segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Moçambique | A RENAMO "deve unir-se" para os próximos desafios eleitorais

Romeu daSilva (Maputo) | Deutsche Welle

Analista diz que a união na RENAMO está "beliscada" entre os cabeças da lista do maior partido da oposição moçambicana e lembra que durante os protestos contra os resultados só houve solidariedade entre Mondlane e Araújo.

Logo após a validação das eleições autárquicas de 11 de outubro na sexta-feira (24.11), pelo Conselho Constitucional , o chefe da lista da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Maputo, Venâncio Mondlane , num encontro com simpatizantes, disse sentir-se abandonado pelos seus colegas do partido.

“Porque há gente que esteve no partido durante uma campanha que tem responsabilidade neste partido, mas não está aqui com o povo e parece que já sabia do resultado”, afirmou.

A união na RENAMO está "beliscada" entre as cabeças da lista, considera o analista Wilker Dias, que lembra que aquando dos protestos contra os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) apenas houve solidariedade entre Venâncio Mondlane e Manuel de Araújo, edil eleito em Quelimane .

"Mas não verificamos praticamente o mesmo cenário com outros líderes, mesmo entre Maputo-Cidade e Matola, aquela coesão. Então, isto revela que a união é necessária dentro do próprio partido RENAMO para que as coisas ocorram", diz o analista.

"Fragmentação visível"

Wilker Dias considera que houve claros cenários de um trabalho descoordenado entre os chefes de lista da RENAMO em todas as autarquias onde concorria, o que revela dissensões.

“Há uma fragmentação visível, houve um apoio para transparecer o espírito de união partidária, mas também para reforçar qualquer intenção em ter o poder das principais autarquias do país, mas ficou visível que faltou um pouco de união dentro do partido RENAMO”, acrescenta.

Em relação ao acórdão do Conselho Constitucional que atribuiu votos à RENAMO nas autarquias em que acabou por ser proclamada vencedora, o analista afirma que a intenção era arrefecer os ânimos populares.

"Daí já se abre uma outra perspectiva de dizer que alguns partidos políticos de algumas autarquias foram entregues a oposição para convencer a vontade popular. Se não tivermos nenhuma explicação por parte deste órgão constitucional, vamos pensar nesta probabilidade de que houve uma mão para enganar um lado e preservar o outro", conclui o analista.

Manifestações vão continuar

No sábado (25.11), o presidente do maior partido da oposição, Ossufo Momade , reagiu pela primeira vez à validação das eleições e garantiu que as manifestações populares continuarão.

"Estamos a dar responsabilidade à própria população. Não foi a RENAMO que votou, a população é que votou na RENAMO e, então, essa população tem uma grande responsabilidade para que possa resolver o problema eleitoral, mas aquilo que vier a acontecer já não é a responsabilidade da RENAMO", declarou Momade.

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) foi proclamada vencedora em 56 das 65 autarquias e o Conselho Constitucional, última instância de recurso em processos eleitorais, mandou repetir o pleito em quatro municípios.

O secretário-geral da FRELIMO, Roque Silva, disse neste sábado (25.11) que a vitória nas eleições autárquicas de 11 de novembro traduz "a ascensão clara da base de popularidade" da organização E apelou à liberdade dos resultados do escrutínio.

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