Filomeno Manaças –
Jornal de Angola, opinião
Angola embrenhou-se
de forma acelerada na reconstrução da economia e os resultados não tardaram a
aparecer.
A soma dos elogios
que o país já recebeu da comunidade internacional pela forma como está a
conduzir o processo político e económico-social de construção de um novo país
depois do fim da guerra podia ser por si só motivo para dispensar comentários
adicionais. Mas eles funcionam como o reconhecimento do grande esforço que os
angolanos continuam a fazer para ter um país cada vez melhor. Começamos por
atacar a questão das estradas e por arrasto o comércio inter-provincial
floresceu e a agricultura voltou a ganhar expressão. Explorações familiares,
pequenas, médias e até mesmo as de carácter industrial, ressurgiram. Os
camponeses podem hoje dizer que, apesar de ainda enfrentarem algumas
dificuldades, se sentem felizes porque produzem e conseguem comercializar os
seus produtos. As estradas trouxeram o progresso e por isso o país ganhou mais
um reconhecimento a nível internacional no mês passado. A FAO elogiou Angola
por ter conseguido reduzir a fome e a malnutrição em 50 por cento. A taxa de má
nutrição que era de 45 por cento baixou para 29 por cento e espera-se que em
2015 seja de 22 por cento. Por isso, o país foi homenageado no mês passado em
Roma por fazer parte de um conjunto de 20 nações que atingiram, antes do prazo
final, as metas internacionalmente estabelecidas de combate à fome. E porque
Angola se tornou também nesta matéria um exemplo, à semelhança do que vem
conseguindo também noutras lides, a FAO propôs a organização no país no próximo
ano do Fórum sobre Políticas de Agricultura Familiar em África. Para consolidar
o trabalho que está a ser feito no sector agrícola o Executivo anunciou o
início de funcionamento, ainda este mês, dos Centros de Logística e
Distribuição de Luanda, Huambo, Chinguar (Bié) e Gabela (Kwanza-Sul) que se vão
ocupar de adquirir, armazenar e escoar para as superfícies comerciais os
produtos agrícolas dos camponeses. O compromisso assumido é o de apoiar 2,6
milhões de famílias camponesas. Tudo isso só é possível com avultados
investimentos que têm sido feitos ao longo de anos e atacando várias frentes ao
mesmo tempo, porque o combate à fome e à pobreza não se limita a dar de comer
às pessoas. É preciso cuidar da saúde, da educação, enfim, é preciso investir
em várias frentes. E é isso que na realidade temos vindo a assistir. Se o sector
da construção parece ser o mais mediatizado, por via do surgimento das novas
centralidades habitacionais e das soluções já avançadas para salvaguardar o
interesse dos compradores dos segmentos de baixo e médio rendimento, não menos
importante é falar do programa estruturante da rede ferroviária que vai ligar
Angola à RDC, à Zâmbia e à Namíbia e desde modo impulsionar as trocas
comerciais a nível da região. Outra frente “de ataque” ao desenvolvimento é
representada pelos sectores da água e da energia, onde prossegue o trabalho de
fundo com vista a garantir a melhoria do abastecimento per capita. A estes
junta-se o da Geologia e Minas, cuja dinâmica promete tornar o país, nos
próximos tempos, um produtor importante de minérios, alargando para lá do diamante
o leque ao cobre, aos fosfatos, ao mármore. É uma busca incessante de novas
fontes de riqueza para o país que estão a permitir à economia não petrolífera
ganhar peso na contribuição para o Produto Interno Bruto. É também um labor
incessante na criação de novos postos de trabalho, por via da criação de novas
empresas, de novas indústrias, que é o caminho mais acertado para se efectuar a
repartição equitativa do rendimento nacional e se desenvolver também o país. A
criação de capital humano é imprescindível para garantir que os angolanos
estejam em condições de gerir todos esses projectos. Daí a aposta do Executivo
num ensino de qualidade e a preocupação para que haja mais fiscalização neste
sector. Apenas técnicos bem preparados estão em condições de proporcionar ao
país um crescimento sustentado, estável e de muito longo prazo. Prova disso é
Angola ter registado, no início do mês, mais uma vez o aumento das reservas
líquidas internacionais, que atingiram 34,4 mil milhões de dólares, e o Banco
Mundial ter elogiado os progressos significativos na gestão das Finanças
Públicas nas últimas décadas. Mas nem só de pão vive o homem e por isso o
Executivo não tem descurado outros sectores que, não produzindo riqueza
material, constituem áreas importantes para a afirmação da nossa identidade.
São os casos do desporto e da cultura. Por isso organizamos com êxito o CAN de
2010. No mês passado Angola conquistou o Leão de Ouro na Bienal de Veneza. Em
Setembro vamos organizar o primeiro campeonato mundial de hóquei em patins
realizado num país africano. É mais um momento para mostrar de forma inequívoca
que os angolanos estão apostados e comprometidos com o desenvolvimento do país.
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