FP – VM - Lusa
Bissau, 07 fev
(Lusa) - A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) diz haver no arquipélago
dos Bijagós uma rede de prostituição infantil, e acrescenta que há nos últimos
anos "um aumento exponencial de abusos sexuais" no país.
O alerta é deixado
num relatório sobre direitos humanos hoje divulgado em Bissau, referente aos
últimos dois anos, no qual a Liga afirma que especialmente nas ilhas de Rubane,
Caravela e Maio (sem autoridades judiciais) há prostituição de crianças entre
os 13 e os 16 anos nas unidades hoteleiras, "a favor dos responsáveis
afetos ao poder público e económico".
Num extenso
documento, a LGDH diz que as mulheres são especialmente afetadas em termos de
direitos humanos, com casamentos precoces e forçados, violência doméstica,
mutilação genital feminina, abusos e violência sexual e assédio sexual nos
locais de trabalho.
Num estudo sobre
violência contra as mulheres, 41 por cento das mulheres inquiridas afirmou não
ter escolhido o marido. Entre 2006 e 2010, foram apresentados 764 casos de
denúncia de casamento forçado, diz o documento.
A Liga diz que 56
por cento da população adulta da Guiné-Bissau é analfabeta e desta percentagem
64 por cento são mulheres. No Governo deposto no golpe de Estado do ano
passado, dos 16 ministérios apenas três eram ocupados por mulheres, exemplifica
a Liga.
Atentado contra os
direitos humanos é também a elevada taxa de mortalidade infantil. De acordo com
a LGDH, 63 em cada mil crianças morrem antes dos cinco anos. Em 2010, diz, 57
por cento das crianças entre os cinco e os 14 anos estavam envolvidas em
trabalho infantil, apesar de a lei o proibir.
Na liberdade de
imprensa, a LGDH diz que houve regressão a partir de 2010 e que piorou mais a
partir do golpe de Estado do ano passado. A deficiência física é vista como uma
maldição e no ensino básico de cada 100 crianças que entram no primeiro ano
apenas 40 atingem o sexto ano de escolaridade.
Depois, diz também
o relatório, a Guiné-Bissau não ratificou instrumentos fundamentais na área da
Saúde, onde faltam condições nos estabelecimentos hospitalares e onde falta
deontologia profissional de alguns técnicos, que exigem pagamentos ilícitos
pelos tratamentos.
Na Guiné-Bissau,
cerca de 20 por cento da população rural sofre de insegurança alimentar, apenas
66 por cento tem acesso a água potável e a "falta de respeito pelos
direitos humanos dos prisioneiros constitui um problema há décadas", diz a
Liga.
E na área das
forças de defesa e segurança, o relatório condena a "repressão"
exercida pela polícia militar e a "utilização desproporcional da
força", "tortura e detenções arbitrárias" por parte dos agentes
policiais.
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