Nações Unidas, Nova Iorque - O presidente deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, encontrou-se nas Nações Unidas com o seu sucessor, nomeado após o golpe militar de Abril de 2012, Serifo Nhamadjo, iniciando um processo de diálogo entre ambas as partes, disse domingo à Lusa fonte diplomática.
"Foi primeiro encontro de criação de confiança, um mero encontro
simbólico", afirmou o embaixador guineense junto da ONU, João Soares da
Gama.
Para o presidente
deposto Raimundo Pereira e para o seu sucessor Serifo Nhamadjo, o encontro foi
uma forma de "apenas demonstrar que de facto há boa vontade no sentido de
se enveredar por via negocial para solução da crise na Guiné".
No final do
encontro, organizado pelo diplomata guineense, ambas as partes encarregaram os
seus ministros dos Negócios Estrangeiros de continuar as
discussões.
A preparação do
encontro envolveu o Departamento de Assuntos Políticos do Secretariado da ONU,
a missão de Moçambique, que preside à CPLP, e ainda a União
Africana.
Foi o culminar de
uma semana diplomática intensa na ONU, em que na sexta-feira, após queixa da
Comunidade Económica do Dsenvolvimento dos Estados da África do Oeste (CEDEAO,
o presidente deposto Raimundo Pereira viu suspensa a sua intervenção.
O objectivo do
processo de diálogo, diz Soares da Gama, é iniciar conversações formais, para
já identificando os pontos de divergência entre as partes, que serão analisados
caso a caso.
Um deles, referiu,
"será o retorno do presidente interino e do primeiro-ministro" à
Guiné-Bissau, exigida pela Comunidade de Países da Língua Portuguesa
(CPLP).
Pereira e Nhamadjo
eram, respectivamente, presidente e vice-presidente do parlamento e, diz o
diplomata, "foram muito bons amigos trabalharam muito juntos, conhecem-se
bastante bem".
"Os dois
enfatizaram a necessidade de se negociar para resolver o assunto. Isto no
interesse do povo da Guiné-Bissau", disse Soares da Gama.
"Estando os
dois em Nova Iorque ,
não faria sentido cada um regressar sem se avistarem, trocarem pontos de vista
sobre o que se deve ter feito", adiantou.
Com ambas as
delegações em Nova Iorque ,
foi a do governo deposto a ser credenciada pela ONU para participar no debate
anual da Assembleia Geral.
O presidente
deposto afirmou sábado à Lusa que a credenciação da sua delegação para
representar o país na Assembleia Geral da ONU foi uma "vitória",
apesar de impedido de intervir no plenário.
Acompanhado do
ministro dos Negócios Estrangeiros, Djaló Pires, e do embaixador guineense
junto da ONU, João Soares da Gama, Raimundo Pereira esteveram reunidos sábado
perto de 40 minutos com o subsecretário-geral Jeff Feltman.
O objectivo, disse
Djaló Pires à Lusa, era pedir ao secretário geral que se "envolva
mais" no processo guineense, como previsto nas posições do Conselho de
Segurança, e que avance com a criação de Tribunal Internacional
"ad-hoc" para a Guiné-Bissau.
O governo pretende
que este tribunal, seguindo o modelo dos criados pelo Conselho de Segurança
para o Líbano, Ex-Jugoslávia ou Rwanda, seria encarregue do julgamento de todos
os crimes de sangue cometidos nos últimos anos no país de 2000 a 2012.
À margem do debate
anual da Assembleia Geral, a delegação guineense, que incluiu o
primeiro-ministro deposto Carlos Gomes Júnior, encontrou-se com a futura
presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma.
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