Acusações contra
nove indivíduos foram entregues ao tribunal em Janeiro
Voz da América
A
Procuradoria-Geral da República de Angola disse em Luanda que está concluído o
processo-crime contra nove presumíveis autores de rapto e homicídio de dois
activistas em Maio de 2012.
O anúncio foi feito poucos dias depois dos familiares dos activistas Alves
Kamulingue e Isaías Cassule se terem queixado mais uma vez de não estarem a ser
informados do andamento do processo.
Os familiares queixam-se ainda de não saberem se as autoridades já encontraram
os corpos dos activistvas
Num comunicado, lido no principal serviço de notícias da Televisão Pública de
Angola, esclarece-se que o processo-crime instruído pela Direção Nacional de
Investigação e Ação Penal (DNIAP), foi remetido ao Tribunal Provincial de
Luanda já no passado dia 31 de Janeiro.
Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados na via pública, em Luanda, nos
dias 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação de
veteranos e desmobilizados contra o Governo do Presidente José Eduardo dos
Santos.
Os dois, ex-militares raptados foram alegadamente assassinados por agentes da
Polícia Nacional e da Segurança do Estado.
Em Novembro as autoridades tinham anunciado quatro prisões e dois dias depois o
chefe do Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado (SINSE) de Angola,
Sebastião Martins, foi demitido do cargo pelo Presidente angolano, José Eduardo
dos Santos.
Os motivos da demissão não foram revelados, mas estarão relacionados com o
envolvimento de agentes do SINSE no homicídio dos dois ex-militares.
O caso da morte dos dois ex-militares esteve na base da subida da tensão
política verificada em novembro passado em Angola, com a realização, no dia 23
daquele mês, de manifestações em vários pontos do país, convocadas pelo
principal partido da oposição, União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA), consideradas previamente ilegais pelas autoridades.
O segundo maior partido da oposição, a coligação eleitoral Convergência Ampla
de Salvação de Angola (CASA-CE), associou-se à causa e, na sequência de uma
colagem de cartazes, também em várias províncias, um seu dirigente viria a ser
abatido, em Luanda, por efetivos da Guarda Presidencial, por alegada violação
do perímetro de segurança do Palácio Presidencial.
O funeral deste dirigente, no dia 27 de novembro, voltou a fazer subir a
temperatura política, com os participantes na cerimónia a quase confrontarem-se
com a polícia, por insistirem em acompanharem o caixão a pé, numa distância de
quatro quilómetros, dentro de Luanda.
No dia seguinte, foi a vez dos deputados das quatro forças políticas da
oposição abandonarem os trabalhos do parlamento, em virtude do partido no
poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ter inviabilizado a
realização de um debate sobre os acontecimentos.
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