PMA – MLL - Lusa
Maputo, 05 jun
(Lusa) - O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido
moçambicano, acusou hoje o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral
(STAE) de "sabotagem deliberada" do recenseamento eleitoral para
favorecer o partido no poder, Frelimo.
As queixas do MDM
sobre o curso do recenseamento para as eleições municipais de novembro próximo
seguem-se ao reconhecimento na semana passada pelo STAE de falhas no processo,
devido "a incompatibilidades" no equipamento importado para a
operação.
Em declarações à
Lusa em Maputo, o porta-voz do gabinete eleitoral do MDM, José de Sousa, disse
que o STAE está apostado em desencorajar o eleitorado das áreas favoráveis à
oposição de se recensear e assegurar o sucesso do processo nas zonas
aparentemente pró-Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique).
"Estas
supostas falhas são uma sabotagem deliberada, porque as eleições foram pensadas,
faltando muito tempo e o STAE teve tempo para se preparar", afirmou José
de Sousa.
O MDM afirma estar
na posse de informações que indicam haver instruções para que nos postos de
recenseamento montados nas zonas com maior número de simpatizantes da oposição
não sejam recenseadas mais de 20 eleitores por dia.
"Com esse
ritmo de recenseamento, resulta claro que muitos eleitores serão impedidos de
exercer o seu direito de voto", assinalou o porta-voz do gabinete
eleitoral do MDM.
O dirigente
repudiou o facto de os agentes de recenseamento eleitoral recusarem a inscrição
de eleitores desprovidos de Bilhete de Identidade, mas com outros documentos de
identificação, contrariando a lei.
"Se a lei
eleitoral se contenta com apenas duas testemunhas, não se compreende a recusa
dos agentes de recenseamento de aceitar a inscrição de eleitores que tenham
documentos de identificação que não sejam o Bilhete de Identidade",
afirmou José de Sousa.
Ouvido pela Lusa
sobre as alegações do MDM, o porta-voz da Frelimo, Damião José, qualificou as
acusações "descabidas e falaciosas", porque "a Frelimo quer o
crescimento do processo democrático" moçambicano.
"Os problemas
que podem estar a acontecer com o recenseamento eleitoral não podem ser
imputados à Frelimo, porque a gestão do processo é feito por um órgão próprio e
independente da Frelimo. No início do processo, os agentes do recenseamento
podem ter enfrentado dificuldades, o que é humano, mas estão já a
familiarizar-se com o processo", disse Damião José.
O porta-voz da
Frelimo afirmou que o seu partido está interessado na realização de eleições
livres, justas e transparentes, porque está comprometido com a consolidação do
processo democrático moçambicano.
A Renamo, maior
partido da oposição, não participa no processo e anunciou que vai boicotar o
ciclo eleitoral que se inicia a 20 de novembro, com as autárquicas, por
discordar da nova lei que regula as eleições e a composição dos órgãos
eleitorais.
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