domingo, 12 de fevereiro de 2012

China - Europa: Uma cimeira em tempo de crise e de "crescente interdependência"



AC - Lusa

Pequim, 12 fev (Lusa) - Os líderes da União Europeia e da China vão reunir-se na terça-feira em Pequim para tentar "elevar" a parceria estratégica bilateral e ultrapassar a crise da dívida na zona euro, consagrando a sua "crescente interdependência".

Será a primeira cimeira do género em quase um ano e meio e, também, a primeira realizada em Pequim com a presença dos presidentes da Comissão e do Conselho Europeu, José Manuel Barroso e Herman van Rompuy, respetivamente.

"A China está disposta a elevar a relação, reforçando a compreensão e a confiança mútuas e alargando o diálogo e a cooperação", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China responsável pelas relações com a Europa, Song Tao, sobre a XIV Cimeira China-UE.

Numa entrevista difundida no fim de semana, Song Tao salientou que "a China e a UE partilham vastos interesses comuns e são cada vez mais dependentes uma da outra".

A avaliação coincide com o prognóstico do embaixador da UE em Pequim, Markus Ederer: "Vamos assistir em 2012 a uma crescente interdependência entre a China e a União Europeia", disse o diplomata. "Económica e politicamente, há poucas relações tão interdependentes como esta", acrescentou.

A UE já é o principal cliente das exportações chinesas e este ano a China deverá tornar-se no maior mercado das exportações dos "27".

Apesar da crise na zona euro, em 2011, o comércio bilateral cresceu 18,3 por cento em relação ao ano anterior, para 567,21 mil milhões de dólares (433,34 mil milhões de euros).

A UE é, também, uma crescente atração para as grandes empresas chinesas, nomeadamente nas áreas da energia e infraestruturas.

Segundo estatísticas chinesas, em 2011, o investimento externo chinês na UE aumentou 94,1 por cento, para 3,22 mil milhões de euros.

No âmbito do acordo de parceria estratégica assinado no final da década de 1990, China e UE realizam anualmente uma cimeira: a XIV esteve marcada para outubro, mas foi adiada devido à agenda dos líderes europeus e às frequentes reuniões políticas realizadas então na Europa para enfrentar a crise da dívida soberana.

Além do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, Barroso e van Rompuy vão encontrar-se com o presidente Hu Jintao, que é também secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

O programa inclui ainda uma "Cimeira de Negócios", com centenas de empresários europeus e chineses, e a inauguração de uma exposição sobre o euro numa universidade de Pequim.

Na semana passada, após um encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, Wen Jiabao admitiu reforçar o investimento chinês nos fundos de resgate da zona euro.

"A China está a ponderar envolver-se mais profundamente nos esforços de resolução da questão da dívida" soberana europeia, disse.

Wen Jiabao é pragmático: "Ajudar a estabilizar os mercados europeus significa, de facto, ajudar-nos a nós próprios", afirmou também o primeiro-ministro chinês.

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