quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Portugal | ABRIU A CORRIDA A BELÉM (Marcelo não condecorou Zelensky)

Depois de uma série infindável e lamentável de selfies num país devastado pela guerra e onde o número de vítimas estará longe de se encontrar contabilizado, ficamos a saber que o presidente afinal não entregou o que disse ter entregado. Zelenski, como homem de Estado, considerou não ser a altura certa, estragando a festa a Marcelo.

Paula Ferreira* | Jornal de Notícias | opinião

As eleições presidenciais ainda estão longe, mas já há uma série de candidatos perfilados, pelo menos no espetro político situado mais à direita. Todos têm feito o seu caminho, seguindo o modelo Marcelo, construindo uma imagem nos canais televisivos, a melhor maneira, até agora, de chegar à opinião pública. Depois de Santana Lopes, foi a vez de Marques Mendes, no espaço da SIC Notícias, deixar em aberto a hipótese de se candidatar “se houver utilidade para o país”. De facto, só os mais distraídos podem ter sido surpreendidos. Paulo Portas e Durão Barroso serão, tudo indica, os senhores que se seguem. 

Nenhuma surpresa nos anúncios, nada de novo trazem os putativos candidatos à discussão política. Depois de Marcelo, que modelo de presidência teremos? Esperemos que a figura que venha a ser escolhida pelos portugueses recentre o papel da presidência, ocupe menos espaço mediático, seja mais comedido na intervenção pública, hierarquize com mais rigor os assuntos que justificam a intervenção a partir de Belém. 

Na sua desmedida sede de estar presente em todos os momentos da vida nacional, Marcelo Rebelo de Sousa acaba por desvalorizar o papel da presidência e, ao segundo mandato, parece não conseguir despir a pele de comentador, tendo criado uma nova forma de exercer o cargo.

O mais recente episódio em torno da entrega ou não da Ordem da Liberdade ao presidente ucraniano é só mais um episódio do ruído que nos chega de Belém. Depois de uma série infindável e lamentável de selfies num país devastado pela guerra e onde o número de vítimas estará longe de se encontrar contabilizado, ficamos a saber que o presidente afinal não entregou o que disse ter entregado. Zelenski, como homem de Estado, considerou não ser a altura certa, estragando a festa a Marcelo.

*Editora-executiva-adjunta

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