Manuel Carlos Freire – Diário de Notícias
As críticas do
consultor governamental António Borges aos empresários foram "a
reprodução, em estilo académico, das palavras" recentes do primeiro-ministro,
afirmou este domingo o comentador político Marcelo Rebelo de Sousa.
"Não sei o que
é pior, chamar [aos empresários] medricas ou medrosos", como fez Passos
Coelho "nas bochechas" deles, ou "ignorantes" como disse
António Borges, observou Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI.
"O problema de
António Borges é o Governo", porque "entende que aquelas ideias estão
corretas" e são os portugueses que não as compreendem ou aceitam, observou
Marcelo, acrescentando: "Parece que a sapiência está toda concentrada em São Bento. "
Mas "é mais
fácil o povo mudar de Governo que o Governo mudar de povo.", alertou o
conselheiro de Estado e ex-líder do PSD.
Marcelo citou
Passos Coelho: "Disse que os empresários tiveram medo dos
trabalhadores." Acresce que também o secretário de Estado Adjunto do
primeiro-ministro, Carlos Moedas, criticara os empresários por terem rejeitado
as mudanças na TSU, adiantou.
"O que é grave
é a mensagem" de Passos Coelho e do Governo, prosseguiu Marcelo Rebelo de
Sousa, assinalando que os empresários "não reagiram" às críticas do
primeiro-ministro porque "é mais fácil" fazê-lo em relação a um
consultor como António Borges.
O problema
"não é a linguagem. É mais grave. É a conceção" dos membros do
Governo de estarem convencidos que "estão a fazer tudo" para salvar o
País e os portugueses "são uns trogloditas que não [os] estão a
ajudar", exemplificou Marcelo.
"Uma coisa é
dar aulas e ter modelos académicos, outra é governar pessoas de carne e
osso", lembrou Marcelo, considerando que nesta altura é o próprio
primeiro-ministro "que está em xeque" perante os portugueses e deve
remodelar o Executivo antes da apresentação do Orçamento de Estado para 2013.
"Ao
ritmo" a que os membros do Governo e os seus apoiantes "estão a
falar, se [Passos] perde essa oportunidade, temo que chegue tarde ou que se
torne impossível fazer uma verdadeira remodelação", concluiu Marcelo
Rebelo de Sousa.
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