Jornal i - Lusa
O ex-Presidente da
República Mário Soares defende que é impossível Portugal pagar a sua dívida
externa e aponta o exemplo da Argentina, dizendo que em plena crise financeira
se recusou a pagar e nada se passou.
Esta ideia foi
sustentada por Mário Soares em entrevista à Antena 1, que vai ser hoje emitida
pelas 10:00, na qual também apelou ao derrube do Governo, fez críticas ao
presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, atacou o ministro cessante
Miguel Relvas e deixou advertências ao Presidente da República, Cavaco Silva.
"Portugal não
pode nunca pagar aquilo que já deve e, por mais que se empobreça as pessoas,
por mais que se roube o dinheiro às pessoas que o têm, como o caso das pensões,
por mais que faça, o Estado não é capaz de pagar aquilo que deve. Quando não se
pode pagar, a única solução é não pagar", advogou Mário Soares.
Em seguida, apontou
o exemplo argentino: "Olhe-se a Argentina. A Argentina quando estava numa
crise [financeira] disse: Nós não pagamos. Passou-se alguma coisa? Não, não se
passou nada".
Na entrevista à
Antena 1, o ex-chefe de Estado defendeu como imperativo a mudança de Governo e
o fim da austeridade.
"Com essa
ânsia de se ser útil à senhora Merkel [chanceler germânica], estão a estragar o
país e a vender tudo. Em dois anos, este Governo destruiu quase tudo em
Portugal", sustentou.
Para Soares,
"qualquer político com um mínimo de bom senso, quando é vaiado - como eles
do Governo são todos os dias, chamando-lhes gatunos - deveria ter a dignidade
de se ir embora".
"Mas estão
agarrados ao poder", considerou.
O fundador e
primeiro líder do PS manifestou-se desiludido com a forma como Durão Barroso
tem exercido as funções de presidente da Comissão Europeia, dizendo que é
comandado pela chanceler Ângela Merkel, e manifestou-se curioso para ver como o
Presidente da República "descalça a bota" se o atual Governo PSD/CDS
cair.
"No momento em
que o Governo sair, há evidentemente um problema que o Presidente da República
tem de resolver.
Finalmente, vai
resolver qualquer coisa", referiu.
Na entrevista,
Mário Soares usou palavras duras sobre o tempo que o ministro cessante Miguel
Relvas permaneceu no Governo.
Neste ponto,
afirmou que a maioria no poder parece gostar "dos tipos que são arguidos e
que são eventualmente criminosos".
Confrontado com o
facto de Miguel Relvas não ser arguido em nenhum processo, Mário Soares
retorquiu que possivelmente "será um dia" e que "já está nessa
linha".
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