sábado, 2 de setembro de 2023

Portugal | “ENTENDAM-SE, PORRA!”

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Quanto mais se aproxima o novo ano letivo, maior a certeza de que o sobressalto para alunos e famílias será igual ao do velho. A discussão em torno do tempo de serviço “congelado” aos professores e as múltiplas greves que originou prolongam-se para os primeiros dias de setembro. Um dos principais sindicatos (pela mobilização de que mostrou ser capaz), não faz por menos: o S.TO.P. convocou cinco dias de greve aos primeiros dias de aulas (18 a 22 de setembro). É impossível dizer se está a dar um passo maior que a perna. Mas, venha ou não a ser uma greve bem-sucedida, só o anúncio já é uma brutalidade. Que mereceu aliás uma crítica feroz de Mário Nogueira, líder da rival Fenprof. Também o ministro da Educação carregou contra os sindicatos que, mais do que defender a escola pública, penalizam os alunos. É difícil dizer quem é o principal responsável pelo desastre que se anuncia. Mas é possível afirmar que os alunos e as suas famílias não aguentam mais um ano de guerrilha. Adaptando o que durante muitos anos se leu na adiada barragem do Alqueva, “Entendam-se, porra!”

Creche gratuita para todos. É o objetivo do programa “Creche Feliz”. No ano letivo passado, chegou a 58 mil crianças. No arranque deste, o objetivo é chegar a 70 mil. O problema é que o ano já começou e muitas famílias não garantiram um lugar, e muito menos gratuito (em particular no Porto e em Aveiro). O programa prevê que, na ausência de lugar na rede solidária (IPSS), os pais inscrevam as crianças em creches privadas, garantindo o Estado o pagamento. Sucede que a Segurança Social não deu resposta aos pedidos dos privados que querem e podem aderir. Como disse a Confederação das Associações de Pais, a legislação foi célere, mas foi só isso. Uma medida de enorme impacto social está a ser travava pela incompetência burocrática do Estado. Um filme que se repete demasiadas vezes.

*Diretor adjunto

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