MOVIMENTO
CPLP PELA CIDADANIA
COMUNICADO
De
Eduard Shevardnadze ao Findar da Praça do Império
As
Flores em Risco de Analfabetismo Patrimonial
O
Movimento CPLP pela Cidadania entende como curioso o silêncio "aterrador"
em volta da morte de um Cidadão que contribuiu activamente para o processo
longo de Democratização do Mundo – Eduard
Shevardnadze , cidadão da URSS, que desencadeou um processo pacífico de
transformação do mundo político e, por tal, um Cidadão que compõe o nosso
Património Histórico Mundial.
Não
esqueçamos que o património histórico da Humanidade, material e imaterial, foi
conseguido usualmente pela violência, e raras vezes de forma pacifica. Pelo que
é nosso dever respeitar quem procurou privilegiar as relações pacíficas entre
os Povos e os Cidadãos deste planeta.
Ter
pelo menos esta noção significará fazer uma ruptura radical com os pressupostos
que têm liderado as organizações, em particular os Estados, que têm
liderado o mundo ao longo dos séculos, centrados na Violência .
Contando
com o acima, com o que se vive em Luanda, Angola, com o que se vive em
Cabo verde, Cidade Velha e com o que se está a esboçar em volta da Praça do
Império, Lisboa, Portugal, estamos a, sem titubiar, manifestar o nosso
protesto, face a actos, deliberações, acções ponderadas ou não, que em tudo
integram:
a)
uma política de defesa do património da humanidade;
b)
têm a ver com o património comum da CPLP;
c)
têm a ver com as dinâmicas impostas por um mercado capitalista
neo-liberal que, decisivamente, pelas ações de grupos, lobbies ou
sensibilidades políticas, sem qualquer dúvida:
1º
PRETENDEM IMPÔR A DESTRUIÇÃO em nome dos seus interesses particulares pejados
de aparente ignorância histórica;
2º
não têm em conta a necessidade de preservar, logo destrinçar com rigor, as
memórias materiais e imateriais dos CIDADÃOS, através de uma ABORDAGEM de
defesa do património humano que reconheça, entre males e virtudes, o Passado e
que com ele conviva.
Tendo
a ver com o PASSADO recente, a capital de Angola, São Paulo da Assumpção de
Luanda, em poucos anos – particularmente entre parcerias angolano - portuguesas
- foi "fabricada" uma Nova Cidade que, embora nos apareça
com IMAGEM bem mais agradável ao pé do mar, foi
"internamente" assente em planos de arquitectura, muitos deles feitos
em Lisboa, por desconhecedores totais de uma História de 4 séculos, logo sem
ter em conta quaisquer contextos articulados, onde se impôs a LÓGICA DE MERCADO
selvagem que, até ver , põe em risco os cuidados de preservação
patrimonial e monumental urbanos .
Na
capital de Cabo Verde, a Cidade da Praia, segundo parece, está em perigo o
ESTATUTO de PATRIMÓNIO HISTÓRICO DA HUMANIDADE em relação à CIDADE
VELHA, por variados motivos, sejam eles culturais, económicos e/ou políticos;
Na
capital de Portugal, Lisboa, aparecem notícias, onde se vislumbra o DESTRUIR o
património acessório ao edificado na republicana e nacionalisticamente chamada
Praça do Império, não como verdadeira representação de época histórica, mas
como produto histórico efectivo a ser como tal respeitado e trabalhado
cientificamente, e não de forma vazia de conteúdo e como FALHA DE MEMÓRIA do
Império formal português que existiu e teve o apoio variadas
"classes" eou grupos dominantes dos espaços que o integraram .
Deste
modo, por respeito ao processo histórico global secular que tem a ver com
TODOS os ESPAÇOS SOCIAIS da CPLP, com o processo histórico, em particular
cultural e económico, de cada região desses espaços, jamais sendo adeptos da
proibição da LIVRE POSIÇÃO de cada grupo, individuo, partido, ASSOCIAÇÃO ou
Estado da CPLP, em relação a ASSUNTOS concretos ligados à organização,
OS MEMBROS Do Movimento CPLP PELA CIDADANIA VEM POR ESTE MEIO:
1º - repudiar a lógica da articulação do mercado "puro e duro" à
ideologia mais atrasada da Humanidade – a do retorno não aos DIREITOS e
OBRIGAÇÕES em nome da IGUALDADE - LIBERDADE – FRATERNIDADE que
defendemos como OBJECTIVO COMUM, mas aos tempos económicos e culturais do
"somos todos filhos de Adão e Eva ";
2º - repudiar o lote de elementos que, não por IGNORÂNCIA - que se compreende!-
mas por acção política DESTRUIDORA, aparentemente parecem pretender querer
PRESERVAR a memória colectiva e, eventualmente, um património cultural,
material e imaterial, que LEMBRA, AVISA, FAZ RECORDAR, a felizmente CADUCA
época das comunidades primitivas, dos feudalismos e outros trubitarismos desses
tempos – GLORIOSOS SOMENTE PARA TODAS AS CLASSES DOMINANTES - do capitalismo
escravista. Como por exemplo, o património arquitectónico de Luanda, da Cidade
da cidade da Praia ou a Praça do Império em Lisboa .
Lisboa
, 29 de Agosto de 2014
Monteiro
Ferreira / Joffre Justino
Nota: Eduard Shevardnadze foi o último ministro dos Negócios Estrangeiros da
URSS e ex-Presidente da Geórgia. Morreu no passado 7 de julho aos 86 anos em Tbilissi. Dele se
diz que teve um papel determinante no findar da Guerra Fria.
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