Brasil: JOSÉ DIRCEU E CAPANGAS DO PT CONDENADOS POR CORRUPÇÃO

 

Supremo Tribunal do Brasil considerou culpado de corrupção antigo chefe da Casa Civil de Lula da Silva

 

CFF – VM - Lusa

 

Brasília, 10 out (Lusa) - O ex-ministro brasileiro José Dirceu e dois dirigentes do Partido dos Trabalhadores foram na terça-feira considerados culpados de corrupção pelo Supremo Tribunal do Brasil, que julga os escândalos denunciados durante o primeiro mandato presidencial de Lula da Silva.

 

Apesar de a condenação ser apenas proclamada oficialmente hoje, depois de conhecida a posição de dois dos dez magistrados que ainda não se pronunciaram, seis juízes já declararam culpado o antigo chefe da Casa Civil de Lula da Silva José Dirceu.

 

No caso de José Genoíno, atual assessor do Ministério da Defesa e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) na época das denúncias, foram sete os juízes que se pronunciaram pela sua culpa.

 

Por maioria absoluta, foi também responsabilizado o antigo tesoureiro do PT Delubio Soares, que assumiu sozinho toda a culpa, tentando reduzir o caso a uma rede de financiamentos ilegais de campanhas e de ilícitos eleitorais prescritos há anos e, no seu entender, alheios à esfera do Supremo Tribunal.

 

Contudo, a tese de Delubio Soares não convenceu os magistrados, que deram como provado que o dinheiro recolhido pelo PT não só tinha sido ocultado das autoridades eleitorais e tributárias, como tinha origem pública e tinha sido usado para subornar pelo menos dez dirigentes e deputados de quatro partidos políticos.

 

Da mesma forma, a maioria dos juízes concluiu que Genoíno, como presidente do PT, e o ex-ministro Dirceu, no seu papel de principal coordenador político do Governo de Lula, participaram "ativamente" nas tentativas de corrupção.

 

"Se Delubio Soares tivesse o brilhantismo intelectual que se lhe atribui, com certeza não teria sido apenas tesoureiro do partido e teria chegado muito mais longe", ironizou o magistrado Marco Aurelio Mello.

 

O juiz também sustentou que "se subestima a inteligência mais mediana" quando "se tenta fazer crer" que o tesoureiro do PT podia ter "autonomia" para angariar uma quantia de mais de 150 milhões de reais (57,2 milhões de euros) "sem que o presidente do partido e o ministro mais poderoso soubessem".

 

Dos oito juízes que se pronunciaram na terça-feira, apenas dois consideraram José Dirceu inocente, um dos quais o juiz José Dias Toffoli, que trabalhou com o Ministério da Presidência na época dos escândalos e esteve a ponto de se excluir de participar no caso por causa da antiga relação.

 

A maioria dos juízes subscreveu os termos da acusação, que considerou José Dirceu o "ideólogo", "mentor" e "chefe" do que classificou como o "mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e desvio de dinheiros públicos descoberto" no Brasil.

 

Os juízes consolidaram ainda a maioria necessária para condenar por corrupção ativa o publicitário Marcos Valério Fernandes, os seus três sócios, o seu advogado e uma antiga diretora das suas empresas, considerando que se puseram ao serviço do PT para obter, branquear e distribuir de imediato o dinheiro da corrupção.

 

O Tribunal declarou inocentes o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, do extinto Partido Liberal (PL), e Geisa Dias, outra antiga diretora das empresas de Fernandes.

 

O processo começou no passado dia 02 de agosto e até hoje foram considerados culpados 25 dos 37 réus.

 

*Título PG