Presidente
moçambicano apela à preservação da paz por ocasião da Quaresma
O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, exortou hoje os moçambicanos a guiarem-se
pelos valores da paz e da reconciliação nacional, como forma de dignificarem o
espírito do período da Quaresma, que se iniciou na quarta-feira.
"Que
os valores fundamentais do cristianismo, como o amor ao próximo, o perdão, a
reconciliação e a paz transcendam o domínio religioso para se constituírem em
valores orientadores da sociedade moçambicana, porque comungados por todos nós,
independentemente das nossas diferenças religiosas e de outra índole",
disse Nyusi, numa mensagem enviada à comunicação social por ocasião da Quaresma.
Na
mensagem, o chefe de Estado assinalou que este período deve constituir para os
moçambicanos um momento de reflexão profunda sobre os valores e princípios do
cristianismo.
Filipe
Nyusi apelou ainda para que os propósitos que norteiam a celebração quaresmal
inspirem os moçambicanos na esperança e certeza da paz, afastando os fatores
que podem minar a convivência sã, harmoniosa e pacífica.
A
paz em Moçambique tem estado sob permanente ameaça nos últimos anos, devido a
clivagens entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no
poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da
oposição.
Entre
2013 e finais de 2016, o país foi assolado por ações de violência opondo as
Forças de Defesa e Segurança (FDS) e o braço armado da Renamo, mas desde
dezembro do ano passado vigora uma trégua declarada pelo Governo e pela
liderança do principal partido de oposição.
Na
quarta-feira, a Renamo afirmou que o seu braço armado garante a continuação da
trégua com as FDS, depois do próximo dia 05, data em que esgota o prazo da
cessação dos confrontos acordada em dezembro.
Na
terça-feira, o Presidente moçambicano convidou seis embaixadores acreditados em
Maputo e o representante da União Europeia em Moçambique para integrarem o
Grupo de Contato para o apoio ao diálogo para a paz.
Em
comunicado de imprensa enviado à Lusa, a Presidência da República refere que
Filipe Nyusi convidou os embaixadores do Reino Unido, Suíça, Irlanda, EUA,
China, Noruega e Botsuana e o chefe da Missão da União Europeia (UE) em
Moçambique para apoiarem nos esforços de estabelecimento de uma paz sustentável
em Moçambique.
No
final de janeiro, Filipe Nyusi anunciou o encerramento da fase que envolve a
mediação internacional nas negociações de paz, considerando que os mediadores
serão solicitados para as conversações entre o Governo e a Renamo caso se
considere necessário.
Os
trabalhos da comissão mista nas conversações do Governo e da Renamo, orientada
pela equipa de mediação internacional, foram suspensos em meados de dezembro
sem acordo sobre o pacote de descentralização e a cessação das hostilidades
militares, dois dos temas essenciais das negociações de paz.
Na
altura, o coordenador da equipa de mediação, Mario Raffaeli, indicado pela UE,
disse que os mediadores só regressarão a Maputo se forem convocados pelas
partes.
Apesar
da falta de um acordo entre as duas delegações, as partes chegaram a uma trégua
posteriormente, como resultado de conversas telefónicas entre o Presidente
moçambicano e o líder da Renamo.
Além
do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do
processo negocial integra a despartidarização das FDS e o desarmamento do braço
armado da oposição, bem como a sua reintegração na vida civil.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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