quarta-feira, 5 de junho de 2013

Movimento Democrático de Moçambique denuncia "sabotagem do recenseamento" eleitoral

 

PMA – MLL - Lusa
 
Maputo, 05 jun (Lusa) - O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido moçambicano, acusou hoje o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de "sabotagem deliberada" do recenseamento eleitoral para favorecer o partido no poder, Frelimo.
 
As queixas do MDM sobre o curso do recenseamento para as eleições municipais de novembro próximo seguem-se ao reconhecimento na semana passada pelo STAE de falhas no processo, devido "a incompatibilidades" no equipamento importado para a operação.
 
Em declarações à Lusa em Maputo, o porta-voz do gabinete eleitoral do MDM, José de Sousa, disse que o STAE está apostado em desencorajar o eleitorado das áreas favoráveis à oposição de se recensear e assegurar o sucesso do processo nas zonas aparentemente pró-Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique).
 
"Estas supostas falhas são uma sabotagem deliberada, porque as eleições foram pensadas, faltando muito tempo e o STAE teve tempo para se preparar", afirmou José de Sousa.
 
O MDM afirma estar na posse de informações que indicam haver instruções para que nos postos de recenseamento montados nas zonas com maior número de simpatizantes da oposição não sejam recenseadas mais de 20 eleitores por dia.
 
"Com esse ritmo de recenseamento, resulta claro que muitos eleitores serão impedidos de exercer o seu direito de voto", assinalou o porta-voz do gabinete eleitoral do MDM.
 
O dirigente repudiou o facto de os agentes de recenseamento eleitoral recusarem a inscrição de eleitores desprovidos de Bilhete de Identidade, mas com outros documentos de identificação, contrariando a lei.
 
"Se a lei eleitoral se contenta com apenas duas testemunhas, não se compreende a recusa dos agentes de recenseamento de aceitar a inscrição de eleitores que tenham documentos de identificação que não sejam o Bilhete de Identidade", afirmou José de Sousa.
 
Ouvido pela Lusa sobre as alegações do MDM, o porta-voz da Frelimo, Damião José, qualificou as acusações "descabidas e falaciosas", porque "a Frelimo quer o crescimento do processo democrático" moçambicano.
 
"Os problemas que podem estar a acontecer com o recenseamento eleitoral não podem ser imputados à Frelimo, porque a gestão do processo é feito por um órgão próprio e independente da Frelimo. No início do processo, os agentes do recenseamento podem ter enfrentado dificuldades, o que é humano, mas estão já a familiarizar-se com o processo", disse Damião José.
 
O porta-voz da Frelimo afirmou que o seu partido está interessado na realização de eleições livres, justas e transparentes, porque está comprometido com a consolidação do processo democrático moçambicano.
 
A Renamo, maior partido da oposição, não participa no processo e anunciou que vai boicotar o ciclo eleitoral que se inicia a 20 de novembro, com as autárquicas, por discordar da nova lei que regula as eleições e a composição dos órgãos eleitorais.
 

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