Jornal i - Lusa
O ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros, na sequência do inquérito-crime do
Ministério Público português a altos dirigentes angolanos, disse hoje à Lusa
que Portugal fará tudo para melhorar ainda mais as relações com Angola.
Sem se referir
diretamente à investigação do Ministério Público, que motivou na segunda-feira
um editorial do estatal 'Jornal de Angola' alertando para as consequências do
processo nas relações com Portugal, Paulo Portas disse à Lusa que o
"Governo português fará tudo o que está ao seu alcance para melhorar ainda
mais as relações com Angola e não deixar que nada as prejudique".
Para Paulo Portas,
o relacionamento entre os dois países atingiu "níveis de excelência"
que o Governo Português, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros, "está
empenhado" em preservar e desenvolver.
"Entre os
exemplos deste relacionamento estão o facto de cerca de 120 mil portugueses
trabalharem hoje em dia em Angola e cerca de oito mil empresas portuguesas
exportarem para Angola, que se tornou no mercado não europeu para a nossa
economia", disse ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros.
"Ao mesmo
tempo", acrescentou Paulo Portas, "inúmeros interesses e
investimentos angolanos fizeram o seu caminho e ganharam um espaço muito
relevante em Portugal.
Como é evidente, tudo isto é tão importante para os dois
países que o Governo português fará tudo o que está ao seu alcance para
melhorar ainda mais as relações com Angola e não deixar que nada as
prejudique".
Para o ministro, as
relações entre Angola e Portugal são, e vão continuar a ser, uma
"prioridade da máxima importância da política externa portuguesa" e
sublinhou que o "Governo constituído depois das recentes eleições" é,
para Portugal, "uma garantia de amizade entre os dois estados e de
cooperação entre os dois povos".
O semanário
'Expresso' noticiou em manchete no sábado que o Ministério Público português
está a investigar três altos dirigentes do regime angolano -- Manuel Vicente,
vice-Presidente de Angola e ex-administrador da petrolífera Sonangol; o general
Hélder Vieira Dias, mais conhecido como "Kopelipa", ministro de
Estado e chefe da Casa Militar do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos;
e Leopoldino Nascimento, consultor do general "Kopelipa" -- por
suspeitas de crimes económicos, mais concretamente indícios de fraude e
branqueamento de capitais.
Segundo o
"Expresso", o inquérito-crime está na fase inicial e ainda nenhum dos
três dirigentes angolanos foi ouvido nem constituído arguido.
Só Manuel Vicente
prestou declarações ao 'Expresso': "Não fui notificado por ninguém e por
isso desconheço o que se passa. De qualquer modo, todos os meus investimentos
em Portugal estão perfeitamente documentados junto da autoridades
competentes."
Em janeiro -- e,
depois, novamente em julho -, o ativista angolano Rafael Marques depôs como
testemunha na queixa apresentada por um cidadão angolano residente em Portugal,
tendo sido chamado pelo que tem investigado sobre "a corrupção em
Angola".
Segundo disse
Rafael Marques à Lusa na altura, a queixa versava "uma longa lista",
de duas dezenas de cidadãos angolanos com "investimentos e propriedades em
Portugal", acusando-os de "branqueamento de capitais".
Na segunda-feira, o
'Jornal de Angola' escreveu em editorial que o inquérito-crime do Ministério
Público português "prejudica as relações entre Portugal e Angola".
Para o diário
angolano, "as elites políticas portuguesas odeiam Angola e são a inveja em
figura de gente" e o editorial considera que as referidas elites
"vivem rodeadas de matilhas que atacam cegamente os políticos angolanos
democraticamente eleitos, com maiorias qualificadas".
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