terça-feira, 22 de outubro de 2013

Moçambique: Renamo diz que ataque do exército moçambicano enterrou acordo de paz

 


A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, denunciou hoje o acordo de paz que assinou em 1992 com o governo de Maputo, após a base do seu líder, Afonso Dhlakama, ter sido atacada e tomada pelo exército.
 
"A atitude irresponsável do comandante em chefe das Forças Armadas pôs termo ao acordo de paz de Roma", disse hoje o porta-voz da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), Fernando Mazanga, referindo-se ao Presidente da República, Armando Guebuza.
 
Mazanga falava esta tarde em Maputo numa conferência de imprensa, na qual confirmou que o exército moçambicano "fustigou e tomou" a residência de Afonso Dhlakama, no centro do país, obrigando-o a abandonar a casa para um local não revelado, onde "está de boa saúde".
 
"O objetivo da Frelimo e do seu presidente, Armando Guebuza, é assassinar o presidente Afonso Dhlakama, para subjugarem a vontade dos moçambicanos, pois ele jamais permitiria que os moçambicanos fiquem acorrentados na ideologia de partido único", acusou Fernando Mazanga.
 
Apelando para a calma dos moçambicanos, o porta-voz da Renamo declarou que o líder do movimento ainda não "ordenou" a resposta das suas forças à alegada incursão do exército, tendo "autorizado" apenas a retirada da população que vive perto da residência.
 
Pouco tempo depois, o governo de Moçambique confirmou o ataque naquela base.
 
Em declarações aos jornalistas, o diretor nacional de Política de Defesa no Ministério da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, disse que as forças governamentais posicionadas na zona de Sandjudjira "foram atacadas pelos guerrilheiros da Renamo", pelo que houve uma resposta.
 
"Hoje ocorreu que, no final da manhã, muito próximo das 12:00, os guerrilheiros da Renamo atacaram as nossas forças posicionadas na zona de Sandjudjira e, na sequência deste ato, as Forças de Defesa e Segurança contra-atacaram e os guerrilheiros da Renamo refugiaram-se no local onde se localizava o senhor Afonso Dhlakama", disse Cristóvão Chume.
 
Segundo o responsável, "porque era preciso parar as pessoas que atacaram, as Forças de Defesa e Segurança (de Moçambique) perseguiram os homens da Renamo até ao local de onde tinham saído, neste caso, onde se localizava o senhor Afonso Dhlakama".
 
"As nossas forças encontram-se no terreno, no local onde se encontrava o senhor Afonso Dhlakama", disse o diretor nacional de Política de Defesa no Ministério da Defesa de Moçambique
 
No entanto, "não há baixas verificadas nas Forças de Defesa e Segurança, não houve baixas das populações que vivem naquela zona", afirmou Cristóvão Chume, que não confirmou "nenhuma baixa por parte deles", da Renamo.
 
"Não conhecemos a localização do senhor Afonso Dhlakama porque quando as nossas forças iam em perseguição dos seus homens ele e os seus homens puseram-se em fuga", acrescentou Cristóvão Chume, que apelou "à calma, tranquilidade e serenidade em relação aos diversos pronunciamentos que podem seguir-se na sequência desta situação".
 
Lusa
 

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