sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Angola anuncia saída da OPEP devido a limites à produção

Deutsche Welle | Lusa

Angola anunciou hoje (21.12) a sua saída da Organização dos Países Produtores de Petróleo, após ter sido atribuída uma quota de produção de 1,110 milhões de barris por dia.

Angola anunciou a saída da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) . “E esta não é uma decisão irreflectida, intempestiva”, diz o Governo.

A informação foi avançada, esta quinta-feira (21.12), pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, à margem da 10.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros. A informação foi transmitida pelo governante à margem da décima reunião ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente angolano, João Lourenço, dando conta que esta foi uma decisão governamental. 

“Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair”, afirmou hoje Diamantino Pedro Azevedo, em declarações aos jornalistas, no Palácio Presidencial, em Luanda. 

Argumentou que esta foi uma decisão do Conselho de Ministros e que a mesma "não foi tomada de ânimo leve", considerando que não faz sentido estar organização numa cujos resultados não servem os interesses de Angola. 

“Esta não foi uma decisão tomada assim de ânimo leve, nós nos últimos seis anos temos sido bastante ativos na organização, e assim chegou o momento porque o nosso papel na organização não era relevante”, justificou. 

De acordo com Diamantino Pedro Azevedo, Angola é um país que quando tem assento numa organização internacional gosta de apresentar as suas contribuições "e dessa contribuição para resultados que servem" os seus interesses.

“Quando isto não acontece, resultou a ser redundante nessa organização e não faz sentido estarmos presentes, mas isto não retira o nosso respeito pela organização”, salientou.

Cota de produção

Isto acontece depois de a OPEP ter atribuído uma cota de produção ao País de 1.110 milhões de barris por dia , o que levou Angola a prometer bater com a porta e a ameaçar que vai ultrapassar esses máximos. Angola pede 1.180 milhões de barris/dia.

"Angola sempre cumpriu com as suas obrigações e comprometeu o tempo todo para ver a OPEP se modernizar, ajudando os seus membros a obter vantagens. Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair" afirmou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, na sala de imprensa do Palácio Presidencial.

O governador de Angola na OPEP disse que Luanda, no princípio deste mês de dezembro, que rejeitou a quota atribuída pelo cartel, que prevê uma redução, e vai manter a meta de 1.180 mil bairros por dia para 2024. 

Em declarações à Lusa, no final da 36.ª reunião ministerial desta organização de 23 países, em que foram deliberadas as quotas de produção para os seus membros a partir de 01 de janeiro de 2024, Estêvão Pedro disse que Angola não concordou com a decisão. 

“Nós já apresentamos os nossos dados, tendo em conta as capacidades do país, mas, entretanto, a decisão (da OPEP+) foi contra o montante que nós prevíamos”, sublinhou. 

A OPEP+ apresentou uma meta de 1.110 mil barris/dia, enquanto Angola quer produzir mais 70 mil barris/dia. 

Segundo o responsável, durante uma reunião, Angola reafirmou a sua posição, mas ao contrário da unanimidade que tem sido habitual, a OPEP decidiu uma quota na qual Angola não se revisou. 

Entrada na OPEP

O ministro recordou que Angola teve uma participação activa e contundente na OPEP, "inclusive fazendo propostas para que a organização pudesse até incluir no seu seio outras dimensões". 

"Entramos em 2006 voluntariamente e decidimos agora também voluntariamente. E esta não é uma decisão irreflectida, intempestiva", garantiu.

"E achamos que chegou o momento de nos concentrarmos mais nas nossas estratégias, objetivos e metas para o nosso setor de hidrocarbonetos e assim deixarmos a organização para que essa continue no seu percurso que tem sido importante na estabilidade dos preços no mercado internacional", acrescentou . 

A decisão já foi firmada em decreto presidencial.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo é um organismo internacional que administra os assuntos relacionados à política petrolífera mundial.

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