sexta-feira, 21 de junho de 2013

ENTRE O RELÂMPAGO E O RAYO…




Como está a situação em África, as "explosões" sociais e novas guerrilhas poderão vir eclodindo um pouco por todo o lado, conforme parece estar agora a acontecer em Moçambique. Isso faz parte da geoestratégia de recolonização em curso e por isso os sentidos das potências se voltam para este quinhão sofrido da forma que aqui no PG temos (eu e Rui Peralta) vindo a sublinhar, mas sobretudo a alertar. Acredito que ao longo dos próximos tempos a situação vai deteriorar-se mais em África e na América Latina, pois "as mãos livres" dos Estados Unidos (saídos do Iraque e do Afeganistão onde deixam o caos), vão agarrar novas presas... Como sempre o fizeram desde a IIª Guerra Mundial!... Barrados de certo modo na Síria em função da posição russa, as guerras de baixo custo tenderão a "substituir" as outras e em África elas são mais possíveis que em qualquer outra parte do mundo. - Martinho Júnior

Martinho Júnior, Luanda

1 – A Armada Espanhola, tal como outras armadas da NATO, está a habituar Angola à sua presença; praticamente não há mês algum que pelo menos um navio da NATO faça rota, que seja do conhecimento público, ao longo da corrente fria de Benguela e aporte em Luanda, ou no Lobito, assinalando “viagens de cortesia”, com as habituais demonstrações “em parceria”, que são já “costumeiros rituais”!...

Desta feita Angola recebeu pela segunda vez um “Buque de Acción Marítima” da classe Meteoro: a 3 de Janeiro de 2013 o “BAM” Relâmpago deixou Luanda e a 21 de Junho o “BAM” Rayo sairá do porto do Lobito!

A classe Meteoro é das mais recentes no activo da Marinha de Guerra Espanhola e também das mais versáteis, combinando eficiência tecnológica com capacidade de patrulha de longo raio de acção, com tripulação em número menor do que o efectivo das fragatas e custos reduzidos de exploração e operação… “crise obriga”…

Por exemplo, a classe combina essas capacidades com a protecção à frota pesqueira espanhola ao mesmo tempo que faz o “combate à pirataria” enquanto um dos rótulos que cobre o sistema de patrulha de Espanha que se estendeu do Atlântico ao Índico, com uso dos navios de guerra espanhóis precisamente desde quando a NATO, com o incentivo da hegemonia poderosa dos Estados Unidos, se deslocou para o Afeganistão!

A União Europeia corrobora nessa cobertura: a missão naval serve para a protecção dos barcos fretados no âmbito do Programa Mundial de Alimentos, dos barcos da Missão da ONU para a Somália, para assegurar as rotas do Índico Norte e até para realizar exercícios navais liderados pelo Qatar, conforme o “Ferocious Falcon” (em que participou o “BAM” Relâmpago)… servem para tudo menos para garantir efectivamente à Somália um exercício eficaz de soberaniapelo menos até ao limite mínimo das 12 milhas das suas águas territoriais… talvez por que muito interessa evocar e utilizar o apelo ao combate à pirataria em cada porto africano onde atraquem os “BAM”!...

Os Meteoros têm base em Las Palmas e estão a ser destacados para as costas da Somália, contornando ciclicamente toda a costa ocidental e oriental de África, onde aliás a frota pesqueira espanhola, uma das maiores da União Europeia, se distende nas fainas de longo curso, sem que haja fiscalização africana sobre as suas actividades no âmbito da profundidade das 200 milhas!

No Índico Norte as frotas de pesca da Galiza e do País Basco recolhem principalmente o grosso do atum que colocam a Espanha no 2º lugar mundial e no 1º da União Europeia nas capturas dessa espécie!

