Jorge Montezinho –
Expresso das Ilhas
O Fundo Monetário
Internacional reconheceu que há um “grau considerável de incertezas” uma vez
que não há dados actualizados do PIB cabo-verdiano desde 2010. Esta foi uma das
conclusões a que chegou a equipa chefiada por Sukhwinder Singh, que esteve no arquipélago
desde o passado dia 31 de Maio.
Em conferência de
imprensa, esta sexta-feira, o FMI constatou que o crescimento económico tem
abrandado nos últimos anos, projectando que deverá continuar “modesto” este
ano.
Ainda segundo o
FMI, se a fragilidade económica continuar, a curto prazo a prioridade deve
continuar a ser o investimento público, mas, a médio prazo, os técnicos do
Fundo Monetário Internacional consideram que os níveis da dívida têm de ser
reduzidos para assim aumentar as reservas internacionais.
O trabalho do Banco
Central foi elogiado pelas medidas tomadas para assegurar a saúde do sistema
bancário, apesar do FMI ter reconhecido também o aumento do crédito mal parado
(que ultrapassou os 18 por cento em Março, como avançou o Expresso das Ilhas na
última edição impressa).
Por último, a
missão do FMI assinalou duas áreas que são consideradas críticas para se
conseguirem os objectivos de crescimento e estabilidade macroeconómica: a
intensificação da produtividade e competitividade da economia e reformas
“radicais” na gestão das infra-estruturas.
E estas reformas
vão acontecer, garantiu a Ministra das Finanças aos jornalistas na mesma
conferência de imprensa. Cristina Duarte apontou os planos de privatização das
operações portuárias, a transformação da ENAPOR numa autoridade portuária, a
divisão da TACV e as mexidas no código laboral, como alguns dos exemplos de
alterações que o governo quer concluir (a edição 600 do Expresso das Ilhas
explica em pormenor o que é a Carta de Política de Transportes do governo, onde
estão incluídas as mudanças na TACV e as privatizações de portos e aeroportos).
“Somos 500 mil
habitantes, não temos mercado, para crescermos temos de ir à conquista de
mercado externo e isso exige que sejamos competitivos. Temos de alinhar o nosso
mercado laboral com os níveis de competitividade internacional, para conquistar
um pedaço desse mercado”, frisou a ministra das Finanças.
Cristina Duarte que
pediu ainda o consenso nacional para se conseguirem atingir estes objectivos,
sublinhando que “governo, oposição e sociedade terão de estar sintonizados pelo
mesmo fim. Estas reformas, que são essenciais, penso que não deverão gerar
resistências”.
Sobre as críticas
do FMI à falta de dados, a ministra das Finanças admitiu que essa questão revela
“alguma fragilidade nesta matéria” dificultando assim a tomada de decisões de
gestão macroeconómica, mas salientou que a responsabilidade dessa falha é do
Instituto Nacional de Estatísticas e que por isso mesmo “o FMI ofereceu-se para
fornecer assistência técnica ao INE no que diz respeito à produção dos dados
das contas nacionais”, oferta que o governo aceitou.
A próxima visita de
avaliação do FMI deve realizar-se no último trimestre de 2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário