A Renamo, principal
partido da oposição moçambicana, disse que o exército moçambicano
"fustigou e tomou" a residência do seu líder, Afonso Dhlakama,
obrigando-o a abandonar a casa para um local não revelado, onde "está de
boa saúde".
"Neste momento
em que estou a vos falar, Sathundjira está a ser fustigada com armamento
bélico. Tomaram a residência do presidente Afonso Dhlakama", afirmou o
porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Fernando Mazanga,
através de um comunicado que leu durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Hoje, a imprensa
moçambicana dava conta de um cerco montado pelo exército moçambicano à volta da
casa de Afonso Dhlakama, em Santhundjira, uma antiga base da guerrilha da
Renamo, na província de Sofala, centro do país, onde o líder do principal
partido da oposição se instalou há mais de um ano em protesto contra a alegada
ditadura do governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
Segundo o principal
partido da oposição, Afonso Dhlakama abandonou a habitação atacada pelo
exército moçambicano e encontra-se de "boa saúde e com moral bastante
elevado".
"O objetivo da
Frelimo e do seu presidente, Armando Guebuza, é de assassinar o presidente
Afonso Dhlakama, para subjugarem a vontade dos moçambicanos, pois ele jamais
permitiria que os moçambicanos fiquem acorrentados na ideologia de partido
único", acusou Fernando Mazanga.
Apelando à calma
dos moçambicanos, o porta-voz da Renamo declarou que o líder do movimento ainda
não "ordenou" a resposta das suas forças à alegada incursão do
exército, tendo "autorizado" apenas a retirada da população que vive
perto da residência.
O Governo
moçambicano ainda não se pronunciou sobre as alegações da Renamo.
O cerco à casa de
Afonso Dhlakama é um sinal do recrudescimento da tensão político-militar em
Moçambique, a pior desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992,
causada pela recusa do principal partido da oposição em participar nas eleições
autárquicas de 20 de novembro.
A Renamo está a
boicotar as próximas eleições autárquicas por ter visto rejeitada a exigência
de inclusão na lei eleitoral do princípio da paridade na composição dos órgãos
eleitorais, aos quais acusa de favorecerem a Frelimo.
Lusa
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