Ao
menos três pessoas morreram em choques entre apoiadores e opositores ao governo
venezuelano. Presidente pede união do povo e das Forças Armadas do país
Caracas
– Em um segundo discurso realizado na noite desta quarta-feira (12), após as
mortes registradas em Caracas, o presidente Nicolás Maduro afirmou que há
"um golpe de Estado em desenvolvimento na Venezuela". O chefe de
Estado venezuelano pediu a união do povo e das Forças Armadas do país, além da
solidariedade dos países da América Latina e do Caribe. Pelo menos três pessoas
morreram na capital venezuelana, num dia em que manifestações contra e a favor
de Maduro levaram milhares de pessoas às ruas. Mais tarde, foi registrada a
morte de uma pessoa no município de Chacao. Relatos iniciais davam conta de ao
menos 32 feridos, alguns em estado grave.
O
presidente lamentou as mortes desta quarta e disse que a intenção de alguns
setores é derrubar o governo por meio da violência, da mesma forma do golpe
perpetrado contra o falecido presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. Para o
chefe do Executivo, havia um plano preparado por alguns setores para colocar “o
povo em guerra, um contra o outro”.
Maduro
informou que investigações já estão sendo feitas e que há provas sobre a
autoria dos ataques. Segundo ele, o governo já havia avisado, há algumas
semanas, sobre um plano para "desestabilizar as comemorações da Batalha da
Vitória", data importante na luta pela independência do país, que teve o
bicentenário celebrado nessa quarta-feira.
Fogo
cruzado
Maduro
pediu que os movimentos sociais não caiam em provocações, dizendo que os
autores intelectuais dos atos violentos já estão identificados, que os
assassinatos serão investigados e pediu que a população se una contra a
tentativa de golpe.
"Hoje
temos o coração ferido, porque por responsabilidade de um grupo de fascistas
correu sangue de homens, de jovens venezuelanos. Mas aqui estamos, chamo toda a
Venezuela a se unir para repudiar a violência, os fascistas, os que queiram nos
impor a intolerância e o ódio", disse.
O
presidente venezuelano mencionou um áudio difundido na noite da terça (11) em
um programa da emissora estatal VTV, cujas vozes são atribuídas ao
ex-embaixador na Colômbia e no Brasil, Fernando Gerbasi, e Iván Carratú Molina,
ex-chefe da Casa Militar de Carlos Andrés Pérez (que presidiu o país de 1974 a
1979 e de 1989 a 1993). O áudio deixa claro que setores da oposição previam
choques violentos no dia seguinte.
"Como
eles sabiam que ia ter mortos hoje na Venezuela?”, questionou o mandatário
sobre o áudio, no qual a voz atribuída ao ex-diplomata afirma que lhe informam
“que é algo muito similar ao 11 de abril [de 2002]”, quando um golpe tirou o
falecido Hugo Chávez do poder por cerca de 48 horas, após mortes em marchas.
“Me
deram a mesma recomendação que me deram na outra vez, não fique na primeira
fila, se mantenha pelos lados”, diz a voz, afirmando que a informação vem da
mesma fonte. Segundo o apresentador do programa, o áudio teria sido mandado por
pessoas ligadas ao setores opositores “que já estão cansados da incitação à
violência”.
Segundo Maduro, a Promotoria Geral da República emitiu uma ordem de captura contra Gerbasi e Molina. Gerbasi afirmou, por meio de seu perfil no Twitter, que o áudio é falso. "Estou bem. Essa conversa com Ivan Carratu é falsa, nunca falei com ele. Querem criar matriz de opinião".
Segundo Maduro, a Promotoria Geral da República emitiu uma ordem de captura contra Gerbasi e Molina. Gerbasi afirmou, por meio de seu perfil no Twitter, que o áudio é falso. "Estou bem. Essa conversa com Ivan Carratu é falsa, nunca falei com ele. Querem criar matriz de opinião".
Maduro
também comentou uma coletiva de imprensa de líderes opositores à parcela da
imprensa local contrária ao governo. "Um dos fascistas acaba de declarar
que vão pra rua e não vão sair até que derrubem o governo de Nicolás
Maduro", expressou, falando em "insolência". O presidente disse
que haverá justiça pelas três mortes registradas nesta quarta.
Em
meio à troca de acusações, os oposicionistas também reagiram e rejeitaram os
comentários feitos por Maduro quanto aos ataques ocorridos em meio aos
protestos. Em um comunicado, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), representação
que reúne os principais partidos de oposição no país, também rejeitou os
ataques e pediu esclarecimentos sobre os acontecimentos
Choque
As
manifestações ocorreram ao longo de todo o dia de ontem. O governo Maduro fez
uma série de atos cívicos e convocou partidários para celebrar o bicentenário
da Batalha da Vitória. Do mesmo modo, estudantes e opositores convocaram uma
marcha por liberdade de expressão, mudanças na economia e mais segurança.
