sexta-feira, 12 de abril de 2013

Soares diz que é impossível Portugal pagar a dívida e aponta exemplo argentino




Jornal i - Lusa

O ex-Presidente da República Mário Soares defende que é impossível Portugal pagar a sua dívida externa e aponta o exemplo da Argentina, dizendo que em plena crise financeira se recusou a pagar e nada se passou.

Esta ideia foi sustentada por Mário Soares em entrevista à Antena 1, que vai ser hoje emitida pelas 10:00, na qual também apelou ao derrube do Governo, fez críticas ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, atacou o ministro cessante Miguel Relvas e deixou advertências ao Presidente da República, Cavaco Silva.

"Portugal não pode nunca pagar aquilo que já deve e, por mais que se empobreça as pessoas, por mais que se roube o dinheiro às pessoas que o têm, como o caso das pensões, por mais que faça, o Estado não é capaz de pagar aquilo que deve. Quando não se pode pagar, a única solução é não pagar", advogou Mário Soares.

Em seguida, apontou o exemplo argentino: "Olhe-se a Argentina. A Argentina quando estava numa crise [financeira] disse: Nós não pagamos. Passou-se alguma coisa? Não, não se passou nada".

Na entrevista à Antena 1, o ex-chefe de Estado defendeu como imperativo a mudança de Governo e o fim da austeridade.

"Com essa ânsia de se ser útil à senhora Merkel [chanceler germânica], estão a estragar o país e a vender tudo. Em dois anos, este Governo destruiu quase tudo em Portugal", sustentou.

Para Soares, "qualquer político com um mínimo de bom senso, quando é vaiado - como eles do Governo são todos os dias, chamando-lhes gatunos - deveria ter a dignidade de se ir embora".

"Mas estão agarrados ao poder", considerou.

O fundador e primeiro líder do PS manifestou-se desiludido com a forma como Durão Barroso tem exercido as funções de presidente da Comissão Europeia, dizendo que é comandado pela chanceler Ângela Merkel, e manifestou-se curioso para ver como o Presidente da República "descalça a bota" se o atual Governo PSD/CDS cair.

"No momento em que o Governo sair, há evidentemente um problema que o Presidente da República tem de resolver.

Finalmente, vai resolver qualquer coisa", referiu.

Na entrevista, Mário Soares usou palavras duras sobre o tempo que o ministro cessante Miguel Relvas permaneceu no Governo.

Neste ponto, afirmou que a maioria no poder parece gostar "dos tipos que são arguidos e que são eventualmente criminosos".

Confrontado com o facto de Miguel Relvas não ser arguido em nenhum processo, Mário Soares retorquiu que possivelmente "será um dia" e que "já está nessa linha".

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