Os rebeldes no
leste do Congo. Na terça-feira, 20 de novembro, o Exército Revolucionário do
Congo ocupou a cidade de Goma. A missão de paz das Nações Unidas não interveio,
suscitando muitas críticas.
A missão de paz das
Nações Unidas na República Democrática (RD) do Congo, MONUSCO, é a maior do seu
género no mundo. Cerca de 17 000 soldados internacionais estão estacionados
neste país. Ainda assim não lhes foi possível impedir os rebeldes do Exército
Revolucionário do Congo, ARC/M23, de entrar na cidade de Goma. O que causou a
indignação da população. Um habitante queixou-se: “Custa-nos entender a
MONUSCO. Permitiram a invasão dos rebeldes sem reagir”.
Este não é o único
habitante de Goma que pensa desta maneira. Há muito tempo que a população
mostra uma certa reserva em relação aos capacetes azuis. Porém, as tropas de
paz tinham razões de peso para não intervir.
Falta de alternativa
Jason Stearns,
pesquisador especializado na RD Congo no Instituto Rift Valley, explica porquê
as forças internacionais se mantiveram passivas: “A missão da ONU tem muitos
pontos fracos, mas neste caso não teve alternativa. O seu mandato limita-se ao
apoio do exército congolês. Mas como o exército nacional fugiu, as tropas
internacionais não puderam conduzir sozinhos uma guerra e defender Goma”.
Entre as obrigações
da MONUSCO consta a proteção da população civil. Uma testemunha em Goma diz que
para cumprir este mandato específico, não intervir foi, talvez, a decisão
acertada: “Os rebeldes estavam muito perto. Combates dentro da cidade teriam
significado muitos feridos. Talvez seja essa a razão pela qual não defenderam a
cidade”.
A reformulação do
mandato em curso
A não intervenção
da MONUSCO não teve, por isso, nada a ver com o seu poderio militar. Jason
Stearns diz que estão deliberações em curso para um possível alargamento do
mandato. Mas não é esse o maior problema da missão, explica o especialista: “A
questão é a sua marginalização política. Não há um processo político no leste
do Congo, de modo que as intervenções são levadas a cabo à margem dum processo
político. Se houvesse um processo político, a missão seria muito mais eficaz”.
Na semana passada a
ONU impôs sanções contra Sultani Makenga, o dirigente do movimento M23. Agora
deverão seguir-se novas sanções contra os restantes líderes dos insurgentes. Mas
estas medidas não vão ter grande efeito, diz Stearns. Mais importante, na opinião
do especialista, seria incrementar a pressão sobre o Ruanda, acusado pela ONU
de fornecer apoio material e logístico aos rebeldes. Segundo Stearns, a
suspensão da ajuda ao desenvolvimento a Kigali é insuficiente.
Autor: Philipp
Sandner/Cristina Krippahl - Edição: António Rocha
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