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i online - Lusa
A manifestação
cultural de sábado em Lisboa, que contará com artistas de todas as áreas do
espetáculo, vai estender-se a outras 17 cidades do país, com os promotores a
alertarem que não é uma festa, é um protesto.
"Isto não é um
festival, não é uma mostra de artistas, é um protesto", esclareceu hoje a
atriz Luísa Ortigoso, uma das promotoras da manifestação, em conferência de
imprensa.
A manifestação
cultural decorrerá no sábado na Praça de Espanha, em Lisboa, com a atuação de
mais de trinta artistas e bandas e a participação de vários agentes do setor,
do cinema à dança e ao teatro.
O protesto, que se
junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!",
estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para
onde está prevista, por exemplo, a atuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro,
Braga e Santarém.
Está ainda previsto
no sábado um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em
Fortaleza, Brasil.
Em Lisboa, o
protesto começará cerca das 17:00 com a atuação da Orquestra Sinfónica
Portuguesa, que interpretará a quinta sinfonia de Beethoven, prosseguindo pela
noite com atuações de nomes como Dead Combo, A Naifa, Camané, Peste e Sida,
Diabo na Cruz, Vitorino e Janita Salomé, Coro "Acordai", Homens da
Luta, Francisco Fanhais, The Soaked Lamb, Brigada Victor Jara e Farra Fanfarra.
"Vai ser a
primeira reunião importante nesta fase das nossas vidas e na nossa cultura, que
vai estar presente ali, concentrada, e a motivar e a sensibilizar as pessoas
para este problema muito grave que é a destiução da cultura e a destruição dos
apoios a essa própria cultura", disse Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés,
à agência Lusa.
Para o guitarrista,
"um povo sem cultura é um povo vazio".
Os agentes do
cinema, produtores, realizadores, atores e técnicos, também marcarão presença
no protesto com a projeção de imagens do cinema português e imagens de outras
manifestações.
A realizadora
Margarida Gil, presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, disse à
agência Lusa que em causa está "o desaparecimento de uma cultura e de uma
memória dos portugueses" com os cortes orçamentais na área da cultura e
com a possibilidade de encerramento de um dos canais da RTP.
"As pessoas
estão no desespero, não há no horizonte nenhuma hipótese de trabalho e esta
ameaça de rompimento com o balão de oxigénio que era a RTP vai agravar de uma
forma inaudita", disse Margarida Gil.
A comissão de
trabalhadores da RTP irá associar-se ao protesto cultural, para alertar para a
situação da RTP2, que tem sido o espaço de divulgação de várias artes da
cultura portuguesa.
"A televisão
está em casa de todos os portuguesee e todos os portugueses sentem que a
cultura está a sair do seu televisor de casa. O canal 2 está em extinção,
porque ficou sem diretor, vai ficar sem orçamento, por isso vai tornar-se um
canal sem relevância, apenas de tempos de antena da sociedade civil e isso não
faz um canal", disse um dos representantes da CT da RTP, Camilo Azevedo.
O produtor de
cinema Alexandre Oliveira explicou ainda à Lusa que a manifestação cultural de
sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, que decorrerá
em mais de 200 cidades de todo o mundo, com recursos a tachos e panelas.
"Nós [agentes
da cultura] foram as primeiras vítimas de cortes significativos ainda no tempo
do Governo de José Sócrates. Fomos apelidados de subsídio dependentes, levámos
cortes de 30 e 40 por cento, mas queremos dizer que o direito à cultura é
imprescindível", disse.
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