quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Portugal: IMAGENS DA MANIFESTAÇÃO 14NOV CAUSAM SAÍDA DO DIRETOR DA RTP

 


Adriano Nobre e Anabela Natário - Expresso - ontem
 
O diretor de informação da RTP diz que sai "de consciência tranquila", mas a administração diz que não gostou da atitude de deixar que a PSP visualizasse imagens da manifestação de 14 deste mês.
 
O director de informação da RTP, Nuno Santos, apresentou hoje a demissão do cargo à administração da empresa por motivos que se prendem com a disponibilização à PSP de imagens não editadas, captadas pela estação durante a manifestação do dia 14, em frente à Assembleia da República.
 
A demissão de Nuno Santos foi já confirmada à redação, através de comunicados internos enviados pelo até agora director de informação da estação e pela administração da RTP.
 
Segundo a carta da administração, a que o Expresso teve acesso, o caso tem que ver com o facto de "responsáveis da Direção de Informação" terem facultado "a elementos estranhos à empresa, nas instalações da RTP, a visualização de imagens dos incidentes verificados após a manifestação em frente à Assembleia da República".
 
O Conselho de Administração explica ainda que "não foi consultado ou sequer informado, nem sobre qualquer pedido nem sobre a presença de elementos estranhos à empresa, dentro das suas instalações", e explica que irá instaurar um inquérito ao ocorrido.
 
A eventual confirmação destes factos durante o inquérito leva a administração a antecipar poder estar perante "uma ação abusiva" e "uma quebra grave das responsabilidades inerentes à cadeia hierárquica interna da empresa".
 
Cedendência "abusiva" de imagens discutidas hoje
 
O assunto foi hoje discutido numa reunião entre a administração e Nuno santos e teve como consequência uma demissão que Nuno Santos rotula de "irreversível".
 
"Este processo abalou a relação de confiança com o Conselho de Administração a quem expressei a minha profunda discordância com o clima de suspeição instalado antes mesmo da abertura de qualquer processo de inquérito", explica Nuno Santos na nota que enviou aos trabalhadores.
 
"Na minha condição de Diretor de Informação não tive qualquer intervenção direta nem autorizei de forma expressa ou velada a cópia de quaisquer imagens. No entanto e como líder da equipa entendo que, se não existe confiança na Direção de Informação, devo assumir por inteiro as minhas responsabilidades. Não há, nestas alturas, dois caminhos e nesse sentido renunciei ao meu cargo", refere.
 
"Nos últimos dias efetuei um conjunto contactos informais e uma reunião com o Conselho de Redação enquanto órgão representativo dos jornalistas. Reuni também com a Comissão de Trabalhadores. Aos dois órgãos, e no plano da competência de cada um deles, prestei todos os esclarecimentos que me foram pedidos sobre uma hipotética entrega a entidades externas à RTP de imagens não exibidas (vulgarmente denominadas como "brutos") dos incidentes do passado dia 14 de Novembro em frente ao Parlamento", diz Nuno Santos na carta.
 
Nessas reuniões o jornalista garantiu que "nenhuma imagem saiu das instalações da RTP". "Respondi de forma clara a todas as questões e apresentei um conjunto de factos complementares entendidos e aceites pelas partes que deram o assunto como encerrado", explica Nuno Santos, revelando ainda que durante todo esse processo manteve "informado e com detalhe" o director-geral de conteúdos da RTP, Luís Marinho e que sai "de consciência tranquila".
 

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