2 – O Lobito é um porto bem conhecido dos pesqueiros espanhóis: já no tempo colonial, enquanto a frota de pesca do Almirante Henrique Tenreiro se deslocava para a Greonlândia em busca do bacalhau e a nível local se incrementavam interesses nas pescas que começavam a colidir com os interesses “da metrópole”, as frotas de Vigo e de Huelva percorriam os mares de Angola à procura, entre outras espécies, da “pescada de Vigo”!

Desde então para cá que os modernos pesqueiros espanhóis circulam também nas rotas da corrente fria de Benguela, das mais ricas em pescado do mundo e, se na África do Sul, na Namíbia e em Angola há alguma fiscalização efectiva nas águas territoriais, ao contrário do que acontece na Somália, o mesmo não se poderá dizer na profundidade das 200 milhas.

Isso quer dizer que muitos navios das mais variadas proveniências, inclusive a espanhola, na ausência de suficiente poder naval e de fiscalização dos estados africanos, assumem quotas de pesca que tendem a fugir ao controlo dos interesses locais, com um resultado que redunda em claro prejuízo para África, no que se pode considerar de uma autêntica pirataria subtilmente escondida, organizada e impune que dura em alguns casos de há várias décadas!

Evoca-se com todos os alarmes dos media a pirataria africana para esconder a outra pirataria proveniente de outros continentes a que muito poucos ousam fazer referência!
O rótulo de “combate à pirataria” serve pois às mil-maravilhas e esconde todo o tipo de actividades das frotas de pesca e de outras, entre elas o depósito criminoso de resíduos tóxicos.

No seu conjunto a pesca industrial da potências põe em causa uma das maiores riquezas em relação às quais África tem direitos inalienáveis mas um limitado acesso, no momento em que pelo menos alguns, como Angola, promovem ingentes esforços de combate à pobreza e à fome!

Quando evoco as implicações caóticas da globalização neo liberal ao sabor das corporações e do poder exercido no âmbito da hegemonia, urge entre as muitas questões que se identificam em prejuízo de África, avaliar o impacto em múltiplos sectores de actividade dessas políticas que também se espelham no estado irracional do controlo e da fiscalização sobre as pescas ao redor de África em resultado da fragilidade naval dos estados e interesses legítimos africanos!

3 – Como corolário desta minha intervenção “entre o Relâmpago e o Rayo” que contraria muitos dos argumentos a que recorrem aqueles que alinham na hegemonia “ocidental”, ilustro com a seguinte pérola sobre o uso do “BAM” Rayo no decurso da Missão Atalanta ao largo das costas da Somália, precisamente uma das costas africanas onde menos se faz sentir a capacidade africana de exercício de soberania, controlo e fiscalização:

“Piratería Marítima

El BAM Rayo aborda una embarcación sospechosa en la operación Atalanta.

El esquife sospechoso, con seis hombres a bordo, fue detectado por el pesquero español Txoro Toki mientras faenaba en la cuenca de Somalia. Los hechos se produjeron días atrás; el pesquero español Txoro Toki que se encontraba faenando en la cuenca de Somalia, avistó un esquife a la deriva con 6 hombres a bordo a 4 millas de su posición (a unas 240 millas al sur este de HOBYO).

Siguiendo el protocolo establecido para estos casos, el pesquero no se aproximó y comunicó los hechos al Centro de operaciones y vigilancia de acción marítima de la Armada (COVAM), desde donde se iniciaron los avisos en los medios habituales para la comunicación de estos acontecimientos.

El Buque de Acción Marítima (BAM) Rayo, desplegado en la operación Atalanta y que en el momento del avistamiento se encontraba a 150 millas, fue designado por el Mando de la Operación para investigar.

A las 22 h el Rayo llegó a las inmediaciones del esquife sospechoso e inició un seguimiento encubierto, iniciando el abordaje por medio de su trozo de visita y registro unas horas más tarde.

Tras el abordaje e inspección no se encontraron evidencias relacionadas con la piratería aunque tampoco ningún arte de pesca, si bien el esquife estaba equipado con dos potentes motores fuera borda (averiados) y los tripulantes llevaban un equipo GPS y varios teléfonos móviles sin tarjetas.

