sábado, 7 de outubro de 2023

Presidente da Associação de Ucranianos em Portugal: Um nazi “descontextualizado”?

"Presidente da Associação de Ucranianos em Portugal diz que fim da II Guerra Mundial foi uma tragédia" - Lido no Facebook

"Um Nazi assumido. Pavlo Sadokha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, assume que para ele e para a sua família o dia da vitória sobre a Alemanha Nazi de Hitler foi uma tragédia que ninguém quer lembrar. Somos pela paz, contra o negócio da Guerra e condenamos veemente a guerra na Ucrânia, mas dar palco a Nazis deveria envergonhar a nossa comunicação social. Para onde caminhamos?", indigna-se um utilizador no Facebook, numa publicação de 8 de maio.

O autor do post inclui ainda uma fotografia de Pavlo Sadokha, durante uma suposta entrevista à CNN Portugal transmitida no mesmo dia, e destaca uma frase: "Isto não foi festa, isto foi uma tragédia, ninguém quer lembrar este dia."

Afinal, o que disse presidente da Associação de Ucranianos em Portugal?

Pavlo Sadokha deu ontem, dia 8 de maio, uma entrevista à CNN Portugal a propósito do feriado "Dia da Vitória" que é celebrado esta segunda-feira na Rússia, e que assinala a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi e o fim da Segunda Guerra Mundial.

Logo no início da entrevista, com mais de oito minutos, o presidente da Associação de Ucranianos em Portugal é questionado sobre o que a celebração deste dia pode significar em relação à atual invasão da Ucrânia. "Isto mais uma vez mostra toda a brutalidade de [Vladimir] Putin e dos governantes da Rússia que para este dia queriam libertar Mariupol e matar mais ucranianos só para festejar lá em Mariupol este Dia da Vitória", começa por afirmar.

Depois, Pavlo Sadokha recorda como a sua família viveu a vitória dos Aliados sobre o regime da Alemanha nazi, no fim da Segunda Guerra Mundial, a 8 de maio de 1945 (9 de maio em Moscovo).

"Lembro que os meus pais, que nasceram antes da Segunda Guerra Mundial e assistiram ao período quando terminou a Segunda Guerra Mundial, lembraram que em Moscovo, onde a minha mãe nasceu, neste dia sempre se juntaram pessoas sem mãos, sem pernas, todos aqueles inválidos e deficientes depois da guerra. E isto não foi festa, isto foi uma tragédia para todos. Ninguém queria lembrar este dia", desabafa.

"Só passado 30 anos, é que os governadores da União Soviética começaram a festejar como isso uma vitória, para mostrar a sua força militar. Não para lembrar tragédia, mas para mostrar a sua força militar e que eles podem, mais uma vez, dar cabo de todo o mundo", explica Pavlo Sadokha.

Assim, a publicação apresenta a declaração do presidente da Associação de Ucranianos em Portugal de forma descontextualizada. Pavlo Sadokha nunca afirma que o fim da Segunda Guerra Mundial foi para si e para a sua família "uma tragédia" porque apoiavam Hitler e a Alemanha Nazi. Na verdade, sublinha que este não foi um dia de festa durante muitos anos porque muitos sofreram com a guerra, perderam amigos e família, e muitos dos que regressaram fizeram-no com sequelas físicas.

Cláudia Arsénio | Sapo (9 mai 2022) | Imagem: © CNN Portugal

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