Daniel Oliveira –
Expresso, opinião, em Blogues
Soubemos este fim
de semana, através de uma investigação do Expresso e da SIC, que há mais de 500
clientes do BPN com dívidas superiores a meio milhão de euros em incumprimento
total. Estarão em causa três mil milhões de euros. Os maiores devedores são
empresas e offshores ligados ao grupo SLN. Em particular, uma empresa de Emídio
Catum e Fernando Fantasia (que pertenceu à comissão de honra de Cavaco Silva).
Estas dívidas são
às três sociedades veículo criadas pelo ministério das Finanças, que deixaram
para o Estado os problemas do BPN (o que se safava ficou para a SLN ou foi
privatizado). Como grande parte destas dívidas correspondem a garantias insuficientes
ou nulas, é provável que este dinheiro nunca venha a ser pago. O buraco total deixado
pelo BPN pode chegar aos sete mil milhões de euros.
Uma dívida de três
mil milhões, dois terços do que o governo quer cortar em educação, saúde e
reformas. Sete mil milhões de buraco, quase o dobro.
Bem sei que o
primeiro-ministro disse que ninguém ficará de fora dos sacrifícios. Mas num
País que se leve a sério ninguém pode descansar enquanto todos os responsáveis
por estes negócios não estiverem atrás das grades. Numa democracia madura ninguém
pode aceitar qualquer sacrifício enquanto os que enriqueceram e deixaram esta
cratera para os contribuintes pagarem tiver uma punição exemplar. É
inacreditável, mas um dos principais arquitetos desta monumental vigarice é
conselheiro próximo do primeiro-ministro e os restantes, com exceção de
Oliveira e Costa, andam por aí. Só que até pagarem tudo, cada cêntimo que eu dê
ao Estado é um cêntimo a mais.
Esta coluna
regressa a 4 de Janeiro.
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