A 250 millas al Este de Mogadiscio y debido al mal estado de la mar, de la falta de víveres e de la inoperatividad de los motores, el comandante del Rayo ordenó embarcar a los seis tripulantes a bordo, siendo identificados y pasando reconocimiento médico.

En la mañana del día 9 de mayo, siguiendo instrucciones del Mando de la Task Force 465, de la que depende el BAM Rayo, han sido desembarcados en una playa segura ubicada en las inmediaciones del campamento Red Baron en Somalia”…

Nota:
A consultar ainda:
- Rapidinhas do Martinho – 26 – Ainda a Somália – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/07/rapidinhas-do-martinho-26.html
- Globalização, neoliberalismo e petróleo – Thatcher e as Malvinas –
- Los verdaderos piratas en Somalia: Washington, Paris y Oslo – http://africaneando.org/2011/01/24/hfd1294592558/
- Pirateria en Somalia – Escusa u oportunidad geo política – http://www.rebelion.org/docs/160820.pdf
- THE REAL HUMAN, ECONOMIC, POLITICAL and STRUCTURAL CAUSES BEHIND THE FAMINE IN THE HORN OF AFRICA – http://yajnacentre.blogspot.com/2011/07/root-human-cause-behind-famine-in-horn.html
- No es la sequia, es el imperialism – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=134149

2 comentários:

Anónimo disse...



La nueva Estrategia de Seguridad Nacional española: el pacto entre PP y PSOE

Alberto Cruz
CEPRID


Las dos caras principales del capitalismo español se han puesto de acuerdo para elaborar una nueva Estrategia de Seguridad Nacional 2013 que es completada con la aprobación de un Real Decreto sobre la composición del Consejo de Seguridad Nacional. El hecho, que ha pasado desapercibido, tuvo lugar el 30 de mayo y pone de manifiesto cómo no hay diferencia alguna entre estos dos partidos en lo que atañe a la política exterior española y sus “desafíos” (1) que son, principalmente, comerciales y económicos.
Lo curioso del caso no es que PP y PSOE sean las dos caras de la misma moneda y se hayan puesto de acuerdo en una política exterior en la que apenas tienen diferencias, sino que por parte del PSOE quienes han negociado con el PP han sido personajes que tuvieron responsabilidad en los gobiernos encabezados por Felipe González, mientras que quienes estuvieron en los de José Luis Rodríguez Zapatero han estado ausentes, a excepción del tránsfuga de IU Diego López Garrido, ex Secretario de Estado y actual portavoz de Defensa del PSOE en el Congreso de los Diputados. Tal vez este dato ayude a comprender por qué Felipe González mantiene reuniones frecuentes con Mariano Rajoy en el palacio de La Moncloa y por qué hace declaraciones públicas reforzando la política depredadora capitalista del gobierno del PP.


http://www.rebelion.org/noticia.php?id=170023

Anónimo disse...




La diáspora del terror
Los militares de EE.UU. y la desintegración de África

Nick Turse
TomDispatch

Traducido del inglés para Rebelión por Germán Leyens


El Golfo de Guinea. Lo dijo sin el menor indicio de ironía o embarazo. Era uno de los grandes triunfos del Comando África de EE.UU. El Golfo… de Guinea.
No importa que la mayoría de los estadounidenses no puedan encontrarlo en un mapa o no hayan oído hablar de las naciones que están en sus costas como Gabón, Benín, y Togo. No importa que solo cinco días antes de que yo hablara con el principal portavoz de AFRICOM, el Economist haya preguntado si el Golfo de Guinea estaba a punto de convertirse en “otra Somalia”, porque la piratería había aumentado un 41% de 2011 a 2012 e iba rumbo a empeorar aún más en 2013.

...


http://www.rebelion.org/noticia.php?id=170148

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