Martinho Júnior,
Luanda
Os Estados Unidos
com suas forças disseminadas por 6 Comandos subordinados ao Pentágono estão a
tirar partido, sob o ponto de vista financeiro, de velhos e novos aliados que
integram a sua geo estratégia e geo política, não perdendo de vista os recursos
energéticos que sustentam as economias contemporâneas.
O exercício duma
hegemonia “inteligente” orientada segundo métodos de “soft power” por parte da
administração de Barack Hussein Obama “cativou” não só os velhos e os novos
membros da NATO, bem como os membros do ANZUS, mas também as monarquias
arábicas mais poderosas e influentes, como a Arábia Saudita e o Qatar, cujos
serviços de inteligência possuem nexos com os grupos radicais islâmicos
disseminados pelo menos por África, Médio Oriente e Ásia Central, inclusive
grupos que fizeram ou fazem parte da Al Qaeda!
Isso integrou a
prioridade de “salvar os reis” donos do petróleo e do gás de baixo custo de
exploração.
A prioridade que os
Estados Unidos passaram a dar à geo estratégia do Pacífico de forma a fazer
face à China, beneficiando da redução dos contingentes no Iraque e no
Afeganistão, permite também as concepções “soft power” em relação a África.
O exercício do “soft
power” possibilita a proliferação de tensões e conflitos “low cost”, o que
possibilita os jogos operativos entre contrários, cuja intensidade obedece
necessariamente à torneira financeira, que por seu turno, ao regular as
capacidades operativas, directa e indirectamente regulam a intensidade dos
combates.
É precisamente no “elan”
financeiro apta para desencadear o “soft power” que é importante a capacidade
dos aliados arábicos, plataformas de petróleo barato e de “petro dólars”.
Para disseminar uma
situação de tensão ou de conflito, é possível alimentar de dinheiro e armas
grupos que vão assumir o papel de terroristas radicais islâmicos com o rótulo
de Al Qaeda, ou próximo da Al Qaeda, abrindo mais, ou menos as torneiras de
apoio, de forma a melhor projectar as contenções, ou sejam as respostas de luta
contra o terrorismo levadas a cabo pela hegemonia norte americana, seus aliados
e parceiros, países africanos incluídos como ocorre agora no Sahel com fulcro
no território “Azawad” no Mali (antigo Sudão Francês)!
Tudo isso ocorre
com referência a ideologias conservadoras e ultra conservadoras (incrustadas no
islamismo mas também no catolicismo) e servem amplamente ao processo paulatino
da militarização do continente africano que interessa sobretudo aos Estados
Unidos, um processo que tende a passar pelo redesenhar dos mapas e mantém como
reféns, ou debaixo duma relativa pressão as elites nacionais.
Por vezes as coisas
correm mal: quando “impoderáveis” resultam duma deficiente avaliação da
situação, acontecimentos como o do 11 de Setembro de 2012 no Consulado norte
americano em Benghazi podem ocorrer.
De acordo com os
que se debruçaram sobre o assassinato do Embaixador J. Christopher Stevens,
carregamentos de armas embarcados da Líbia para serem entregues aos rebeldes
sírios via uma Turquia que “por osmose” se começa a render à Irmandade
Muçulmana, podem ter ido parar a mãos menos controladas pelos serviços de
inteligência ocidentais e arábicos, como por exemplo os curdos que se
movimentam tradicionalmente nas voláteis fronteiras Iraque-Turquia-Síria…
É evidente que numa
conjuntura em que os grupos radicais proliferam como cogumelos, numa atmosfera
explosiva como a do Norte de África, do Sahel e do Médio Oriente, o grau de
risco é ainda maior, pois todos e cada um possuem os seus aliados e os seus
próprios interesses e territórios...
Algumas das
principais estruturas CENTCOM estão instaladas no Qatar e no vizinho Bahrein e
isso facilita as conexões financeiras, de “inteligência”, assim como as
ligações militares, muito em especial ao nível de forças especiais, tal como o
trânsito de armas, mas as operações “no terreno” envolvendo o trânsito de
tantos arsenais, são muito mais difíceis de realizar que as operações
financeiras!
O CENTCOM é o
Comando que mais intercâmbio de informação e análise operativa promove com o
AFRICOM, que tem no EUCOM o outro suporte, mais virado para apoios e
programações de transporte, logística e para o desencadear de “blitzkriegs”
como a presente operação Serval!
Naturalmente que é
o CENTCOM que mais se liga à Arábia Saudita, ao Qatar e a Israel.
O espaço sunita,
que no âmbito do islamismo se opõe ao espaço chiita, inscreve-se nesse enredo,
que também é do interesse dos falcões de Israel.
O financiamento dos
grupos radicais é indispensável para a expansão de tensões, sejam eles
considerados “amigos” ou “inimigos” (que jeito fazem este tipo de “inimigos”)…
Com “inimigos de
baixo custo”, torna-se útil a sua existência a fim de, criando conflito, dar
oportunidade às potências de intervirem de acordo com as ementas adequadas aos
interesses das multi-nacionais de feição, a fim de explorar os recursos
indispensáveis. Ao exercício do seu domínio.
Os serviços de
inteligência aliados tiraram partido da aliança com o “Libyan Islamic Fighting
Group” na Líbia, um grupo que incluía antigos “freedom fighters” da era Reagan
que tinham lutado contra os soviéticos no Afeganistão e se ligaram à Al Qaeda.
Em relação à Síria
os aliados ocidentais e árabes, sob a égide norte americana, aplicam
procedimentos similares por via dos grupos Takfiri, à sombra do Conselho de
Coordenação Nacional rebelde.
