O líder da
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, disse hoje, em
entrevista telefónica à agência francesa AFP, que conta sair em breve do
esconderijo onde se encontra desde outubro.
Ao telefone, a
partir de localização desconhecida, Afonso Dhlakama disse que as conversações
iniciadas com o Governo, liderado pela Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo), estão a começar a dar frutos, podendo abrir caminho ao seu regresso
à vida pública.
"Se tudo
correr bem, pode acontecer já amanhã", realçou, otimista, o líder do
principal partido da oposição moçambicana. "Tudo depende das
negociações", resumiu.
Em anterior
entrevista telefónica à Lusa, em dezembro, Dhlakama já havia confirmado que a
Renamo tenciona concorrer às eleições gerais agendadas para outubro, que antes
tinha ameaçado boicotar.
Afonso Dhlakama
concorreu a todas as eleições presidenciais, sem nunca vencer nenhumas, desde a
assinatura do acordo de paz que, em 1992, pôs fim à guerra civil entre Frelimo
e Renamo, que durou 16 anos e causou cerca de um milhão de pessoas.
Simultaneamente, a
base eleitoral da Renamo decresceu de 47 por cento, em 1999, para 16 por cento,
em 2009.
No final de 2012,
Afonso Dhlakama e a Renamo regressaram aos tempos de guerrilha, reocupando a
base ocupada durante a guerra civil, combatendo tropas governamentais e
atacando infraestruturas públicas.
Em outubro, as
forças armadas moçambicanas atacaram a base de Sandjundjira e Dhlakama mudou-se
para parte incerta.
No final do mês
passado, as duas partes acordaram em iniciar negociações. O Governo moçambicano
já deu a entender que está disposto a ceder nalgumas das exigências da Renamo,
nomeadamente aumentando os membros da comissão eleitoral, de 13 para 17,
possibilitando assim que os partidos da oposição ocupem mais lugares.
Dhlakama tem
acusado a Frelimo de retirar os apoiantes da Renamo do poder e de usurpar a
riqueza mineral do país.
Porém, a violência
não cessou com o início das negociações e ambas as partes continuam a trocar
acusações sobre ataques na região central da Gorongosa.
À AFP, Dhlakama
confirmou os mais recentes confrontos, nesta semana, mas garantiu ter ordenado
um cessar-fogo e que a Renamo está a ripostar por autodefesa.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
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