Mário Augusto Jakobskind – Direto da Redação
O México só aparece no noticiário quando há infomações sobre confrontos e assassinatos na guerra do narcotráfico. O Presidente Felipe Calderón, já em fim de mandato, o principal responsável pela situação atual, é um aliado incondicional dos Estados Unidos.
Por isso e muitas outras, os opositores de Calderón em tom irônico postaram um anúncio nas redes sociais que dá bem a ideia do governo que se encerra nos próximos meses.
O anúncio revela a existência de um ``País a venda” e exorta os interessados a “aproveitarem, a oferta”. E segue afirmando: “seminovo, não mais de 200 anos de antiguidade. Todos os climas disponíveis. Rico em petróleo e outros recursos naturais. Problemas de insegurança para os amantes do perigo e as emoções fortes. Informes: @felipe calderon”.
Calderón, do Partido de Ação Nacional (PAN) fez um governo desastroso, aplicando o modelo econômico neoliberal ao extremo. Tem relações carnais com os EUA ao melhor estilo do argentino Carlos Menem.
Colocou o Exército no combate ao narcotráfico nos seis anos de mandato. Deu no que deu, ou seja, o número de mortos chega a 50 mil e diariamente surgem imagens impactantes de corpos degolados sem cabeça na luta sem fim entre as várias quadrilhas.
O esquema Calderón parece estar totalmente esgotado em todos os níveis. As pesquisas indicam que o Partido Revolucionário Institucional (PRI) deve voltar ao poder para governar seis anos com Henrique Peña Nieto, que aparece na frente das pesquisas disparado.
Os outros candidatos para as presidenciais de 1 de julho próximo são López Obrador, do Partido Revolucionário Democrático (PRD), de esquerda, e Josefina Vázquez Mota, do mesmo partido que Calderon. O quarto pleiteante é Gabriel Quadri, do Partido Nova Aliança, a maior zebra. Os mexicanos elegerão também governadores e parlamentares num total de 638.
O partido que governou o México por cerca de 70 anos, ou seja o PRI, e produziu lideranças importantes, como Lázaro Cardenas, que nos anos 30 nacionalizou o petróleo e defendeu as riquezas do país para os mexicanos, não é nem a sombra do que já representou.
É importante saber o que está acontecendo no país vizinho dos Estados Unidos, inclusive para os latinoamericanos ficarem alertas em relação a um modelo que só traz desgraças ao povo. Os gregos que o digam. Aliás, já deram o recado nas urnas de que não aceitam a austeridade proposta por Angela Merkel, que no ano que vem será também submetida ao voto popular.
Por falar em Alemanha, neste último domingo a União Democrática Cristã, partido de Merkel sofreu uma fragorosa derrota para o Partido Social Democrata (SPD) na Renania do Norte-Vestfália. O maior colégio eleitoral do país. Os vencedores governarão com o Partido Verde e segundo analistas o resultado terá reflexos nacionais. .
A França deu o recado alijando Nicolas Sarkozy e sufragando o centro-esquerdista François Hollande, que terá uma grande responsabilidade pela frente com reflexos em toda a Europa.
Vale uma observação sobre o resultado da eleição presidencial francesa. Para muitos analistas, a resposta está no voto em massa dos muçulmanos no socialista Hollande. É possível que se não fossem eles a França amargaria mais cinco anos do desastroso Sarkozy.
Hollande tem uma grande responsabilidade pela frente, até porque, se falhar, a França corre o risco da ascensão da extrema-direita com Marine Le Pen, o que seria o desastre dos desastres e poderia retornar, mesmo como farsa, ao cenário dos anos 30 do século passado.
No tabuleiro internacional, a América Latina, salvo exceções do México, Panamá, Chile e Colômbia, tem produzido governos progressistas, embora alguns com altos e baixos.
Mesmo na eleição francesa, a opção mais a esquerda de Jean Luc Melénchon, que para muitos analistas pode desempenhar papel de destaque em pouco tempo, remeteu de alguma forma para a América Latina, lembrando certa proximidade com o Presidente Hugo Chávez na defesa dos interesses do povo.
Melénchon em um ato de extrema coragem política decidiu concorrer nas eleições legislativas na circunsrição de Pas de Calais, em Hénin, para enfrentar a extremista de direita Marine Le Pen. Por isso, a região onde Le Pen ganhou para a Presidência terá uma eleição de caráter nacional e quem não deseja a ascensão desta herdeira do fascismo francês deve torcer ou pedir a Deus que vença Melénchon.
Portanto, as próximas decisivas semanas devem ser de acompanhamento das urnas na França e México. A Grécia está prestes a entrar em uma nova fase, porque o recado das urnas foi bem claro. E além do mais, o principal partido de esquerda não aceitou abrir mão dos seus princípios, rejeitando assim formar governo de coalizão com os partidos que aceitaram o arrocho do Fundo Montetário Internacional. Os gregos voltam às urnas em junho.
Já no Brasil, as atenções estão também voltadas para a Comissão da Verdade, que depois da posse solene e concorrida, começará seus trabalhos a partir desta quarta-feira. Dos sete integrantes escolhidos destaca-se a psicanalista Maria Rita Khel, uma figura interessante que no passado foi detomada pelo jornal O Estado de S. Paulo por ter escrito um artigo que desagradou aos quatrocentões Mesquistas. Ela tem se destacado na defesa dos direitos humanos.
Espera-se que a Comissão seja mesmo de verdade, não de meia verdade ou de mentira.
E as Organizações Globo mais uma vez, seja no jornal ou televisão, desinformaram. De acordo com a revista Forbes, várias mulheres foram relacionadas como as "mães fortes" de 2012.
Em primeiro lugar ficou Hillary Clinton e depois Dilma Rousseff. Cristina Kirchner, também citada entre as dez poderosas, simplesmente foi omitida pela sistema Globo.
O Pravda da antiga URSS, adotava o mesmo procedimento com as figuras no index da burocracia. Leon Trotsky, fundador do Exército Vermelho, por exemplo, foi cortado dos anais. Agora, em defesa intransigente do capital e da mídia de mercado, as Organizações Globo não fazem por menos. Retiraram Cristina Kirchner exatamente porque ela governa a Argentina defendendo os interesses do país e muitas vezes entrando em choque com os barões da mídia.
* É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
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