quarta-feira, 16 de agosto de 2023

MÃE, EM PORTUGAL HÁ NOVOS MAIS RICOS… HÁ CUSTA DE NOVOS MAIS POBRES

Número de milionários em Portugal sobe para mais de 167 mil

Relatório anual da Global Wealth Report mostra que riqueza de cada português adulto aumentou 3% em 2022, em contraciclo com a riqueza privada mundial, que encolheu 2,4%

Portugal ganhou mais quase nove mil milionários no ano passado. Segundo o relatório anual sobre riqueza mundial elaborado pelo UBS/Credit Suisse, o número de cidadãos no nosso país com mais de um milhão de dólares (916 mil euros ao câmbio atual) aumentou para mais de 167 mil em 2022, o que representa mais 8.500 milionários do que no ano anterior e um crescimento de 23% (31 mil pessoas) face a 2020, o ano marcado pela pandemia de covid-19.

Em comparação com outros países europeus, a realidade portuguesa fica muito aquém da espanhola ou neerlandesa onde há 1135 milhões de milionários, em França há 2821 milhões, mais do que 2586 milhões contabilizados em Inglaterra ou os 2527 milhões da Alemanha.

De acordo com este Global Wealth Report, quase cem pessoas (99) em Portugal tinham, no ano passado, fortunas acima dos 50 milhões de dólares e nove delas possuíam mesmo uma riqueza superior a 500 milhões de dólares.

De resto, em termos medianos, a riqueza de cada adulto português cresceu no ano passado quase 3% (2,89%), para 66.015 euros, em contraciclo com o total da riqueza privada a nível mundial, que diminuiu pela primeira vez desde a crise financeira de 2008: 2,4%, para 454,4 biliões de dólares (415,6 biliões de euros).

Segundo as explicações do relatório, essa queda deveu-se em grande parte à valorização do dólar americano frente a muitas outras moedas, enquanto a desvalorização de vários ativos financeiros também contribuiu. Pelo contrário, a resiliência do setor imobiliário, apesar da subida a inflação e das taxas de juro, contribuiu favoravelmente para os rendimentos em países com maior percentagem de proprietários, como acontece com Portugal.

Apesar disso, cerca de dois terços dos adultos portugueses tem um património inferior a 100 mil dólares (94 mil euros) e só cerca de 2% têm então um património superior a 1 milhão de dólares, o que é um valor inferior aos 2,8% da média europeia.

Quase 1,9 milhões de portugueses não têm sequer património superior a 10 mil dólares. O patamar de património avaliado entre os 10 mil e os 100 mil dólares é aquele em que se inserem mais pessoas em Portugal, com cerca de 3,5 milhões, segundo o relatório do UBS, enquanto quase 2,7 milhões têm entre 100 mil e 1 milhão de dólares.

Apesar do crescimento registado em 2022, Portugal representa uma fração ínfima da riqueza privada global: 0,3%.

Fator positivo na análise do UBS relativa ao panorama nacional é o facto de os portugueses estarem menos endividados: 19.500 euros por cada adulto em 2022, quase menos 7% do que acontecia dez anos antes. Também o rácio da dívida face à riqueza caiu para cerca de 29,6% no ano passado, quando em 2012 esse valor representava mais de 60% em média para cada português, como relembra o jornal Eco.

Um retrato que deixa os portugueses bem posicionados no continente europeu, já que a riqueza mediana de cada europeu adulto se fica pelos cerca de 27 mil euros (menos de metade dos valores portugueses), e o rácio da dívida face aos os rendimentos é bem mais elevado, situando-se em cerca de 87% no ano passado, segundo este Global Wealth Report.

Riqueza global tem primeira queda desde 2008

Pela primeira vez desde a grande crise financeira de 2008, a riqueza privada líquida mundial caiu em 2022, cerca de 2,4%, para 454,4 biliões de dólares (415,6 biliões de euros), assinala esta 14ª edição do relatório UBS/Credit Suisse.

A perda de riqueza global concentrou-se fortemente em regiões mais ricas, como a América do Norte e a Europa, que juntas perderam 10,9 biliões de dólares. A Ásia-Pacífico registou perdas 2,1 bilhões, enquanto a América Latina foi a exceção, com um aumento total de riqueza de 2,4 biliões.

No topo do ranking de perdas por países 2022 ficaram os Estados Unidos, seguidos por Japão, China, Canadá e Austrália, enquanto os maiores aumentos de riqueza foram registados na Rússia (apesar de uma economia em tempos de guerra), México, Índia e Brasil.

Em termos globais, diminuiu o número de milionários (menos 3,5 milhões, para 59,4 milhões), mas caiu também a desigualdade na distribuição de riqueza: ainda assim, os 1% de pessoas mais ricas do mundo detêm agora 44,5% do património global (em 2021 detinham 45%).

Aumento de 38% nos próximos cinco anos

Apesar deste travão em 2022, o relatório do UBS/Credit Suisse projeta otimismo para os próximos anos, estimando que a riqueza global aumente 38%, para 629 biliões de dólares, até 2027. O crescimento dos países de rendimento médio será o principal impulsionador das tendências globais, prevê o relatório, cujos autores estimam que a riqueza por adulto chegará a 110.270 dólares daqui a cinco anos, enquanto o número de milionários chegará a 86 milhões a nível global.

Rui Frias | Diário de Notícias

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