quarta-feira, 10 de outubro de 2012

MANIFESTAÇÃO CULTURAL DE SÁBADO EM LISBOA ESTENDE-SE A TODO O PAÍS

 
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i online - Lusa
 
A manifestação cultural de sábado em Lisboa, que contará com artistas de todas as áreas do espetáculo, vai estender-se a outras 17 cidades do país, com os promotores a alertarem que não é uma festa, é um protesto.
 
"Isto não é um festival, não é uma mostra de artistas, é um protesto", esclareceu hoje a atriz Luísa Ortigoso, uma das promotoras da manifestação, em conferência de imprensa.
 
A manifestação cultural decorrerá no sábado na Praça de Espanha, em Lisboa, com a atuação de mais de trinta artistas e bandas e a participação de vários agentes do setor, do cinema à dança e ao teatro.
 
O protesto, que se junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para onde está prevista, por exemplo, a atuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro, Braga e Santarém.
 
Está ainda previsto no sábado um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em Fortaleza, Brasil.
 
Em Lisboa, o protesto começará cerca das 17:00 com a atuação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, que interpretará a quinta sinfonia de Beethoven, prosseguindo pela noite com atuações de nomes como Dead Combo, A Naifa, Camané, Peste e Sida, Diabo na Cruz, Vitorino e Janita Salomé, Coro "Acordai", Homens da Luta, Francisco Fanhais, The Soaked Lamb, Brigada Victor Jara e Farra Fanfarra.
 
"Vai ser a primeira reunião importante nesta fase das nossas vidas e na nossa cultura, que vai estar presente ali, concentrada, e a motivar e a sensibilizar as pessoas para este problema muito grave que é a destiução da cultura e a destruição dos apoios a essa própria cultura", disse Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, à agência Lusa.
 
Para o guitarrista, "um povo sem cultura é um povo vazio".
 
Os agentes do cinema, produtores, realizadores, atores e técnicos, também marcarão presença no protesto com a projeção de imagens do cinema português e imagens de outras manifestações.
 
A realizadora Margarida Gil, presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, disse à agência Lusa que em causa está "o desaparecimento de uma cultura e de uma memória dos portugueses" com os cortes orçamentais na área da cultura e com a possibilidade de encerramento de um dos canais da RTP.
 
"As pessoas estão no desespero, não há no horizonte nenhuma hipótese de trabalho e esta ameaça de rompimento com o balão de oxigénio que era a RTP vai agravar de uma forma inaudita", disse Margarida Gil.
 
A comissão de trabalhadores da RTP irá associar-se ao protesto cultural, para alertar para a situação da RTP2, que tem sido o espaço de divulgação de várias artes da cultura portuguesa.
 
"A televisão está em casa de todos os portuguesee e todos os portugueses sentem que a cultura está a sair do seu televisor de casa. O canal 2 está em extinção, porque ficou sem diretor, vai ficar sem orçamento, por isso vai tornar-se um canal sem relevância, apenas de tempos de antena da sociedade civil e isso não faz um canal", disse um dos representantes da CT da RTP, Camilo Azevedo.
 
O produtor de cinema Alexandre Oliveira explicou ainda à Lusa que a manifestação cultural de sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, que decorrerá em mais de 200 cidades de todo o mundo, com recursos a tachos e panelas.
 
"Nós [agentes da cultura] foram as primeiras vítimas de cortes significativos ainda no tempo do Governo de José Sócrates. Fomos apelidados de subsídio dependentes, levámos cortes de 30 e 40 por cento, mas queremos dizer que o direito à cultura é imprescindível", disse.
 

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