Macau,
China, 30 ago (Lusa) - Entre 200
a 300 pessoas marcharam hoje nas ruas de Macau contra os
preços elevados da habitação, num protesto que acontece na véspera da reeleição
do chefe do Executivo.
A
adesão - 300 pessoas segundo a organização, 200 de acordo com a polícia - ficou
bastante abaixo da esperada pelos promotores da manifestação, que estimavam
perto de 2.000 participantes.
Numa
altura de elevada contestação política, Cloee Chao, uma das líderes do grupo
Proteção dos Residentes de Macau, justificou o número de participantes com o
facto de o evento ter sido apenas organizado através de uma rede social, não
chegando a tantas pessoas quanto possível, e também com a ausência de muitos
trabalhadores do jogo que cancelaram a sua participação à última hora.
Entre
os participantes estava Victor Amante, de 36 anos, que se juntou ao protesto
por defender que as pessoas devem conseguir ter a sua própria habitação.
"O Governo está a dar as terras aos grandes, como os casinos. Para nós,
gente comum de Macau, não é possível comprar. Seis milhões, cinco milhões,
assim nós não conseguimos", criticou.
Cinco
milhões a seis milhões de patacas representam valores que se aproximam dos 500
mil e dos 560 mil euros, respetivamente.
Aos
17 anos, Hera Cheong já está preocupada com a questão da habitação,
considerando que "não há sítio para viver". "Acho que, nesta
altura, devemos expressar os nossos desejos. Quero que o Governo oiça a minha
voz. As casas são muito, muito caras", disse à agência Lusa.
A
acompanhar o protesto esteve mais uma vez o deputado Ng Kuok Cheong, que
recordou que a população "está a pedir ao Governo que todos os aterros
sejam para [construir casas para] os residentes de Macau".
"Isto
é muito importante", explicou o deputado, salientando também que os 400
membros do colégio eleitoral que elege o chefe do Executivo, muitos deles
empresários, "vão sempre usar os seus interesses no sector imobiliário",
o que contribui para os preços elevados da habitação.
"Este
protesto é um aviso para Chui Sai On: por favor, deixe as pessoas de Macau
partilharem a habitação e os terrenos", apelou.
Ng
Kuok Cheong acredita que o tema vai continuar a servir de mote para mais
manifestações na cidade. "Os cidadãos estão muito preocupados",
sublinhou.
A
acompanhar a manifestação desta tarde em Macau - que terminou junto ao palácio
do Governo -, estiveram 40 agentes policiais, grande parte à paisana,
empunhando câmaras de filmar.
O
preço médio por metro quadrado das frações destinadas à habitação em Macau
atingiu 96.828 patacas (9.211 euros) em julho, mais 46,1% ou 30.584 patacas
(2.909 euros) do que em 2013.
ISG
(DM)// MAG - Lusa
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