Jornal i - Lusa
Com mais de 100 mil
desempregados, o setor dos comerciantes de materiais de construção alerta para
a urgência de se encontrarem formas para fazer diminuir as insolvências e
encerramentos das empresas do ramo.
O elevado número de
desempregados está diretamente relacionado com a crise, como admite o
secretário-geral da Associação Portuguesa de Comerciantes de Materiais de
Construção (APCMC), José de Matos, sublinhando que as empresas do setor da
construção têm sido muito afetadas.
“Um dos setores
muito afetados é o da serralharia civil, nomeadamente no que diz respeito às
caixilharias de alumínio. Por um lado, como não se constroem casas, não há
grandes investimentos na colocação do alumínio, e, por outro, as pessoas
deixaram de investir na reabilitação e na substituição de janelas, situação que
já teve em tempos benefícios fiscais”, justificou.
De acordo com José
de Matos, a reabilitação de edifícios foi baixa em 2011 “e, desde então, tem
vindo a cair”. Além desta situação, “a construção [registou] uma variação
negativa de 30% de 2011 para 2012, o que significa que uma descida do volume de
atividade no mercado interno da ordem dos 25%”.
O que dava
realmente lucro eram as grandes construções, “mas os trabalhos estão reduzidos
a um quinto ou a um sexto do que eram há sete ou oito anos”, adiantou.
Outro fator
negativo no setor da serralharia civil, aponta José de Matos, foi a retirada de
benefícios fiscais a quem renovava os envidraçados colocando sistemas de
janelas mais eficientes do ponto de vista térmico.
Contudo, segundo
José de Matos, nem tudo é mau, existindo algumas empresas que conseguem
adaptar-se e exportar caixilharias e serviços para França, Suíça e alguns
países africanos.
“Nós [Portugal] não
produzimos alumínio, mas somos muito bons na extrusão [processo de produção de
componentes mecânicos]. Temos preços competitivos e mão-de-obra barata e muita
qualidade na caixilharia e, por isso, estamos a conseguir a exportação do
produto”, referiu, acrescentando que, apesar dos bons resultados, a exportação
não substitui a perda do mercado interno.
“No curto prazo, a
única coisa que faz sentido são políticas públicas eficientes que desbloqueiem
o crédito às empresas”, alertou o representante da associação, garantindo que a
APCMC tem tentado sensibilizar o Governo e outras agências governamentais para
a necessidade de apoios e de um plano nacional para o setor.
Sem comentários:
Enviar um comentário