O grupo rebelde Al
Nusra Front por exemplo, que professa uma linha que se identifica com a Al
Qaeda, está a actuar na Síria é abertamente apoiado pela Arábia Saudita e pelo
Qatar.
Essas ligações
portanto não ocorrem todavia só em relação a grupos “amigos” que se
identificaram ou identificam com a Al Qaeda na Líbia e na Síria em aliança com
os interesses da hegemonia norte americana; grupos islâmicos radicais “inimigos”
como o AQIM, o Ansar Dine e o Mujao, que estão a ser combatidos pela “sacra” aliança
neo colonial reunida em torno da operação Serval, mantêm ligação ao “Libyan
Islamic Fighting Group” e possuem conexões à Arábia Saudita e ao Qatar.
Segundo Thierry
Meyssant do Réseaux Voltaire:
“A técnica de ingerência da França reproduz a utilizada anteriormente pela administração
Bush: utilizar grupos islamitas para criar conflitos e, posteriormente,
intervir e instalar-se no terreno com o pretexto de resolver esses mesmos
conflitos.
É por isso que a retórica do presidente francês François Hollande reproduz a retórica da guerra contra o terrorismo, já desenhada por Washington.
Nesta reencenação
aparecem de novo os protagonistas do costume: o Catar comprou acções
nas grandes empresas francesas presentes no Mali e o emir do Ansar Dine está estreitamente ligado á Arabia Saudita”.
O “soft power” do
AFRICOM aproveita muito bem esta situação:
- Domina através de
meios de inteligência “techint” e “humint” com o emprego de satélites, de
drones e de forças especiais;
- Integra os
aliados europeus aproveitando-se das heranças dos impérios coloniais e sua
capacidade de combate;
- Domina no
Conselho de Segurança da ONU sem o veto que houve no caso da Síria;
- Estimula os
emparceiramentos da NATO até com a Rússia (que terá fornecido aos franceses
aviões de transporte NA-124 para colocar no Mali os helicópteros de ataque no
âmbito da operação Serval);
- Estimula os
emparceiramentos africanos, manipulando com uma ameaça terrorista em relação à qual
o “berço” é produzido por seus próprios serviços de inteligência e os dos
aliados, que também correspondem sob o ponto de vista financeiro…
O império vai-se
impondo a África e para isso basta o “soft power” das ementas da administração
de Barack Hussein Obama: a “inteligência” resolve e a aristocracia financeira
mundial está bastante mais satisfeita do que com a brutalidade da administração
de George W. Bush!
Mapa: O petróleo
africano.
A consultar:
- U. S. Central
Command – http://en.wikipedia.org/wiki/U.S._Central_Command
- Air and Space
Operations Centers – http://en.wikipedia.org/wiki/Combined_Air_Operations_Center
- Ao Qaeda in the
Magreb – Who’s who? – Who is behind the terrorists? – http://www.globalresearch.ca/al-qaeda-in-the-islamic-maghreb-whos-whos-who-is-behind-the-terrorists/5319754
- Approved Arms for
Libya Rebels Fell Into Jihadis’ Hands – http://www.nytimes.com/2012/12/06/world/africa/weapons-sent-to-libyan-rebels-with-us-approval-fell-into-islamist-hands.html?pagewanted=all&_r=0
- Benghazi attack
reveals split in gun-running factions – http://endtimesnews.wordpress.com/2012/11/07/benghazi-attack-reveals-split-in-gun-running-factions/
- France-Qatar: fin
de la lune de miel entre les deux pays – http://www.tunisie-secret.com/France-Qatar-Fin-de-la-lune-de-miel-entre-les-deux-pays_a282.html
- Le Qatar déstabilise
l’Algérie et finance le terrorism au Mali – http://www.tunisie-secret.com/Le-Qatar-destabilise-l-Algerie-et-finance-le-terrorisme-au-Mali_a279.html
- Qatar Sponsor of
Islamist Political Movements Major Ally of America – http://www.globalresearch.ca/qatar-sponsor-of-islamist-political-movements-major-ally-of-america/5320105
- SUPPORTING THE
DOHA COALITION VIOLATES INTERNATIONAL LAW – http://syria360.wordpress.com/2012/11/20/supporting-the-doha-coalition-violates-international-law/
- The Benghazi
Attack: Some Thoughts – http://econwarfare.org/viewarticle.cfm?id=5109
- the cia annex and
the main compound – http://goldandguns.wordpress.com/2012/11/01/benghazi-the-cia-annexe-and-the-main-compound/
- The benghazi
affair – http://www.globalresearch.ca/the-benghazi-affair-uncovering-the-mystery-of-the-benghazi-cia-annex/5320872
- Tunisie Qatar et
Egypte contre l’action française au Mali – http://www.tunisie-secret.com/Tunisie-Qatar-et-Egypte-contre-l-action-francaise-au-Mali_a287.html
- Salvar o(s)
rei(s)” – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/salvar-os-reis.html.
- “Iraque, Iraque,
75 anos depois” – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html
- O assassinato de
Kadafi – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/o-assassinato-de-kadafi.html
- O último 11 de
Setembro – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-i.html
- O último 11 de
Setembro – II – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-ii.html
- Sarkozy
ressuscita o “pré carré” – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/sarkozy-ressuscita-o-pre-carre-com.html
- O petróleo e as
outras riquezas naturais incitam as disputas – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/mali-o-petroleo-e-as-outras-riquezas.html
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