quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Angola | Lourenço Gringo Sucede a Lourenço – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As mafias internacionais controladas pelos EUA e seus satélites europeus já traçaram o destino de Angola. Em 2027, João Lourenço rendido aos gringos vai ser o cabeça de lista do MPLA, as eleições finalmente vão ser fraudulentas, a Constituição da República é rasgada página a página e fica tudo nas mãos da Casa Branca os anos que for preciso. Isto é o que quer o “Ecominist Group”. E fez constar através do “Economist Intelligence Unit, uma coisa abjecta às ordens dos serviços secretos do Reino Unido. A realidade é muito diferente.

João Lourenço amanhã vai entregar-se à múmia apodrecida na Casa Branca. Depois das fotos e das declarações de circunstância (se existirem…) recolhe aos aposentos do pessoal menor e acaba a sua carreira política em 2027. Se fica no Mato Grosso ou em Miami, é lá com ele e sua excelsa esposa. Mas uma coisa é certa: O MPLA fica livre desse pesadelo.

As emissões da TPA vão mudar conforme os ventos que soprarem. O mobutista Mushingi tal como hoje abre os noticiários, amanhã vai para o lixo. A ou o novo líder do MPLA põe na ordem a criadagem que recebe por baixo da mesa e recebe ordens directas do Miala. O Estado ganha alguma dignidade e depois logo se vê. 

Circula um vídeo onde o filho do médico Américo Boavida diz que esta Angola não é aquela pela qual seu Pai e sua Mãe, Conceição Boavida, lutaram e deram a vida. Não posso estar mais de acordo. O Dr. Américo Boavida tombou em combate durante uma operação em que as tropas especiais portuguesas foram helitransportadas por sul-africanos e rodesianos, na altura aliados do colonialismo português, tal como a UNITA. Os Manos Boavida marcaram uma época na sociedade luandense. Nunca mais nada voltou a ser o que era.

O advogado Diógenes Boavida era um homem que privilegiava o diálogo, a concertação, as soluções pacíficas. Um diplomata nato. Nunca o vi sem o sorriso de bonomia que era a sua marca vital. Um dia perguntei-lhe se não tinha medo da PIDE e dos ocupantes. Ele riu-se e respondeu: “Eles é que têm medo de mim!” Verifiquei que era verdade.

Diógenes Boavida tinha tal superioridade moral que os colonialistas temiam-no mesmo. Quando tudo parecia perdido, em Junho de 1974, ele foi a Lisboa à frente daquela célebre delegação do Movimento Democrático de Angola. Quando regressou, o governador Silvino Silvério Marques fez as malas e foi recambiado para Portugal. 

Tudo o que de bom foi feito no período de transição até à Independência Nacional tem a sua marca. Depois foi o grande construtor do edifício da Justiça. Poucos fizeram tanto por Angola e o Povo Angolano como o advogado Diógenes Boavida. Se hoje fosse vivo já tinha convencido João Lourenço a andar com a coluna vertebral direita. Ia conseguir.

O médico Américo Boavida, irmão de Diógenes, era exactamente o inverso. Lutador e amante do confronto. Concluiu o curso de medicina em Portugal e se quisesse tinha o mundo a seus pés em Luanda, onde o Pai Boavida era um reputado enfermeiro e tinha posto médico próprio na Baixa de Luanda. Recusou. Juntou-se à guerrilha do MPLA e pertenceu à direcção do movimento. Foi um dos angolanos excepcionais que optou pela luta armada de libertação nacional. Morreu em combate no Leste, durante uma operação de tropas especiais na qual participaram meios aéreos da Rodésia (Zimbabwe) e África do Sul.

Se o médico Américo Boavida hoje fosse vivo entrava na reunião do comité central do MPLA, começava à chapada numa ponta e acabava na outra. E se os comandantes Bula, Dangereux, Nzagi, Eurico, Ndozi, Bolingô, Margoso, Foguetão e tantos outros fossem vivos? O Executivo estava todo no Bentiaba a cultivar as hortas ou trabalhando nas salinas. As ministras eram entregues à camarada Maria Mambo para reciclagem. As mulheres que se equivocam na política são sempre recuperáveis.

