CÚMPLICE É TÃO
ASSASSINO COMO O AUTOR
No inquérito que
foi feito, por pressão da sociedade civil e da oposição política, a mando do
Titular do poder executivo, a Procuradoria-Geral da República a propósito dos
assassinatos de Cassule e Kamulingue, esses encomendados, como é mais que
consabido, alegadamente, pelo ex-ministro do Interior, Sebastião Martins, acaba
de soltar, para espanto geral, um dos principais assassinos; Benilson Pereira
Bravo da Silva, tcp Tucayanu.
William Tonet e
Arlindo Santana – Folha 8, 1 março 2014
Hoje, F8 traz em
exclusivo mais uma, das muitas barbaridades e discriminações jurídicas,
cometidas pela má interpretação da norma, quando utilizada para proteger os
algozes do regime e penalizar os pobres, quanto aos agentes do crime,
capitulado no Código Penal, por parte do Ministério Público.
A “destempo” e sem
uma justificativa plausível, o órgão responsável pela instrução processual, o
DNIAP, decidiu, sabe-se lá, porque magia, soltar com muito interesse o
principal “actor” e agente fundamental da trama tecida para capturar os dois
malogrados soldados da UGP, um tal Benilson Pereira Bravo da Silva, tcp,
Tucayanu, agente duplo do SINSE e principal responsável pela morte de Kamulingue
e Cassule. Não fosse a sua acção de “bufo profissional” e assassino frio, como
alegam, muitos que com ele trabalham e ainda hoje estariam vivos os nossos ilustres
compatriotas, cujo delito foi o de pensarem diferente.
Tucayanu, para além
de ser qualificado como agente 5 estrelas, nos meios castrenses, quanto a
eliminação de cidadãos considerados opositores do regime é também visto, como
agente frio, calculista e “camaleão”, que, na maioria das vezes, convive com
as vítimas, conquistando a sua confiança, antes de as encaminhar para o campo
da cobarde morte, por assassinato.
De facto, Benilson
Pereira Bravo da Silva, tcp Tucayanu, informador dos Serviços de Inteligência,
SINSE, controlado e orientado, nos últimos anos, por Sebastião Martins, foi a
pessoa a quem o ex-patrão da secreta teria incumbido a tarefa de “atrair”
Kamulingue e Cassule para a rede da morte, uma missão cumprida com maestria.
Revisitemos os
factos e atentemos aos dados novos.
TOCAYANU, O
ASSASSINO E KAMULINGUE
A esse propósito,
nós escrevemos em exclusivo na edição do 23 de Novembro de 2013, e fomos os
únicos a ousar dizer a verdade, como foi organizada a trama que conduziu ao
assassinato desses dois agentes da UGP que tinham apenas tentado organizar uma
marcha de protesto contra as condições degradantes a que eram sujeitos no seio
da sua Unidade Militar, considerada pela maioria como de elite… no caso de
morte, também.
No dia 27 de Maio
de 2012, pelas 14h00, o agente secreto Tucayanu, do SINSE, liga para Alves
Kamulingue, propondo-lhe um encontro nas bombas de combustível da Sonangol
junto aos Bombeiros, por detrás do Hospital Militar para uma suposta
entrevista. Kamulingue aceita e aí chegado, surge uma viatura Chevrolet Spark,
com elementos no interior que o chamam e ele, ao aproximar-se, é empurrado
rapidamente para o interior da viatura, que arranca de imediato em alta
velocidade.
Entretanto, desde o
início da operação, Tocayanu ia fornecendo informações via rádio ao
ex-delegado provincial de Luanda do SINSE, Vieira Lopes, que no início se
encontrava na sua viatura, a subir o Largo das Ingombotas, na companhia do seu
adjunto Paulo Mota, tcp, “Pablito”. Eram eles que monitoravam tudo, já com a
viatura de marca Spark, preparada e estacionada inicialmente defronte ao
Colégio Elizângela, simulando ir buscar uma criança a escola.
Capturado
Kamulingue, a viatura seguiu em direcção ao Km 44, zona da Barra do Kwanza e,
pelo caminho, ligaram para o agente, Francisco Pimentel Tenda Daniel, tcp Kiko,
que deveria juntar-se a eles, o que ele fez no meio do percurso, já mata
adentro. Levaram-no para a zona do crime, onde viria a ser morto a tiro, na presença
de Paulo Mota Pablito.
Os raptores,
incluindo os elementos que se encontravam a bordo da Chevtolet, foram, António
Manuel Gamboa Vieira Lopes, delegado do SINSE em Luanda, Paulo Mota, delegado
adjunto do SINSE Luanda, Comissário Dias do Nascimento, 2.º comandante
provincial de Luanda, Manuel Miranda, chefe de Investigação Criminal da
Ingombota, Luís Miranda, chefe dos Serviços Sectores do Comando de Divisão da
Ingombota .
Ademais,
saliente-se que, na reconstituição do crime ou corpo de delito, os autores do
rapto e assassinato foram ao local da matança, para tentar encontrar o corpo ou
as ossadas de Kamulingue, conforme promessa das autoridades, para o entregar a
família, no sentido de realizar um funeral de acordo com as nossas tradições.
E o que aconteceu?
Estarrecedor. Demoníaco!
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