quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Genocídio Menos Intrusivo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O ministro da Defesa de Israel, coordenador do genocídio na Faixa de Gaza, fez um anúncio retumbante: O Hamas perdeu o controlo do território. E anunciou as perdas. Tropas de Israel entraram na sede do governo e no parlamento do território palestino. Afinal os “terroristas” têm ministros e deputados, tal qual os israelitas. De um lado, fundamentalistas islâmicos. Do outro, ultra extremistas judeus. A diferença está no número de exterminadores, ao serviço de cada lado. Israel tem forças armadas que até ameaçam com a bomba atómica. O outro tem um braço armado constituído por civis. De um lado armas sofisticadas, Do outro, bombas caseiras.

Hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o norte da Faixa de Gaza está sem hospitais e outras unidades sanitárias. Tudo fechado ou destruído. O Hospital Al Shifa é um cemitério. Médicos e outros técnicos recusam-se a abandonar as instalações antes da evacuação segura dos 600 doentes entre os quais dezenas de crianças prematuras, que correm perigo de vida já que falta a electricidade para manter ligadas as incubadoras que fazem de mamãs.

A organização Médicos Sem Fronteiras fez uma denúncia terrível. Os nazis de Israel puseram atiradores em frente à porta principal do Hospital Al Shifa. Quem tenta sair é mortalmente alvejado. Hoje foram enterrados 180 corpos numa vala comum. Estavam a apodrecer à porta do edifício. Joe Biden chamou os jornalistas e com um sorriso assassino disse: “Israel tem de usar métodos menos intrusivos!” Fica mais barato.

Um jornalista nunca está reformado nem retirado das notícias. Ao longo da minha vida profissional criei fontes puras de informação que muito me ajudaram a fazer um trabalho profissional sem mácula. Ainda ajudam. O 7 de Outubro em Israel registou acontecimentos tão raros, tão inexplicáveis, tão inverosímeis que recorri às minhas velhas fontes para tentar compreender o que aconteceu, por baixo da poeira que lançaram no ar. As informações que recolhi apontam para um quadro de extrema gravidade meticulosamente preparado pelos nazis de Telavive. E se as minhas fontes já não são o que eram? Esta dúvida levou-me ao silêncio.  

Ontem recebi um texto assinado por Scott Ritter, norte-americano, analista de relações internacionais, antigo oficial dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e ex-inspetor de armas da Comissão Especial das Nações Unidas. Ele confirmou todos os factos que me foram revelados pelas minhas fontes de total confiança. O título da peça tem um grão de ironia; “O Ataque Militar de Maior Sucesso Deste Século”. Refere-se à operação das Brigadas Al-Qassam no dia 7 de Outubro passado. 

Primeira confirmação do que já sabia pelas minhas fontes. Os guerrilheiros no dia 7 de Outubro atacaram unidades militares, policiais e “colonatos militarizados” que pouco tempo antes da operação tinham recebido um reforço de tropas regulares. Os alvos atacados fazem parte da do sistema de barreiras que transformaram a Faixa de Gaza uma imensa prisão. 

Segunda confirmação. O número de mortos civis na operação das Brigadas Al-Qassam está errado e aas baixas foram causadas por povo amigo! Telavive incluiu no dotal de mortes, mais de 200 guerrilheiros palestinos que participaram nas operações! Os 1.200 mortos civis israelitas afinal são na maioria militares, polícias e milícias armadas.

As atrocidades atribuídas aos guerrilheiros do HAMAS são falsas! Scott Ritter diz que não existiram violações em massa. Não foram decapitadas crianças. Não foram alvejados civis desarmados, pelos combatentes das Brigadas Al-Qassam. Escreve o autor norte-americano: “As informações israelitas sobre estes factos são comprovadamente falsas e enganosas”.

As minhas fontes tinham revelado que dos 1.200 mortos reconhecidos por Israel, metade eram militares e polícias que morreram em combate ou apanhados a dormir nas casernas. Mas também revelaram que das seis centenas de vítimas civis, muitos foram mortos pelas forças armadas de Israel! Scott Ritter confirma. Leiam o que escreve: “Helicópteros Apache israelitas atiraram indiscriminadamente contra civis que tentavam fugir do local onde decorria o Supernova Sukkot Guthering, realizado no deserto, perto do Kibutz Re’im. Os pilotos, incapazes de distinguir entre os civis e os combatentes do HAMAS, dispararam sobre quem fugia”.

O chamado “massacre de Re’ím” foi igualmente fogo amigo. Os tanques israelitas e as tropas especiais dispararam durante dois dias sobre os locais onde se escondiam os guerrilheiros com reféns! Scott Ritter confirma: “Os militares israelitas demoraram dois dias até libertarem Re’im. Face à resistência oferecida pelos guerrilheiros, os canhões dispararam contra habitações e prédios, derrubando-os sobre os seus ocupantes e muitas vezes incendiando-os. Os corpos das pessoas que estavam no interior foram consumidos pelo fogo”.

Scott Ritter divulgou vídeos onde aparecem os helicópteros Apache alvejando viaturas civis. E também a “força aérea” das Brigadas Al-Qassam avançando sobre Israel em parapente! 

Os bebés prematuros recém-nascidos no Hospital Al Shifa morrem porque as incubadoras estão desligadas. Falta de energia eléctrica. A maternidade foi bombardeada. O depósito de água destruído. O médico cirurgião Ahmed Mokhallalati garantiu ante as câmaras da Al Jazeera que não vão abandonar os nossos bebés. E que fazemos nós para salvá-los? Tenho uma sugestão. Vamos cortar a energia ao trio assassino Biden, Blinken e Austin. Aos genocidas Úrsula von der Leyen, Macron, Sunak e Scholtz. 

Pelas nossas crianças de Gaza, pelos nossos bebés, vamos adoptar acções intrusivas para acabar com os mandantes desses crimes contra a Humanidade. É a única forma de sairmos limpos deste genocídio. De fazermos prova de que somos humanos.

* Jornalista

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