terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Portugal: A CRATERA DO BPN E OS NOSSOS SACRIFÍCIOS

 


Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues
 
Soubemos este fim de semana, através de uma investigação do Expresso e da SIC, que há mais de 500 clientes do BPN com dívidas superiores a meio milhão de euros em incumprimento total. Estarão em causa três mil milhões de euros. Os maiores devedores são empresas e offshores ligados ao grupo SLN. Em particular, uma empresa de Emídio Catum e Fernando Fantasia (que pertenceu à comissão de honra de Cavaco Silva).
 
Estas dívidas são às três sociedades veículo criadas pelo ministério das Finanças, que deixaram para o Estado os problemas do BPN (o que se safava ficou para a SLN ou foi privatizado). Como grande parte destas dívidas correspondem a garantias insuficientes ou nulas, é provável que este dinheiro nunca venha a ser pago. O buraco total deixado pelo BPN pode chegar aos sete mil milhões de euros.
 
Uma dívida de três mil milhões, dois terços do que o governo quer cortar em educação, saúde e reformas. Sete mil milhões de buraco, quase o dobro.
 
Bem sei que o primeiro-ministro disse que ninguém ficará de fora dos sacrifícios. Mas num País que se leve a sério ninguém pode descansar enquanto todos os responsáveis por estes negócios não estiverem atrás das grades. Numa democracia madura ninguém pode aceitar qualquer sacrifício enquanto os que enriqueceram e deixaram esta cratera para os contribuintes pagarem tiver uma punição exemplar. É inacreditável, mas um dos principais arquitetos desta monumental vigarice é conselheiro próximo do primeiro-ministro e os restantes, com exceção de Oliveira e Costa, andam por aí. Só que até pagarem tudo, cada cêntimo que eu dê ao Estado é um cêntimo a mais.
 
Esta coluna regressa a 4 de Janeiro.
 

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