terça-feira, 26 de junho de 2012

Angola: PRONTOS PARA O VOTO




Filomeno Manaças - Jornal de Angola, em A Palavra ao Diretor - 24 de Junho, 2012

1. Os militantes, simpatizantes e amigos do MPLA foram ontem ao estádio 11 de Novembro mostrar que estão prontos para o voto nas eleições gerais que o país vai organizar a 31 de Agosto. O banho de multidão que se fez presente para ovacionar o cabeça de lista do MPLA, o engenheiro José Eduardo dos Santos, é por si só notícia em qualquer parte do mundo e não pode deixar de ser referido como algo simplesmente impressionante. As bancadas e o relvado do estádio 11 de Novembro foram ontem milimetricamente preenchidos. Sem espaço para mais gente, o estádio esteve abarrotado por dentro e por fora. À volta do 11 de Novembro, permaneceram tantas ou mais pessoas do que estavam no seu interior. Sem dúvidas um fenómeno de massas ao qual a media não pode deixar de estar atenta, que arrastou não apenas militantes, mas também várias organizações da sociedade civil que trataram, neste teste de mobilização de grande envergadura, de provar que milhões de angolanos estão preparados para votar pela paz e pela democracia.

As eleições gerais de 2012 prometem ser disputadas e o MPLA demonstrou ontem que vai à luta em grande forma e com toda a força do seu capital de conquistas granjeado no plano político, económico e social de modo a firmar os seus créditos, de modo a assegurar junto do eleitorado que é a única formação política em condições de poder dar prosseguimento e concluir o programa de reconstrução nacional, de passar agora à fase de consolidar o crescimento e melhorar a distribuição dos rendimentos.

A um mês praticamente do início da campanha que vai fazer subir a febre eleitoral no país, o ensaio de ontem foi um bom momento para aferir como o maior partido político do país se está a preparar para enfrentar os adversários, da sua grande capacidade em mobilizar o apoio de diferentes sectores da sociedade e de se projectar como factor de uma coesão que ultrapassa as fronteiras do próprio MPLA enquanto formação.

O resto, é esperar para saber que outras formações vão ombrear com o MPLA na disputa eleitoral, quando o Tribunal Constitucional terminar o trabalho de triagem das listas de candidaturas e divulgar, a 6 de Julho, a grelha definitiva dos partidos concorrentes ao pleito.

Todos esperamos e estamos a torcer para que as eleições decorram com civismo, que ganhe o melhor, que os resultados eleitorais sejam respeitados, e que haja fair play. Angola já deu um grande passo rumo à normalidade democrática e as eleições vão certificar a seriedade do esforço feito para que o país realize regularmente pleitos para a escolha dos representantes nos órgãos de soberania.

2. A degradação da situação na Guiné-Bissau na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril coze em “lume brando”. Depois do cortejo de acusações feitas contra a missão de segurança angolana, as novas autoridades caucionadas pelo golpe militar em Bissau não tiveram pejo em solicitar o regresso da Missang àquele país. Um contra-senso, no mínimo, e uma prova evidente do desnorte que se apossou das figuras que agora estão à frente dos destinos daquele país irmão. O isolamento a que foi votada a Guiné-Bissau vai levar, mais tempo menos tempo, os militares a entenderem que a solução encontrada não tem pernas para andar. A delegação que foi enviada para participar na cimeira do Rio+20 viu a sua entrada no Brasil barrada. A solução foi regressar à procedência, pois ninguém, excepto os países da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), reconhece legitimidade democrática no Governo formado na sequência do golpe de Estado. Não podendo participar em eventos internacionais, sujeitos os seus dirigentes e o país a sanções, os militares tornaram praticamente a Guiné-Bissau num Estado pária. Internamente as notícias dão conta de uma cada vez crescente insatisfação face à deterioração acelerada das condições de vida das populações e do funcionamento das estruturas do Estado. Interessante vai ser seguir como e até quando a CEDEAO, amarrada na solução encontrada e a todos os níveis comprometedora, vai gerir esse estado de coisas, tendo em conta que a equação passa incontornavelmente pela ruptura com o projecto imposto pelos militares.

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