terça-feira, 23 de julho de 2013

Angola: CUIDAR DO ESTÔMAGO E DO ESPÍRITO




Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião

Angola embrenhou-se de forma acelerada na reconstrução da economia e os resultados não tardaram a aparecer.

A soma dos elogios que o país já recebeu da comunidade internacional pela forma como está a conduzir o processo político e económico-social de construção de um novo país depois do fim da guerra podia ser por si só motivo para dispensar comentários adicionais. Mas eles funcionam como o reconhecimento do grande esforço que os angolanos continuam a fazer para ter um país cada vez melhor. Começamos por atacar a questão das estradas e por arrasto o comércio inter-provincial floresceu e a agricultura voltou a ganhar expressão. Explorações familiares, pequenas, médias e até mesmo as de carácter industrial, ressurgiram. Os camponeses podem hoje dizer que, apesar de ainda enfrentarem algumas dificuldades, se sentem felizes porque produzem e conseguem comercializar os seus produtos. As estradas trouxeram o progresso e por isso o país ganhou mais um reconhecimento a nível internacional no mês passado. A FAO elogiou Angola por ter conseguido reduzir a fome e a malnutrição em 50 por cento. A taxa de má nutrição que era de 45 por cento baixou para 29 por cento e espera-se que em 2015 seja de 22 por cento. Por isso, o país foi homenageado no mês passado em Roma por fazer parte de um conjunto de 20 nações que atingiram, antes do prazo final, as metas internacionalmente estabelecidas de combate à fome. E porque Angola se tornou também nesta matéria um exemplo, à semelhança do que vem conseguindo também noutras lides, a FAO propôs a organização no país no próximo ano do Fórum sobre Políticas de Agricultura Familiar em África. Para consolidar o trabalho que está a ser feito no sector agrícola o Executivo anunciou o início de funcionamento, ainda este mês, dos Centros de Logística e Distribuição de Luanda, Huambo, Chinguar (Bié) e Gabela (Kwanza-Sul) que se vão ocupar de adquirir, armazenar e escoar para as superfícies comerciais os produtos agrícolas dos camponeses. O compromisso assumido é o de apoiar 2,6 milhões de famílias camponesas. Tudo isso só é possível com avultados investimentos que têm sido feitos ao longo de anos e atacando várias frentes ao mesmo tempo, porque o combate à fome e à pobreza não se limita a dar de comer às pessoas. É preciso cuidar da saúde, da educação, enfim, é preciso investir em várias frentes. E é isso que na realidade temos vindo a assistir. Se o sector da construção parece ser o mais mediatizado, por via do surgimento das novas centralidades habitacionais e das soluções já avançadas para salvaguardar o interesse dos compradores dos segmentos de baixo e médio rendimento, não menos importante é falar do programa estruturante da rede ferroviária que vai ligar Angola à RDC, à Zâmbia e à Namíbia e desde modo impulsionar as trocas comerciais a nível da região. Outra frente “de ataque” ao desenvolvimento é representada pelos sectores da água e da energia, onde prossegue o trabalho de fundo com vista a garantir a melhoria do abastecimento per capita. A estes junta-se o da Geologia e Minas, cuja dinâmica promete tornar o país, nos próximos tempos, um produtor importante de minérios, alargando para lá do diamante o leque ao cobre, aos fosfatos, ao mármore. É uma busca incessante de novas fontes de riqueza para o país que estão a permitir à economia não petrolífera ganhar peso na contribuição para o Produto Interno Bruto. É também um labor incessante na criação de novos postos de trabalho, por via da criação de novas empresas, de novas indústrias, que é o caminho mais acertado para se efectuar a repartição equitativa do rendimento nacional e se desenvolver também o país. A criação de capital humano é imprescindível para garantir que os angolanos estejam em condições de gerir todos esses projectos. Daí a aposta do Executivo num ensino de qualidade e a preocupação para que haja mais fiscalização neste sector. Apenas técnicos bem preparados estão em condições de proporcionar ao país um crescimento sustentado, estável e de muito longo prazo. Prova disso é Angola ter registado, no início do mês, mais uma vez o aumento das reservas líquidas internacionais, que atingiram 34,4 mil milhões de dólares, e o Banco Mundial ter elogiado os progressos significativos na gestão das Finanças Públicas nas últimas décadas. Mas nem só de pão vive o homem e por isso o Executivo não tem descurado outros sectores que, não produzindo riqueza material, constituem áreas importantes para a afirmação da nossa identidade. São os casos do desporto e da cultura. Por isso organizamos com êxito o CAN de 2010. No mês passado Angola conquistou o Leão de Ouro na Bienal de Veneza. Em Setembro vamos organizar o primeiro campeonato mundial de hóquei em patins realizado num país africano. É mais um momento para mostrar de forma inequívoca que os angolanos estão apostados e comprometidos com o desenvolvimento do país.

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