Marcelo. Governo
começa “pelo fim” e pelo lado “mais fácil”
i online - Lusa
O analista político
Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que o Governo está a começar a reforma
da Administração Pública “pelo fim” e pelo lado “mais fácil”.
“Isto é começar
pelo fim, pelo mais fácil. O que está a faltar são as reformas estruturais, que
é dizer que instituições, observatórios, institutos e serviços estão a mais e,
só depois, ir ver quem é que está a mais”, disse o comentador, referindo à não renovação
de milhares de contratos na função pública, prevista para 2013.
Marcelo Rebelo de
Sousa, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de abertura do novo ano
de atividades no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, do Porto, disse
também que o Governo opta pelo “mal menor”, se atenuar o Imposto Municipal
sobre Imóveis (IMI) e mantiver a penalização da função pública.
“O Governo ponderou
duas coisas, o efeito explosivo do IMI e, do outro lado, o efeito, que já se
tornou crónico, da função pública a pagar as favas. Deve ter pensado que,
apesar de tudo, há mais proprietários e famílias de proprietários do que
propriamente funcionários. E os funcionários já estão habituados a sofrer.
Portanto, entre dois males, deixa cair aquele que é o mal menor”, afirmou.
Luís Amado critica
"forma atabalhoada" como o governo geriu o orçamento
Marta Cerqueira – i
online
Luís Amado disse
hoje que o país não quer eleições mas deseja um novo governo.
“É provável que uma
remodelação seja absolutamente inadiável como última tentativa para garantir
uma capacidade de Governo que gere as condições políticas para que o orçamento
seja implementado ao longo de 2013”, afirmou o antigo ministro do PS à TSF.
Para Luís Amado, “se isso não acontecer, vamos ter um quadro político muito diferente
no próximo ano, não passará necessariamente por eleições, mas poderá ter de
haver uma opção à margem dos partidos com o apoio destes”.
“Todos tínhamos
noção que mais austeridade nos esperava, mas o que foi surpresa foi a forma atabalhoada
como o governo geriu todo este processo de preparação do Orçamento”,
acrescentou.
Jorge Sampaio.
"Austeridade excessiva" pode "prejudicar terrivelmente a
democracia"
i online - Lusa
O ex-Presidente da
República Jorge Sampaio considerou, numa conversa na Internet com leitores do
diário francês Le Monde, que uma "austeridade excessiva pode prejudicar
terrivelmente a democracia", e ceder terreno à emergência de extremismos.
"Devo dizer
que a austeridade pela austeridade, a austeridade excessiva, pode prejudicar
terrivelmente a democracia. Porquê? Porque a democracia precisa de
esperança", declarou o socialista aos internautas do diário, na
terça-feira à tarde.
Em resposta à questão
de um leitor que perguntou ao ex-Chefe de Estado português se "a
austeridade desenfreada" que está a ser aplicada nos países do sul da
Europa pode "destruir as democracias", Jorge Sampaio disse ainda que
o cenário atual pode ceder terreno aos extremismos.
"Se não se
conseguir ver a luz ao fundo do túnel, a esperança desaparece, há pessoas
dispostas a acreditar em tudo, e é por isso que os extremismos estão a
florescer", afirmou.
O ex-Presidente
defendeu, contudo, que "a democracia não recua", apesar de isso ser,
"talvez, paradoxal". A democracia, argumentou, "avança enquanto
encara novos desafios, e talvez seja preciso redefini-la".
O socialista
destacou ainda o facto de, "durante décadas, se [ter falado] de
Europa", e de "agora se falar da Europa do norte e da Europa do
sul", dizendo detestar essa diferenciação: "Isso significa o fim de
uma solidariedade necessária", afirmou.
Sampaio considerou
que "o grande desafio atual" é "construir uma alternativa"
às "dificuldades crescentes" do sistema capitalista ocidental,
acrescentando que, embora a tarefa seja "muito difícil", mantém a
esperança.
"Espero que
possamos avançar na regulação, mas sei também que as forças maiores do mundo da
finança são superiores à economia real. Gostava que a política enquanto tal
pudesse dominar, regular o mundo da finança", afirmou.
Sobre a União
Europeia (EU), o ex-Presidente defendeu a necessidade de "reforçar
democraticamente certas instituições" -- em defesa de "uma Europa
solidária, que busque a equidade" --, dando o exemplo da criação de um
Senado, que funcionaria como uma segunda câmara do Parlamento Europeu, e da
eleição do presidente da Comissão Europeia "diretamente pelo povo".
"A partir do
momento em que a burocracia de Bruxelas e dos decisores políticos se arriscam a
perder o seu objetivo ao nível da solidariedade geral, devido a pressões de
todos os tipos, corremos o risco de ver os cidadãos distanciarem-se da
Europa", afirmou.
Jorge Sampaio
considerou também que estamos "imersos na globalização" e que "a
Europa é a única resposta coletiva e multilateral".
O ex-Chefe de
Estado disse ainda que é necessária "uma nova articulação entre as instituições
internacionais" para criar uma "governação mundial, que não
existe".
Questionado sobre
qual a responsabilidade dos políticos pelo "descontentamento com a
política e com a democracia", Jorge Sampaio respondeu com otimismo:
"Penso que a responsabilidade é muito partilhada. Mas é preciso combater o
desespero a todos os níveis. Para ter uma sociedade democrática, não se pode parar
de inovar, de propor. Nunca se pode perder a esperança", concluiu.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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