domingo, 31 de agosto de 2014

O SILÊNCIO ATERRADOR EM VOLTA DA MORTE DE EDUARD SHEVARDNADZE




MOVIMENTO CPLP PELA CIDADANIA

COMUNICADO

De Eduard Shevardnadze ao Findar da Praça do Império

As Flores em Risco de Analfabetismo Patrimonial

O Movimento CPLP pela Cidadania entende como curioso o silêncio "aterrador" em volta da morte de um Cidadão que contribuiu activamente para o processo longo de Democratização do Mundo – Eduard Shevardnadze , cidadão da URSS, que desencadeou um processo pacífico de transformação do mundo político e, por tal, um Cidadão que compõe o nosso Património Histórico Mundial.

Não esqueçamos que o património histórico da Humanidade, material e imaterial, foi conseguido usualmente pela violência, e raras vezes de forma pacifica. Pelo que é nosso dever respeitar quem procurou privilegiar as relações pacíficas entre os Povos e os Cidadãos deste planeta.

Ter pelo menos esta noção significará fazer uma ruptura radical com os pressupostos que têm liderado as organizações, em particular os Estados,  que têm liderado o mundo ao longo dos séculos, centrados na Violência .

Contando com o acima,  com o que se vive em Luanda, Angola, com o que se vive em Cabo verde, Cidade Velha e com o que se está a esboçar em volta da Praça do Império, Lisboa, Portugal,  estamos a, sem titubiar, manifestar o nosso protesto, face a actos, deliberações, acções ponderadas ou não, que em tudo integram: 

a) uma política de defesa do património da humanidade;
b) têm a ver com o património comum da CPLP; 
c) têm a ver com as dinâmicas impostas por um  mercado capitalista neo-liberal que, decisivamente, pelas ações de grupos, lobbies ou sensibilidades políticas, sem qualquer dúvida:

1º  PRETENDEM IMPÔR A DESTRUIÇÃO em nome dos seus interesses particulares pejados de aparente ignorância histórica;

2º não têm em conta a necessidade de preservar, logo destrinçar com rigor, as memórias materiais e imateriais dos CIDADÃOS, através de uma ABORDAGEM de defesa do património humano que reconheça, entre males e virtudes, o Passado e que com ele conviva.

Tendo a ver com o PASSADO recente, a capital de Angola, São Paulo da Assumpção de Luanda, em poucos anos – particularmente entre parcerias angolano - portuguesas - foi "fabricada" uma Nova Cidade  que, embora nos apareça com  IMAGEM bem mais agradável ao  pé do mar, foi "internamente" assente em planos de arquitectura, muitos deles feitos em Lisboa, por desconhecedores totais de uma História de 4 séculos, logo sem ter em conta quaisquer contextos articulados, onde se impôs a LÓGICA DE MERCADO selvagem que, até ver , põe em risco os cuidados de  preservação patrimonial e monumental urbanos .

Na capital de Cabo Verde, a Cidade da Praia, segundo parece, está em perigo o ESTATUTO de PATRIMÓNIO HISTÓRICO  DA HUMANIDADE  em relação à CIDADE VELHA, por variados motivos, sejam eles culturais, económicos e/ou políticos;

Na capital de Portugal, Lisboa, aparecem notícias, onde se vislumbra o DESTRUIR o património acessório ao edificado na republicana e nacionalisticamente chamada Praça do Império, não como verdadeira representação de época histórica, mas como produto histórico efectivo a ser como tal respeitado e trabalhado cientificamente, e não de forma vazia de conteúdo e como FALHA DE MEMÓRIA do Império formal português que existiu e teve o apoio variadas "classes" eou grupos  dominantes dos espaços que o integraram .

Deste modo, por respeito ao processo histórico global  secular que tem a ver com TODOS os ESPAÇOS SOCIAIS da CPLP, com o processo histórico, em particular cultural e económico, de cada região desses espaços, jamais sendo adeptos da proibição da LIVRE POSIÇÃO de cada grupo, individuo, partido, ASSOCIAÇÃO ou Estado da CPLP, em relação a ASSUNTOS concretos ligados à organização,

OS MEMBROS Do Movimento CPLP PELA CIDADANIA VEM POR ESTE MEIO:

1º - repudiar a lógica da articulação do mercado "puro e duro" à ideologia mais atrasada da Humanidade – a do retorno não aos DIREITOS e OBRIGAÇÕES em nome da IGUALDADE  - LIBERDADE – FRATERNIDADE que defendemos como OBJECTIVO COMUM, mas aos tempos económicos e culturais do "somos todos filhos de Adão e Eva "; 

2º - repudiar o lote de elementos que, não por IGNORÂNCIA - que se compreende!- mas por acção política DESTRUIDORA, aparentemente parecem pretender querer PRESERVAR a memória colectiva e, eventualmente,  um património cultural, material e imaterial, que LEMBRA, AVISA, FAZ RECORDAR, a felizmente CADUCA época das comunidades primitivas, dos feudalismos e outros trubitarismos desses tempos – GLORIOSOS SOMENTE PARA TODAS AS CLASSES DOMINANTES - do capitalismo escravista. Como por exemplo, o património arquitectónico de Luanda, da Cidade da cidade da Praia ou a Praça do Império em Lisboa .

Lisboa , 29 de Agosto de 2014    

Monteiro Ferreira / Joffre Justino 

Nota: Eduard Shevardnadze foi o último ministro dos Negócios Estrangeiros da URSS e ex-Presidente da Geórgia. Morreu no passado 7 de julho aos 86 anos em Tbilissi. Dele se diz que teve um papel determinante no findar da Guerra Fria.  


Sem comentários:

Mais lidas da semana