Macau,
China, 31 ago (Lusa) - Cerca de 95% dos 8.688 votantes do referendo civil, em
Macau, apoiam a introdução do sufrágio universal para a eleição do chefe do
Executivo, em 2019, apontam resultados do inquérito hoje realizado, promovido
por associações cívicas.
O
referendo não oficial, considerado ilegal pelas autoridades locais, começou no
passado dia 24 de agosto e terminou hoje às 12:00 (05:00 em Portugal Continental
e Madeira), conseguindo um total de 8.688 votos.
Destes,
8.259 - 95% - deram o "sim" ao sufrágio universal, 231 foram contra e
189 abstiveram-se.
O
inquérito contava ainda com uma segunda pergunta sobre a confiança da população
no candidato único nas eleições que hoje se realizaram - o chefe do Executivo
foi reeleito por um colégio de 400 membros.
Os
resultados a esta questão, porém, apenas serão divulgados na terça-feira, para
não colidir com a lei eleitoral, que não permite a divulgação de resultados de
sondagens sobre os candidatos até ao dia seguinte ao da eleição.
Os
dados pessoais dos votantes já foram destruídos. Na passada quinta-feira, os
promotores do referendo acusaram a polícia de ter tentado aceder à base de
dados, acesso que foi negado pelos organizadores.
"Espero
que o novo chefe do Executivo leve estas opiniões em consideração",
comentou o ativista Bill Chou.
Professor
de Ciência Política, o ativista considera que a ação da polícia - que suspendeu
a votação nas ruas e deteve um total de sete pessoas - acabou por motivar
alguns residentes a votar. No entanto, pode também ter servido para
"assustar" algumas pessoas, admite.
O
vice-presidente da Associação Novo Macau, Scott Chiang, justifica o referendo
civil como "uma forma de calibrar a opinião publica" e admite que há
outras estratégias possíveis. "Não há apenas uma forma de o fazer, há
outro tipo de discussões que podemos ter. É um instrumento que podemos
usar", diz.
Ausente
da conferência de imprensa em que foram apresentados os resultados esteve Jason
Chao, o rosto do referendo civil e presidente de duas das três associações
promotoras da iniciativa.
Desde
a passada quarta-feira que Chao, uma figura habitualmente muito ativa, está
incontactável e não comparece em eventos públicos.
Segundo
Bill Chou, o ativista "está a enfrentar muitos problemas, como assédio
verbal" por parte das autoridades. Por esse motivo ter-se-á
"escondido num lugar seguro" enquanto processava os dados. "Peço
à comunidade internacional que preste atenção a esta questão, porque a polícia
está a abusar do seu poder e a Administração está a interpretar erradamente a
lei, o que leva à violação de direitos civis", apela.
Tanto
o caso de Chao - suspeito de violar a Lei de Proteção dos Dados Pessoais e de
desobediência qualificada -, como os de Roy Choi e Leung Ka Wai, vice-diretor e
estagiário da revista satírica Macau Concelaers, respetivamente, estão agora
entregues ao Ministério Público para investigação. Os três estão sujeitos Termo
de Identidade e Residência.
O
grupo garante estar a receber aconselhamento jurídico. No entanto, Chao não
contratou ainda um advogado e Choi e Leung estão a ser acompanhados por
advogados oficiosos.
ISG
// MAG - Lusa
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