Jornal de Notícias
O primeiro-ministro
da Ucrânia, Mykola Azarov, afirmou esta segunda-feira que os protestos na
capital, Kiev, estão "descontrolados" e responsabilizou as forças
políticas da oposição por aquilo que disse assemelhar-se a "um golpe de
Estado".
Azarov disse que o
Governo "tem informação de que está a ser preparado um assalto ao edifício
do parlamento", numa reunião que manteve hoje em Kiev com os embaixadores
da União Europeia, Estados Unidos e Canadá na Ucrânia, segundo relataram meios
de comunicação locais.
"Agora, a
situação mudou. Por um lado, não retiramos a responsabilidade às forças de
segurança, mas por outro, os políticos que se associaram a estas ações
radicalizaram a situação", sustentou o governante.
Azarov acrescentou
que as ações de protesto -- exigindo eleições antecipadas para a presidência e
para o governo do país - passaram de reunir multidões a serem
"descontroladas", ou "melhor, dirigidas por determinadas forças
políticas", que "têm a ideia de que se pode reverter a ordem
estabelecida".
"Isto tem
todos os sinais de um golpe de Estado. É muito grave. Nós demonstramos
paciência, mas queríamos que os nossos parceiros não sentissem que há
permissividade", disse.
O primeiro-ministro
disse que "para alcançar esses objetivos, recorrem a métodos totalmente
ilegais: instam pessoas a assaltar edifícios oficiais, a bloquear o trabalho
das instituições e fazem ultimatos", acrescentando: "Este caminho não
leva a qualquer parte".
Azarov referia-se
aos incidentes ocorridos este domingo, quando grupos descontrolados trataram de
assaltar o complexo presidencial, enquanto outro grupo ocupava o edifício da
câmara da capital, enquanto decorria a maior manifestação dos últimos dias.
O governante pediu
a ajuda dos embaixadores para que os respetivos países influenciem os líderes
da oposição para que os manifestantes não utilizem a força.
O chefe do governo
ucraniano revelou ainda que o responsável da polícia de Kiev foi demitido pela
violenta ação de despejo dos manifestantes acampados na praça da Independência
na madrugada de sábado.
O Presidente da
Rússia, Vladimir Putin, defendeu hoje que as manifestações na Ucrânia não são
uma revolução, mas um massacre.
Putin acreditam que
as ações de protesto - motivadas, de acordo com a oposição, pela recusa do
Presidente ucraniano de assinar um Acordo de Associação com a União Europeia,
optando pela ajuda financeira oferecida por Moscovo -, "têm pouca a ver
com as relações entre a Ucrânia e a EU" e obedecem a interesses de quem "quer
agitar os processos políticos internos".
"Trata-se de
uma ação bem planeada de antemão", preparada com vista às eleições
presidenciais de 2015, defendeu o Presidente russo, que manifestou esperança
que a situação em Kiev se estabilize, afirmando que a Rússia "apoiará
qualquer eleição na Ucrânia, seja qual for".
O protesto de
domingo em Kiev contou com a participação de mais de 100 mil ucranianos,
naquele que foi considerado pela oposição como o maior protesto ocorrido no
país desde a Revolução Laranja de 2004.
Cerca de 100
polícias e 50 manifestantes ficaram feridos nos confrontos que se registaram
depois de a polícia ter procurado dispersar cerca de mil manifestantes no
sábado da Praça da Independência, causando mais de 30 feridos, o que levou à
demissão do chefe da polícia de Kiev.
Na noite de sábado,
uma ordem judicial proibiu manifestações na Praça da Independência e nas suas imediações
até 07 de janeiro.
Foto Vassily
Mxssimov - AFP
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