quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Opinião: Um marco do desaparecimento do português em Timor-Leste





Quase 60 anos de pesquisa indicam que as crianças aprendem melhor nas suas línguas maternas e que, tendencialmente, aprendem melhor outras línguas, valorizando a sua cultura e perdendo sentimentos de discriminação derivados de uma hierarquização sociolinguística normalmente associada a processos de colonização - mas não só.

CENTENAS DE ANOS de experiência e de produção científica revelam que a diversidade etnolinguística, a par de outros factores tão ou mais importantes, FRACTURAM as sociedades e que a inexistência de línguas nacionais que permitam a criação de laços extra-comunitários à escala nacional, sobretudo através do sistema de educação, é meio caminho andado para A DESGRAÇA. Exemplos pelo mundo inteiro abundam e, depois do projecto-piloto REPETE-13, serão precisas dezenas de anos até se perceber, in loco, que o uso das línguas indígenas em ambiente escolar não é uma panaceia universal para problemas estruturais que continuarão a existir e a resultar em níveis de analfabetismo inaceitáveis - a América Latina está cheia de exemplos disso.

Ao Senhor/Senhora Anónimo/a das 14h16 de 16 de Fevereiro: It's better you give your texts to somebody who speaks portuguese as mother language because like the lousy leaflet on Mother-Tongue Multilingual Education Programme in its Portuguese version, revision is highly recommended when making a copy of UNESCO advocacy toolkit on mother tongue projects.

O projecto que ora (e não hora) se inicia será um marco do desaparecimento do português em Timor, como Vª. Exª. pretende, a coberto dos interesses das crianças timorenses. Admito, é engenhosa a estratégia, está bem construída, a demagogia é fabulosa (a raiz do povo timorense, o orgulho, os direitos, etc...). Mas alguém com dois dedos de testa e que leia as coisas, ao ver os protagonistas desta belíssima campanha de marketing, se apercebe que é neo-colonialismo anglo-saxónico, e bem feito, admito. E acredito que vá dar certo, porque os portugueses estão de calças na mão - não necessariamente os brasileiros. Agora, também acredito que, a médio prazo, será mais um factor a juntar aos demais que farão com que Timor mergulhe ciclicamente em crises. Mesmo que tenhamos mais crianças a escrever e a ler, será que elas poderão ir à escola numa situação de crise? Isso já não interessa?

4 comentários:

Anónimo disse...

Só existe uma forma de incentivar o português em Timor: promover a imigração de timorenses para o Brasil.

É isso aí. Milhares de timorenses, "mergulhados" em metrópoles brasileiras como São Paulo, teriam que aprender a língua para sobrevivência. Teriam que fala-la todo o dia, tal como fazem os Chineses na maior cidade do país. Só duas questões teriam que ser resolvidas:

que ocupações esses timorenses teriam, enquanto estivessem no Brasil;

que incentivos dar a eles para que voltem, já que a constituição brasileira dá prazo de apenas UM ANO para naturalizar uma pessoa que tenha nascido em qualquer ex-colonia portuguesa.

Anónimo disse...

Talvez seja boa ideia, porque não experimentar?? Já muitos Timorenses estão a ir para o Brasil para estudar nas universidades, Brasileiras.

Beijinhos da Querida Lucrécia

Anónimo disse...

As discussões sobre as línguas maternas, aqui estão a sair for a do contexto. Que tal se debatermos o fulcro da questão em cause, em vez de estar a debater um ponto de visto por entre as linhas? Os defensores do português têm, como dizem os anglophonos, sheep on their shoulders. Querem que os timorenses falem o português sem se investir, ou se investir, uma migalha. Os defensores do inglês pensam que eles estão no centro do mundo e que o mundo/país estaria mais desenvolvido se o inglês fosse a língua oficial do país. Ambos os pontos de vistas são erronêas, visto que no centro tde toda esta bagunça, está o futuro das crianças.

Voltamos ao assunto da língua materna. O argumento de que as crianças terá mais interação com os professores se forem ensinadas a sua primeira língua é uma apenas uma iota parte. Uma criança poder conviver com o seu professor, se ela/ele forem bons nas suas profissões. As mesmas crianças tem uma facilidade de aprendizagem. A questão aqui não é a língua MAS sim o método do ensino.

O programa do REPETE 13, vai ter algum sucesso se a UNESCO investir mais dinheiro até ao fim. Mas nós formos ver, a própria UNESCO tem precedência, isto é, não acabar os projecto, ou melhar não ficar por aí até o fim da ‘experiência’. Investe dinheiros para iniciar o projecto, concentrando maiores esforços e avaliando no fim do ano, declarando-se como ‘sucesso’ aos meios de comunicação. Declarando-se ‘sucesso’ e entregue ao governo para continuar. Pelos vistos isto é o que vai acontecer naquele projecto. Logo que a UNESCO deixe de investir isto vai desaparecer.

O programa em si vai ter sucesso se algumas das seguintes questões forem considerados: materiais didáctico em língua materna; professores da língua materna, como por exemplo em Galole, Baikeno e Fataluku. Os treinos que os futuros professores da língua materna tiveram não são minimamente suficiente para ensinar. Como poderia ser um aluno a ensinar outro aluno? Os professores que treinam os futuros professores, sao o pessoal que não falam nenhuma destas três línguas em causa. Utilizam métodos europeus que não são fáceis de adaptar com a situação locais. Estes são algumas das dificuldades que os entusiastas da língua materna devem ter em conta.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 10h33

Os portugueses não têm nada que investir para a implementação da língua portuguesa em Timor PORQUE A DECISÃO FOI UNICA E EXCLUSIVAMENTE TIMORENSE.

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