem, só estavam disponíveis em inglês e tétum, no novo site oficial da presidência.
Ao Hoje Macau, Ana Benavente, antiga Secretária de Estado da Educação em Portugal, diz ser uma questão “estranha” e que levanta muitas dúvidas. “Quem consulta o site fica perplexo. O presidente fala português e sobre a ausência da língua só ele pode justificar. Pode-se questionar o significado, a ausência só nos deixa uma interrogação.”
Opinião semelhante teve Fernando Gomes, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas. “Só espero que tenha sido um descuido, lapso ou engano. Vamos ver o que ele diz.”
Para Ana Benavente, Timor-Leste necessita de adoptar “o mais rapidamente possível” uma solução sobre as línguas oficiais do território, dado que estão em causa as relações económicas não só com a Austrália, mas com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Timor terá de decidir um dia se a língua oficial é o português. É algo delicado, porque Portugal e o Brasil têm investido na educação do país após a independência.” Fernando Gomes frisou também que “da parte de Portugal não há razão, mesmo com dificuldades económicas nunca deixou de apoiar Timor”.
A antiga Secretária de Estado da Educação referiu ainda as consequências de um possível “abandono” do português. “Não pode sair da vida de Timor sem consequências politicas.”
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