quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Angola | El Niño a Múmia e o Mobutista -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mobutista que os EUA mandaram para Angola como capataz, Tulinabo Muhingi, já domina completamente os Media públicos e privados. Hoje a primeira página do Jornal de Angola avisa que ele vai acabar com a violência doméstica entre nós. O representante do país responsável por centenas de milhares de angolanos mortos desde a guerra colonial até 2002, é muito humanista. Até está preocupado com a violência dentro das nossas casas. Mas antes, o estado terrorista mais perigoso do mundo pagou para que milhões de angolanos ficassem sem casa, sem família, sem lavras, sem pernas, sem vida. Até quando vai continuar a insultar-nos?

O mobutista mede os angolanos pela sua bitola e por isso faz de nós burros. Na preparação da ida de João Lourenço à sala oval da Casa Branca pôs a circular esta pérola: “O Presidente de Angola vai encontrar-se com o seu homólogo norte-americano levando na bagagem um saldo comercial positivo de quase mil milhões de dólares e um investimento de outros mil milhões no Corredor do Lobito”. À pala do corredor vão roubar-nos escandalosamente até ao fim da concessão. E no fim ainda ficamos a dever mais do que “investiram”.

Vamos por partes. Os EUA enterraram na Ucrânia, até ao final de 2022, 72 mil milhões de dólares. Este ano vão queimar pelo menos 50 mil milhões. O que é isso comparado com o “investimento” de mil milhões no famigerado Corredor do Lobito? Trocos. Os quebra!

A parte mais insultuosa tem a ver com “o saldo comercial positivo de quase mil milhões de dólares”. O estado terrorista mais perigoso do mundo suga-nos o petróleo forte e feio. Exporta para Angola mobutistas e angolanos vendidos à CIA. Se o saldo comercial fosse negativo então ia tudo preso, desde o Palácio da Cidade Alta ao salão da cabeleireira que trança Dona Vera Daves. Substituir jornalistas por bagres fumados dá estas coisas. 

Em 2022, Angola exportou petróleo para os EUA no valor de 1,6 mil milhões de dólares. Atenção, este número é oficial. Mas neste momento há sérias dúvidas de que seja real. A turma do pai querido bandido fecha os olhos a carregamentos de “crude” cujos valores não entram nos cofres do Estado. Só nas contas dos bandoleiros. É fartar, vilanagem!

Biden está grato a Angola pelo seu papel no conflito na Ucrânia e na solução dos conflitos em África! Oz russos fugiram para a Sibéria e em África reina a paz desde o Leste da RDC ao Sudão. A TPA mostra-nos a sala oval onde o nossos deus vai ajoelhar ante a múmia apodrecida. O mobutista entra em cena filmado de um ângulo que parece refugiado de um campo de matraquilhos. Garante o mobutista ao canal público: “Os presidentes Biden e João Lourenço privilegiam a cooperação bilateral. Sobretudo o Corredor do Lobito. O aumento do comércio bilateral”. Vamos vender aos gringos mais saca-folha e pungo seco. 

No Huambo, “especialistas, economistas e sociedade civil” exigem mais cooperação com os EUA por causa do Corredor do Lobito. Um especialista, Mendes Teixeira, quer alargar os negócios de Angola às fronteiras do Congo, Zâmbia e Tanzânia. Se houver mais um reforço de investimento dos EUA a coisa ainda chega à fronteira do Tibete.

Atenção! O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) dos EUA em Angola foi de 255 milhões de dólares, em 2022. Mas em troca o estado terrorista mais perigoso do mundo já tem no saco a construção e gestão da refinaria do Soio, no valor de 3,5 mil milhões de dólares, oferecida por João Lourenço à Quanten LLC, um consórcio de empresas privadas norte-americanas. O estado terrorista mais perigoso do mundo também comeu a licença da empresa Africell. E ainda um projecto de energia solar da “Sun Africa”. Eles comem tudo e depois fazem um “investimento directo” de 225 milhões de dólares. Essas mixarias faziam ao matabicho os empresários angolanos que João Lourenço prendeu, escorraçou e espoliou. 

Leiam o que pensa o Departamento de Estado de nós: “ "O baixo nível de desenvolvimento em Angola está em contraciclo com o seu potencial de prosperidade económica, considerando o nível de riqueza dos recursos naturais do país; muito deste paradoxo é explicado pela disrupção social e pela destruição física causada por 27 anos de guerra civil”. A guerra que eles nos fizeram directamente ou por procuração foi uma “guerra civil”. Mas pelo menos estes reconhecem que partiram tudo entre 1975 e 2002. 

A minha perplexidade não tem limites. O fenómeno Super El Niño no Pacífico está em plena actividade. Quando tal acontece, Angola paga uma factura pesadíssima. Em 1963, as ruas da capital desapareceram com as enxurradas e centenas de pessoas morreram nos musseques porque as suas casas desabaram. Esta chuva que tudo inunda, causou até agora muita desgraça. Mas já se sabia que vinha ainda estávamos no Cacimbo, Pergunto: Por que razão não foram tomadas medidas preventivas? Já sei. Estavam todos a preparar a viagem da vassalagem de João Lourenço à sala oval da Casa Branca.

A senhora ministra Carmen Van-Dúnem sabe destas coisas como ninguém. A senhora Vice Presidente da República, Esperança da Costa, sabe disto como poucos. A senhor Ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, pode não saber grande coisa da matéria mas sabe seguramente que o El Niño é um fenómeno que nasce no Oceano Pacífico e invade furiosamente todos os oceanos, inclusive o Atlântico na região equatorial. O mundo sabe que 2023 é ano de Super El Niño. E as autoridades competentes ficaram à espera da desgraça. Que só agora começou!

Isto com os militares é mais fácil. Senhor General Laborinho, por favor tome medidas imediatas. O Super El Niño ainda vai fazer mais estragos, E se não podemos evitá-lo, podemos minimizar os estragos, se Bombeiros, Protecção Civil e Polícia Nacional estiveram mobilizados. A chuva vem do Planalto Central mas também chega do mar!  

O Ministério da Defesa e o chefe do Estado Maior-Geral das Forças Armadas Angolanas também podem dar um apoio inestimável. Os militares sabem melhor do que ninguém como se protegem vidas e se salva a Pátria. Acabem com a conversa oca e tonta. Protejam as populações dos efeitos devastadores do Super El Niño. O pior ainda está para vir. Nunca se esqueçam que a força deste fenómeno varreu dois terços da Ilha do Cabo. Até a Fortaleza de Nossa Senhora da Flor da Rosa desapareceu!

* Jornalista

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