O congresso que vai eleger a nova liderança do MPLA acontece antes das eleições de 2027. E não vão ser as mafias internacionais e muito menos a múmia apodrecia da Casa Branca que vão ditar quem vai liderar o partido. Nas eleições de 2027 o Povo Angolano, sim, vai confiar de novo o governo ao MPLA porque infelizmente não há alternativa credível. Só uma loucura colectiva como a que varreu a Argentina pode colocar no poder gente sem qualquer capacidade política e muito menos credibilidade.

O estado terrorista mais perigoso do mundo e Israel compram “jornalistas” e comentadores à palavra. Quantas mais vezes disserem que o HAMAS é terrorista, mais recebem. Se disserem que os membros das Brigadas Al Qassam são terroristas o preço duplica. Os Media públicos angolanos foram excluídos desse negócio, porque sem esperar por ordens superiores, João Lourenço condenou Israel. Isso faz-se? Amanhã leva um puxão de orelhas na sala oval, mas nada de grave.

Agora os propagandistas de Washington e Telavive dizem que a limpeza étnica na Palestina, o Genocídio de Gaza, só estão a acontecer porque houve o 7 de Outubro. Dizem com ar grave: Tudo começou no dia 7 de Outubro com o ataque terrorista do HAMAS.

As mesmas aldrabices com que enchem a cabeça das pessoas no que diz respeito à guerra da Ucrânia. Começou tudo em Fevereiro de 2022. O qual não. Ainda agora o cartel da União Europeia comemorou o golpe de estado em Kiev que depôs o presidente eleito em 2014. Daí resultou a tomada de poder pelas nazis actuais. Depois começou a limpeza étnica no Leste da Ucrânia contra os russos. Foram nove anos de crimes de guerra! Em Fevereiro de 2022 começou a desnazificação e o desarmar do regime de Kiev.

O genocídio na Palestina nada tem a ver com o 7 de Outubro. Vem desde 1948. E agravou-se quando as tropas de Israel ocuparam a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, há a 56 anos. Não são 56 dias! Aí está a raiz do problema. Depois do 7 de Outubro começou um novo ciclo de violência criado pelo governo de extrema-direita instalado em Telavive. Todos os dias Jeová fala com os sionistas. Dá-lhes carta-branca para matar e ocupar. 

Em pleno conflito, os nazis de Telavive anunciaram que vão instalar mais colonatos na Cisjordânia. Isto só é possível porque o ocidente alargado quer. Apoia. Estimula. Se os EUA, a União Europeia e o Reino Unido impuserem a Israel as mesmas sanções que impuseram à Federação Russa, o Genocídio na Faixa de Gaza e na Cisjordânia não dura meia hora!

Ninguém sabe o que aconteceu no dia 7 de Outubro. Telavive diz que está a decorrer um inquérito “e no fim da guerra se saberá”. Tudo ao contrário. Porque já existem abundantes provas que apontam para as forças israelitas como autoras de quase todas as mortes naquele dia. Helicópteros Apache dispararam indiscriminadamente contra quem fugia do local onde decorria o festival de música.

Tanques dispararam seus canhões contra casas dos Kibutz onde estavam escondidos combatentes do HAMAS com reféns. E agora uma oficial da unidade de tanques da fronteira contou como dispararam contra casas onde estavam israelitas reféns e os seus captores. Foi a Directiva Aníbal a funcionar. As tropas de Israel matam israelitas em perigo de serem prisioneiros.

Ontem foi libertada uma menina israelita que vinha acompanhada do seu cachorro de companhia! Afinal os “terroristas” são humanos. Até deixaram uma refém levar para o cativeiro seu cãozinho de estimação!

Termino com duas perguntas: Se os combatentes do HAMAS raptaram idosas, uma delas em cadeira de rodas, ou crianças de tenra idade, iam matar israelitas para quê, se valiam muito mais vivos? 

As tropas de Israel dizem que controlam o Norte da Faixa de Gaza. Mas um grupo de reféns foi entregue nessa região e passou para Israel nessa fronteira. Controlam alguma coisa? A diferença entre estes nazis e os de Hitler está no Goebbels. Falta aos sionistas de Telavive um bom ministro da propaganda. Quanto às técnicas de extermínio de palestinos, ultrapassam largamente os assassinos do III Reich no extermínio de judeus.

* Jornalista

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