A
candidata presidencial apoiada pelo BE, Marisa Matias, garantiu hoje que sempre
abdicou "de uma parte muito substancial" do salário de eurodeputada
por recusar o enriquecimento às custas do exercício de cargos públicos, que
desempenha "em regime de exclusividade".
No
final de uma visita ao mercado da Torre da Marinha, concelho do Seixal, Marisa
Matias foi questionada sobre as declarações da opositora Maria de Belém, que no
fórum da TSF, se disse disponível para confrontar a folha de vencimento como
deputada, com a da eurodeputada, na sequência da polémica sobre as subvenções
vitalícias.
"Eu
estou perfeitamente à vontade para comparar a folha de salários, até porque
sempre exerci as minhas funções em regime de exclusividade e, portanto, isso
toda a gente poderá ver na minha folha de salários. E como toda a gente sabe,
aliás, nunca fiquei com o salário total de eurodeputadas, sempre abdiquei de
uma parte muito substancial", garantiu a candidata presidencial do BE.
Marisa
Matias explicou ainda que tomou sempre esta opção de abdicar de parte do
salário por não acreditar que se possa "enriquecer às custas do exercício
de cargos públicos", considerando que todos têm "direito a salário
digno", mas escusam "é de ter privilégios que os outros não têm.
"Aqui
é: 'olha para o eu digo', que é o que a Dra. Maria de Belém está a tentar
dizer. E o que eu digo é: 'olha para o que eu faço'", disse, usando um
conhecido ditado popular.
A
candidata apoiada pelo BE tem assumido um discurso muito crítico desde que na
segunda-feira foi conhecida a decisão do Tribunal Constitucional, tendo num
comício na quarta-feira à noite afirmado que o regime de subvenções vitalícias
"é um autêntico desfalque de dinheiros públicos, tornado legal pela falta
de escrúpulos de quem o aprovou e decidiu manter".
O
deputado do PS José Junqueiro criticou hoje estas declarações da candidata,
considerando que são um ataque à Constituição e ao Tribunal Constitucional,
chamando-o de 'euromilionária'.
Na
mesma participação do Fórum da TSF de hoje, Maria de Belém, uma das deputadas
que requereu a fiscalização ao Tribunal Constitucional disse que não tinha
"de pedir desculpa por ter este direito ou aquele", até porque não
foi ela que os atribuiu.
"Em
relação a essa matéria, a Dra. Maria de Belém está a desconversar. Eu não
desconverso porque eu estou muito à vontade nesta matéria", acusou Marisa
Matias.
Para
a eurodeputada do BE, "não é de um direito que estamos a falar, mas de um
privilégio absolutamente inaceitável".
"E
em segundo lugar, se assim fosse, porque não requereu a Dra. Maria de Belém a
fiscalização quando houve cortes de salários e de pensões dos outros em
2012?", questionou ainda.
As
subvenções vitalícias são uma pensão mensal, criada em 1985, destinada aos
antigos titulares de cargos políticos e criada como forma de compensar o
serviço à causa pública. Esse direito foi extinto em 2005, pelo Governo de José
Sócrates: a partir de então, só quem tenha mais de 55 anos e já tenha
completado 12 anos em funções políticas pode pedir para receber a subvenção.
Na
segunda-feira, o Tribunal Constitucional (TC) declarou a inconstitucionalidade
da norma que foi introduzida pela primeira vez no Orçamento do Estado para
2015, e que teve como consequência a suspensão do pagamento das subvenções
vitalícias a ex-titulares de cargos políticos cujo rendimento do agregado
familiar fosse superior a 2 mil euros.
JF
// JLG - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário