terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Portugal-Angola: PRESIDENTE DO PARLAMENTO EUROPEU PÕE DEDO NA FERIDA




DESVENDANDO OS SEGREDOS DAS RELAÇÕES COM ANGOLA – ou como o tal vídeo chantagista tem grande actualidade

Não admira que com tanto «lastro» lamacento angariado ao longo de anos de ditadura e de gangsterismo, a nomenklatura coloque as suas peças nesta economia depauperada portuguesa, a precisar desses milhões como do «pão para a boca»

Lisboa, 14 de Fevereiro 2012 - O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, pôs o dedo na ferida e suscitou a crispação dos políticos cá do burgo, ao falar do declínio económico de Portugal devido às relações económicas privilegiadas que temos com Angola. Claro que, como Nação soberana – bom, isso agora é um pouco discutível devido à entrada em «cena» da «troika» e da Sra. Merkel…- Portugal é livre de escolher os seus parceiros, trate-se ou não de «dinheiro sujo» proveniente de um regime autocrático, com uma «nomenclatura» que se governa há anos de forma sangrenta, à «grande e à francesa», sem qualquer tipo de controlo por parte de entidades ou agências internacionais, engordando à custa das percentagens da venda de cada barril de petróleo (diz-se que o «chefe máximo abicha 5 dólares por barril, o suficiente para ter amealhado uma das maiores fortunas do planeta, ter palácio na Suíça, encher sacos de compras na Avenida da Liberdade e adquirir muitos jornais e canais de TV ), do tráfico de diamantes, da obrigação incontestável de, em cada parceria empresarial com um investidor estrangeiro, se exigir, para além da massa previamente adiantada por baixo da mesa antes de se consumar o negócio, que um dos «sócios» tenha de ser angolano ( geralmente ligado à nomenklatura reinante, cargo que é proporcionalmente mais alto, geralmente um militar, segundo a «gordura» do negócio a estabelecer…).

Não admira que com tanto «lastro» lamacento angariado ao longo de anos de ditadura e de gangsterismo, a nomenklatura coloque as suas peças nesta economia depauperada portuguesa, a precisar desses milhões como do «pão para a boca». É ver a D. Isabel dos Santos a impor-se no Millenium BCP através dessa empresa «vampiresca», que estende os seus tentáculos a tudo o que cheire a bons negócios, que dá pelo nome de Sonangol, pousando ainda no BPI, no BIC do dr. Mira Amaral que estendeu agora a mão «misericordiosa» ao falido BPN, na Galp, na Zon, alargando o âmbito de acção a uma imprensa amordaçada face a este estado de coisas, como é o caso do «Sol», que até tem uma edição especial sobre as excelências do regime do sr. Eduardo dos Santos, deitando um olho para o falido império do sr. Joaquim Oliveira e, diz-se nos meandros comunicacionais, ao grupo empresarial do dr. Balsemão e à privatização do canal público de TV, assunto que o inefável Relvas deve ter arrumado de vez aquando do seu recente e proveitoso périplo por terras angolanas.

Numa altura em que, devido às declarações do Presidente do Parlamento Europeu se volta a falar na crescente influência do poderio económico angolano em Portugal, vem a talhe de foice lembrar um texto publicado neste «blogue» no passado dias 6 de Janeiro, onde relatávamos um episódio do conhecimento pessoal – e não só… – do autor que reporta a um vídeo «produzido» à socapa num hotel em Luanda com recurso a câmaras escondidas e que pode explicar os contornos de alguns «milagres económicos», com epicentro na capital angolana que ocorreram nos últimos tempos cá no «rectângulo. Esta parece-nos ser matéria de relevância pública, curiosamente, negligenciada pelos media (eles sabem da «coisa» só que não o dizem…) que agora se encarniçam em destruir a Secreta, que sabemos, nos tempos do então director, Ladeiro Monteiro, andou a investigar esse crescente apetite angolano por Portugal e as suas origens kafkianas.

O caso foi-nos relatado pelo próprio Ramiro Ladeiro Monteiro, entretanto já falecido (e, por isso, não tivemos quaisquer pruridos de ordem ética ou deontológica em tornar essa história pública) durante um almoço na Baixa lisboeta e no qual esteve igualmente presente um homem que, na «blogosfera», se tem notabilizado, também ele, na denúncia de casos obscuros que vão conspurcando a democracia. Contou então o director do SIS que um operacional do seu serviço estava na posse de um vídeo, obtido com câmaras ocultas num hotel em Luanda, onde surgiam políticos portugueses em destaque filmados em actos sexuais com menores angolanos.

Ao que parece, elementos poderosos da nomenclatura na antiga colónia portuguesa, com ligações à antiga «secreta» DISA, usavam (e ainda usam?) o filme clandestino como arma de chantagem sobre políticos nacionais na obtenção de contrapartidas económicas. A estupefacção demonstrada pelos dois interlocutores face à revelação feita pelo então responsável das secretas portuguesas foi grande. E foi ainda maior quando Ladeiro Monteiro nos referiu que a «fita» estava a ser «comercializada» em Portugal por um valor a rondar os 5 mil euros cada cópia, ou seja, usada como arma chantagista, quer por angolanos interessados estender os seus milhões ao «rectângulo luso», quer por figurões nacionais na obtenção de negócios e conquista de posições no xadrez político E não faltaram os interessados em adquirir a cassete, entre eles, uma das eminências pardas do regime, ao que se julga saber, com ligações a forças de pressão na sociedade, com capacidades invulgares de lançar putativos candidatos a governantes, de interceder em processos judiciais mediáticos, ou, simplesmente, de ser um dos mais respeitáveis «opinion makers», com presença assídua nas TV e jornais.

O resultado desta trama foi a promoção do operacional na hierarquia do Serviço e a crescente entrada no mercado financeiro e empresarial português dos capitais angolanos. O segredo então revelado por Ladeiro Monteiro poderá ter algo a ver com o que referiu Martin Schulz…


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