“Vim
comemorar a história do país que me recebeu. A oposição está fazendo marchas e
distúrbios, mas não vão poder com a gente que queremos a paz, a convivência e
vamos apoiar nosso irmão Nicolás Maduro para seguir com nossa revolução”,
afirmou a colombiana nacionalizada venezuelana Yaneth Barraza, de 53 anos, que
disse ter podido concluir os estudos com os programas iniciados pelo chavismo.
Miguel
Rosal, venezuelano de 38 anos que estudou medicina integral comunitária devido
a um convênio entre o governo chavista e o cubano afirmou estar no ato
convocado pelo governo para “apoiar a juventude e reivindicar nossos valores”.
Quanto à marcha paralela que estava sendo realizada por opositores, afirmou:
“Sabemos que o que a oposição está tentando é buscar a forma de fazer a
juventude cair na violência, cair na agressividade. Mas temos que seguir
trabalhando na nossa união e eles não vão conseguir”.
O
protesto de Caracas, começou com tranquilidade, mas terminou em distúrbios
quando chegou à sede da Promotoria Geral da República. “Foi uma ação
premeditada”, afirmou a promotora geral da República, Luisa Ortega Díaz,
ressaltando que o Ministério Público atuará de acordo com a Constituição e as
leis do país e tem “muitos elementos”, como fotos e filmagens, para identificar
os responsáveis pela deflagração da violência.
Oposição
“Esperamos
ser escutados, já não temos medo, estamos cansados”, disse Steffy López, de 23
anos, que estuda inglês do Centro Venezuelano Americano, na concentração da
marcha opositora durante a manhã. Quando questionada sobre o objetivo da
marcha, afirmou: “O objetivo é tirá-los, derrubar por completo este governo que
não serviu para nada, só para desunir o país e isso não está certo”.
Um
jovem, com o rosto coberto e dizendo ser venezuelano filho de norte-americanos,
balançava uma bandeira amarela e preta que, explicou, simboliza capitalismo e
anarquia. “No capitalismo todo mundo que tem talento pode fazer, vender e
ganhar dinheiro, porque não tem um governo que controle o que se pode ou não
fazer, isso é liberdade”, expressou.
O
dirigente opositor Leopoldo López, foi um dos que escreveu em seu perfil no
Twitter que houve ações contra os manifestantes ao fim da jornada e “há
feridos”. Mais tarde, ele culpou diretamente Maduro pelos assassinatos. “Os
autores da violência, dos mortos, feridos, são aqueles que estão governando e
responsabilizamos Maduro”.
Em
coletiva de imprensa dada ao lado de outros líderes opositores, López disse:
“Poderão prender todos nós, mas essa onda está crescendo. Saiba, senhor Maduro,
seguirá crescendo até atingir seu objetivo”.
Maduro
convoca manifestação pela 'paz e contra o fascismo'
Presidente
da Venezuela disse que os atos de violência fazem parte do plano de um grupo
opositor que teria como fim a sua saída do poder
São
Paulo – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou hoje (14) uma
manifestação para este sábado "pela paz e contra o fascismo", depois
de as mobilizações feitas na quarta-feira (12) terem terminado em violência e
provocado três mortes em Caracas e outras cidades.
"Convocamos
uma grande marcha de todas as forças sociais e políticas da revolução bolivariana
pela paz e contra o fascismo. Eu também respondo à convocatória, no sábado.
Todo o povo de Caracas, vamos marchar contra o fascismo, contra a violência,
contra o golpismo", disse Maduro.
O
presidente falou durante reunião com o seu gabinete, que foi transmitida por
rádio e televisão. Maduro disse que os atos de violência da madrugada de ontem
(13) fazem parte do plano de um grupo opositor, a quem responsabilizou pelas
mortes e pelos mais de 60 feridos.
Ele
comparou o plano, que teria como fim a sua saída do poder, à onda de violência
na Ucrânia, que terminou com a demissão do governo liderado por Mikola Azárov,
o que o presidente venezuelano garantiu que não lhe acontecerá.
"Na
Ucrânia, ocorreram situações muito graves, a Venezuela não é a Ucrânia (...)
aqui estamos fazendo uma revolução, com todo o respeito que temos pelo povo e o
governo da Ucrânia", disse.
Pelo
menos três pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas nessa quinta-feira em
Caracas e outras cidades da Venezuela, durante um dia de manifestações
convocadas por grupos que fazem oposição ao governo de Nicolás Maduro.
Cerca
de 2 mil estudantes saíram na noite de ontem às ruas da capital venezuelana
para protestar contra o governo, um dia depois de três pessoas terem sido mortas
e dezenas feridas.
Agência
Brasil, em Rede Brasil Atual
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