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Nova Iorque, 22 fev (Lusa) - O presidente timorense, José Ramos-Horta, afirmou hoje no Conselho de Segurança que as Nações Unidas deverão continuar a apoiar a governação, forças de segurança e Justiça em Timor-Leste após a retirada da sua missão (UNMIT), no final de 2012.
"O consenso que está a emergir é que o papel da ONU pode incluir apoio para fortalecer as instituições democráticas, capacitação das instituições do setor de segurança, em particular da Polícia Nacional (PNTL) e apoio contínuo em áreas como a governação, Justiça e Direitos Humanos", afirmou o presidente timorense.
Ramos-Horta fazia um balanço das discussões entre governo e ONU, iniciadas em janeiro deste ano, sobre o potencial papel da organização em Timor-Leste após a retirada da missão (UNMIT).
A decisão final sobre o futuro envolvimento da ONU compete ao próximo governo timorense, mas o executivo de Xanana Gusmão vai prosseguir as discussões com a ONU, tendo em vista uma "opção que seja talhada às prioridades e necessidades específicas de Timor-Leste".
"Deixem-me ser claro: precisamos e queremos uma parceria internacional sustentada por uma missão modesta da ONU em linha com as reais necessidades do país e ajustada à realidade em evolução no terreno", sublinhou.
"Até ao final deste ano, gostaríamos de assistir ao fim da missão de paz e à formação de uma nova parceria com a ONU".
Na quinta-feira, o mandato da UNMIT será estendido de fevereiro até dezembro de 2012, a última renovação da única missão de paz da ONU num país lusófono.
Ramos-Horta veio a Nova Iorque acompanhado pela ministra das Finanças, Emília Pires, pelo ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros, Alberto Carlos, cuja "longa e rica experiência" internacional sublinhou no início da sua intervenção.
Fugindo várias vezes ao discurso escrito para fazer comentários informais, o presidente timorense e prémio Nobel da Paz evocou antigas memórias "nos corredores da ONU", desde 1975, quando Timor-Leste lutava pela independência.
Lembrou a história da luta até à independência e também "experiências traumáticas" como os conflitos de 2006, que "podiam ter sido evitados", assegurando o Conselho de Segurança que hoje o povo "está empenhado em assegurar que paz e estabilidade continua em 2012 e para além".
Ramos-Horta sublinhou a melhoria dos indicadores económicos e sociais do país e a consolidação da democracia nos últimos anos, apontando em particular as "dificuldades na Administração Pública".
Deixou um convite a todos os membros do Conselho para visitarem o país este ano e "verem com os próprios olhos quão longe foi o país" e também conhecer "as montanhas e nadar nas águas límpidas" timorenses.
Novamente fugindo ao discurso, revelou que quase cancelou a vinda a Nova Iorque devido à morte de um familiar, mas que fez questão de "partilhar as boas noticias que acontecem pelo menos num canto do mundo" com os diplomatas envolvidos na tentativa de resolução de conflitos difíceis como os do Médio Oriente.
Ameera Haq, representante do secretário-geral da ONU em Timor-Leste, sublinhou o facto "notável" de ser Ramos- Horta a discutir na ONU o fim de uma missão cujo envio ele próprio pediu.
Quanto às eleições presidenciais e parlamentares deste ano, em que Timor comemora também o 10.º aniversário da independência, há "todas razões para acreditar que terão sucesso", e que a transição pós-UNMIT está a avançar a bom ritmo.
"Depois de 2012 não deve haver pessoal fardado da ONU em Timor-Leste, mas deve haver pessoal", afirmou.
As várias intervenções de membros do Conselho de Segurança foram sobretudo de congratulações pelos progressos no país, e o embaixador de Portugal sublinhou que o país é já um "caso de sucesso" na história das missões de paz da ONU.
O representante português disse ainda haver razões para uma missão dos membros do Conselho a Timor-Leste este ano, que esteve prevista para 2011, mas acabou por não se confirmar.
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